31/05/2010

A obra mais bela


Na oficina do escultor, havia grande animação. Chegara uma pedra de cantaria, que foi colocada no meio da sala por oito homens possantes. Oito homens, imagine-se! Pesado serviço aquele.
O escultor pagou-lhes e mandou-os embora. Depois olhou para o bloco, acariciou a pedra, deu uma volta por ali e saiu atrás dos carregadores.
A sala ficou vazia de gente, mas continuou cheia de estátuas. Seriam talvez umas dez estátuas dispostas junto às paredes. Algumas já acabadas, prontas para partir, outras à espera que a mão do escultor as desse por terminadas. Após a saída das pessoas, cabia-lhes agora a vez de falarem.
Afinal as estátuas falam?
Sim, nas histórias, têm autorização para falar. Vão ouvi-las.
A que estava mais afastada do bloco de pedra perguntou às colegas:
- Que avantesma é aquela?
Houve risinhos entre as estátuas
Então, a que representava a Vaidade declarou:
- Companheiros destes não fazem cá falta, só ocupam espaço e tiram a luz a quem, como eu, precisa de ser destacada.
Era realmente muito vaidosa a estátua da Vaidade.
- A mim é que ela tira a luz - rectificou a estátua que representava um monge sentado a ler um livro.
- Estou aqui, há imenso tempo, a ler este alfarrábio e não consigo passar da mesma página.
A estátua do Arlequim também se queixou:
- Aqui abafa-se. Apetecia-me pular e correr, mas esta pedra atravanca tudo.
A estátua do Atlas, o gigante que suportava o mundo sobre os ombros, acudiu:
- Se queres fazer alguma coisa de jeito, segura por um bocadinho na minha carga, porque quase tenho os braços dormentes. De caminho, aproveito e arrasto para outro lado essa maldita pedra, que já me está a causar engulhos.

Mas o Arlequim fez-se desentendido. Não estava para trabalhos.
A estátua inacabada de um rei qualquer ainda murmurou:
- Ordeno que... - mas, como estava muito incompleta, não conseguiu acabar a frase.
Na manhã seguinte, o escultor começou a trabalhar o bloco de pedra. Desbastou-o muito.

O penedo foi ganhando forma.
As estátuas em roda olhavam para aquilo em silêncio, desconfiadas. Mal ele abalou, a estátua lá do fundo inquiriu:
- Que irá dali sair?
Respondeu o Arlequim:
- Um elefante, pois. Que outra coisa esperam?
Aquilo, de facto, intrigava.

O escultor trabalhou dias a fio e, do coração da pedra, muito lentamente, uma figura começou a erguer-se. Adivinhavam-se os ombros, a cabeça, os joelhos. Parecia uma figura sentada, coberta com um lençol amarrotado.
Durante a noite, as outras estátuas não se calavam.
- Tem um ombro mais alto que o outro - observava uma.

- E uma cabeça monstruosa - acrescentava outra.
Mas a cabeça monstruosa, pela arte do escultor, foi-se transformando numa delicada cabeça de mulher. Estava sentada a estátua. Tinha as mãos no colo, como se guardasse algo, que ainda não conseguia distinguir-se bem.

- Naturalmente está a ler um livro - alvitrava o monge.
Afinal não era um livro o que ela olhava. Era uma criança. O escultor passara o dia a apurar as feições do bebé. No fim, antes de sair, alargou o sorriso da mãe e foi-se embora.
As outras estátuas, muito despeitadas, continuaram na má-língua.


-Que tempo mal-empregado - dizia a estátua da Vaidade.
-Não trocava a minha carga pela daquela mulher - declarava o gigante Atlas.
- Que boneco tão patareco - gargalhava o Arlequim.

Mas uma voz clara e nova naquela sala sobressaiu da restolhada venenosa das outras estátuas, para pronunciar estas palavras:
- Deixem-se de falas! O menino está a dormir.
Inspirava respeito aquela voz. As estátuas calaram-se.

Nos dias que se seguiram, o escultor demorou-se, pela noite adiante, a completar a estátua da mãe e do menino. Era a sua mais bela obra.

A obra mais bela
António Torrado
escreveu.


Espero que gostem tanto deste conto como eu....
Adorava receber as vossas opiniões.
Fernanda (Ná)

30/05/2010

ELEFANTES NUM JARDIM DE LONDRES...










