04/10/2009

Dia de vindima...dia de festa

Com quase quinze de atraso, o meu tio António, dos famosos "Santo Amaro", da freguesia de Reborêda- V.N. de Cerveira, vindimou quinta feira passada (feriado local), para aproveitar a mão-de-obra mais "em conta", a da família.

Este ano as condições climatéricas atrasaram as colheitas, valeram estes últimos dias de calor intenso e sem chuva para que a vindima de salvasse. Vai ser bom o vinho, a avaliar pela doçura das uvas.

Faltou muita gente à chamada, uns porque trabalham fora da Vila de Cerveira, outros porque estão a estudar fora, Porto e até Madrid, sobretudo os meus primos em segundo grau, mas com boa disposição toda a gente se diverte e tudo corre bem, porque nada como as vindimas, que são sempre vividas com muito trabalho mas também com sinais de festa e de confraternização.
Claro que o José e a Ná foram. Como podíamos nós faltar???
Às 8,30 da manhã já se vindimava e logo depois, por entre as videiras, já se ouviam várias vozes a tagarelar que depressa se transformavam numa espécie de cantigas.

O vasilhame já estava todo meticulosamente preparado: as dornas, a esmagadeira das uvas, a prensa, os canecos, os baldes e as tesouras, até a malga para ir provando o sumo da uva.
Começamos pelas uvas brancas como sempre, e passamos depois para o tinto.
Os homens carregam os cestos e tratam do resto, a tia Linda ia dando uma “carreiras” como ela diz, a casa para ver o forno (as preciosas bolas de sardinha, não se podiam queimar), enquanto eu ia intercalando para fazer a reportagem fotográfica, ora vejam…


Veja a reportagem completa aqui.
Fernanda Ferreira

8 comentários:

Luis disse...

Querida NÁ,
Já tinha ido às vindimas na Casa do Rau e deliciei-me com reportagem quer escrita quer fotográfica. Era como se lá estivessemos convosco! Que o resultado seja um bom vinho...é o meu sincero desejo, pois o vosso trabalho merece-o!
Um abraço a todos os trabalhadores.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querido amigo Luís,

É verdade que esteve já no Rau. Obrigada por ter participado da vindima, pelo menos visualmente.

A receita desta Bola de Sardinhas sai dentro de dias. O Sempre Jovens já tem uma com farinha milha, que eu gosto particularmente, mas a da tia Linda, que é Algarvia de Castro Marim, sim é verdade, uma Algarvia que veio casar com um Minhoto, é feita de farinha de trigo. Estas, porque eram várias, estavam deliciosas.

Beijnhos

Unknown disse...

É sempre uma alegria quando as vindimas são feitas entre familiares e amigos. O tempo acaba por passar sem se dar conta e até se esquece o cansaço.

Muito bonitas as tuas fotos Ná!

Beijinhos,
Ana Martins

A. João Soares disse...

Amiga Ná,

Boa descrição da «festa» e fotografias sugestivas, que fazem ter pena de não ter colaborado|
E haja saúde para no próximo ano repetirem a libertação do enforcado e, depois, venham mais anos com saúde.
Saudades das vindimas? De certo modo, sim. A última aconteceu, salvo erro há 54 anos!!! Por mais contas que faça e que puxe pela memória só resta a conclusão de que já passaram muitos amos!!!
O certo é que quem nasceu na cidade e nela sempre viveu não faz ideia completa do que era uma vindima, ou a malha, ou a ceifa ou a sementeira. Hoje a vida no campo também já não é como era, embora a vindima seja igual em muitos aspectos.

Beijos
João

Maria Letr@ disse...

Cara Ná,
Este foi, para mim, UM dos seus melhores textos, com cuja leitura me deliciei, por ter trazido à minha memória gratas recordações da minha infância e não só. Tínhamos uma casa em Paço de Sousa e, lá por finais do mês de Setembro, começávamos a ouvir, ao longe, magníficas vozes cantando, em uníssono, canções populares. Era tempo de vindimas.
No nosso terreno, havia plantações de uvas americanas, brancas e pretas, que nos davam vinho verde para todo o ano. Eu não gostava, mas era muito apreciado por familiares e amigos que vinham passar connosco o fim-de-semana.
É sempre um prazer para mim, como muito bem sabe porque o afirmei já, ler estes seus deliciosos textos.
Parabéns.
Maria Letra

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida Ana,

É verdade sim, é um cansaço saudável facilmente compensado pela alegria e pelo convívio.

No ano passado não nos foi possível ir porque estávamos para a Algarve, a vindima também foi bem mais cedo, e eu senti uma enorme pena, acredita.

Beijos,

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querido amigo João,

Percebo que o meu texto e as fotos serviram pelo menos para relembrar, matar saudades.
Fico feliz.

Quando fiz este post tinha em mente o meu filho, sempre ele em primeiro lugar que me perdoem os meus amigos e leitores.
No entanto concordo consigo plenamente...é preciso mostrar um pouco do que ainda se faz no campo, qualquer dia tudo acabará.
As novas gerações já não querem saber do campo, da canseira que dá e do que depois não tem escoamento.
Tenho primos na família, que vendem as uvas na vinha para as Cooperativas, e muitas vezes aos Galegos (que pagam melhor).
Pena, não é?

Há por aqui uma filosofia de vida que vai alterando o valor do que se produz, do valor da terra, a qual oiço desde que aqui cheguei para viver "estuda para não teres que sujar as mãos na terra", como se fosse uma desgraça, sujar as mãos em negócios ilícitos é que é sujeira, e isso também se faz por aqui, como por todo o lado, é o pão noso de cada dia.

Vamos ver, se não teremos que voltar a cultivar cada pedacinho de terra para nosso sustento, mais brevemente do que se imagina.

Beijinhos

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Bom dia Mizita,

Obrigada por ter gostado do meu texto, o qual também que trouxe à memória os bons velhos tempo da sua infância. Fico muito feliz por isso.

É verdade que seja em que colheita for, e agora vem já aí a do milho, sobretudo as mulheres cantam (as minhotas em falsetes agudos que chegam a ferir os ouvidos) canções em uníssono ou à desgarrada.
Pelo que aprendi há muitos anos, quando algumas mulheres se juntam para trabalhos no campo, longos e demorados, como colher as batatas, desfolhar o milho, etc, elas cantavam (mais no passado), em altos gritos, para se fazerem ouvir e assim serem ajudadas por todas as que acorriam imediatamente.

Havia uma grande união e muita alegria. Anedotas picantes pelo meio que me faziam corar sobretudo as meninas da cidade que só vinham passar as férias grandes.

Belos tempos.

Beijihos