Estas imagens foram recolhidas por uma grande amiga, ligada ao meio artistico, que vive me Londres e que achou por bem enviá-las para a nossa apreciação.
Já conhecia a exposição das vacas que ocorrreu por todo o mundo inclusivé em Portugal, talvez em breve os vejamos também por cá a passear...
A senhora inglesa que está nesse jardim, fleumáticamente, lê o seu jornal, não prestando qualquer atenção aos elefantes que a rodeavam...

Festival de Papagaios em Moledo - Minho











Pode dizer-se que foi uma tarde de nariz no ar.

Sol, música, cores e papagaios.

Moledo recebe nos dias 29 e 30 o VI festival internacional de papagaios.

Gente crescida que manobra habilidosamente em sincronia com a música os famosos papagaios.


Uma tarde bem passada, amanhã haverá mais.



J.Ferreira

28/05/2010

Temas para reflexão

Imagem da Net

Sentir o nosso coração ao mesmo tempo que o de alguém a quem damos um abraço é algo de maravilhoso.
Um abraço ajuda-nos a sentir as muitas dimensões do amor: a facilidade para receber e dar, a sensibilidade para o sofrimento, a disponibilidade para a alegria de se divertir e a profundidade da ternura.
Sintam-se abraçados e tenham um bom fim de semana.
Deixo-vos em boa companhia, com dois pequeninos textos para reflexão.

"Exercitai a vossa faculdade de observação. Quando saís de um lugar, deveríeis ser capazes de o descrever, não necessariamente porque ele tem interesse, mas porque é importante exercitardes-vos a observar.
Há imensas pessoas que não vêem nada, não reparam em nada.
Alguns homens não sabem qual é a cor dos olhos da sua mulher.
Beijaram-na milhares de vezes, mas não repararam na cor dos seus olhos! Sim, há energúmenos assim, homens mas também mulheres, é claro. Passam ao lado das coisas e das pessoas e não as vêem, chocam com elas física e psiquicamente. E quando têm de atravessar uma rua, será que olham? Não, nem sequer isso, e atravessam a existência com a mesma desatenção.
Nada é mais importante do que saber olhar, as pessoas, os objectos ou uma situação. Aprender a ver é um dos segredos do êxito."

Omraam Mikhaël Aïvanhov




"Não guardeis só para vós todos esses momentos de paz, de alegria, de encanto, que a vida espiritual vos traz. Dedicai pelo menos alguns minutos a enviar pelo pensamento algo desses estados privilegiados. Pensai em todos os seres do mundo que vivem angustiados, desesperados, concentrai-vos neles e dizei: «Queridos irmãos e irmãs do mundo inteiro, o que eu possuo é tão belo, tão luminoso, que eu quero partilhá-lo convosco. Tomai desta beleza, tomai desta luz!»
Uma vez que sabeis que os vossos estados interiores produzem ondas e se propagam, não guardeis a vossa felicidade para vós, partilhai-a; desse modo, não só fareis bem aos outros, como amplificareis esses estados em vós. Sim, é um fenómeno mágico: para preservardes a vossa alegria, deveis saber partilhá-la."

Omraam Mikhaël Aïvanhov

O Espelho

Conto do dia!

Quantos de nós nos vemos uns "monstrinhos" reflectidos no espelho, mas afinal somos todos iguais, só precisamos que alguém nos ajude a melhorar a nossa auto-estima.

Humberto fecha as portas de casa com estrondo e atira a pasta para um canto.
– Outra vez um 1 a matemática!
– Ah, que figura horrorosa! – grita Humberto para a imagem que vê no espelho.
A imagem à sua frente não parece estar com medo e devolve-lhe o olhar, furiosa. Até levanta a mão e aponta para Humberto.
– Tu é que és ridículo!
– Eu? – gagueja Humberto.
– Olha só os teus pés, que tropeçam em tudo!
Ou as tuas mãos desajeitadas, que partem tudo!
Ou a tua boca, que gagueja de cada vez que lês!
Ou o teu pescoço, que nunca está limpo!
Ou os teus olhos, que durante as aulas estão sempre a olhar lá para fora!
Ou a tua cabeça, que nunca se lembra de todos os trabalhos de casa que trazes para fazer e se engana sempre nas contas de matemática.
– “Sempre… Nunca… Mal…” Passo o dia todo a ouvir isto! Não preciso que mo andes sempre a repetir! – Helmut está furioso. Ninguém gosta que uma imagem o acuse desta forma! Prepara a mão para infligir uma bofetada bem forte a si próprio… mas alguma coisa se mexe atrás dele…

Uma segunda imagem aparece no espelho por detrás da sua. É a da irmã, Eva, que se põe em frente dele e lhe diz:
– Eu sei que os teus pés correm tanto, que conseguem afastar quem me quer insultar.
Eu sei que as tuas mãos fazem aviões de papel que voam como nenhuns outros.
Eu sei que a tua boca consegue contar histórias que, embora não sendo verdadeiras, são muito cativantes.
Eu sei que os teus olhos conseguem ver lagartas e borboletas maravilhosas que eu nunca veria.
E eu sei que a tua cabeça está cheia de ideias que não queres contar a mais ninguém.
Humberto espanta-se.

– E és tu que dizes isso? Tu, que te queixas cem vezes ao dia que tens um irmão tão palerma?
– Sim – responde Eva. – Dizemos sempre mal daqueles que não compreendemos. – Eva aponta com o dedo para a imagem atrás das costas. – Mas nem vale a pena tentar explicar- -lhe isso, porque ela não entende essas coisas.


Wolfgang Wagerer
Jutta Modler (org.)
Brücken Bauen
Wien, Herder, 1987

Fernanda (Ná)

27/05/2010

Eugenio de Andrade


Fragmento do Homem

"Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros. Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras.
E poderia ser de outro modo? Num tempo em que todo o pensamento dogmático é mais do que suspeito, em que todas as morais se esbarrondam por alheias à «sabedoria» do corpo, em que o privilégio de uns poucos é utilizado implacavelmente para transformar o indivíduo em «cadáver adiado que procria», como poderia a arte deixar de reflectir uma tal situação, se cada palavra, cada ritmo, cada cor, onde espírito e sangue ardem no mesmo fogo, estão arraigados no próprio cerne da vida? Desamparado até à medula, afogado nas águas difíceis da sua contradição, morrendo à míngua de autenticidade - eis o homem! Eis a triste, mutilada face humana, mais nostálgica de qualquer doutrina teológica que preocupada com uma problemática moral, que não sabe como fundar e instituir, pois nenhuma fará autoridade se não tiver em conta a totalidade do ser; nenhuma, em que espírito e vida sejam concebidos como irreconciliáveis; nenhuma, enquanto reduzir o homem a um fragmento do homem. Nós aprendemos com Pascal que o erro vem da exclusão."
·Eugénio de Andrade, in 'Os Afluentes do Silêncio'

26/05/2010

Figura de urso


Queridos amigos e leitores assíduos,
Esta é mesmo a história do dia. Recebida na hora certa e com o teor que eu própria teria escolhido se tivesse tido tempo e arte para escrever tão bem.
Leiam bem e tirem as ilações que quiserem, eu tirei as minhas... garanto-vos!!!

O urso Gingão gostava de dar nas vistas. Mas, por mais que se esforçasse, não conseguia chamar a atenção dos outros bichos. O que é que adiantava aos afazeres de cada qual um urso com um enorme laçarote à volta do pescoço? Nem lhe ligavam.
E o urso Gingão lá ia tirar o laçarote. No dia seguinte, aparecia a fazer o pino. Atravessava a floresta, de cabeça para baixo, ouvido atento a qualquer comentário. Nenhum! Os bichos tinham mais que fazer.
Então, o urso Gingão pegava num violino e ia tocar para uma clareira. Tocava, tocava (pouco bem, aliás!), mas espectadores nem um.
De aí a dias, montado numa bicicleta, pedalava com ganas de corredor:
- Cá vou eu! Cá vou eu!
Fugiam os lagartos, com medo de ficarem sem rabo. Fugiam as doninhas, os coelhos, os texugos, as lebres, as perdizes... Fugiam todos.
E ele que gostava tanto de dar nas vistas! Desanimado, foi procurar outras paragens. Por atalhos e desvios, chegou diante de um palácio. Porque não tentar ali mesmo a sua sorte? Sem cerimónia, como se estivesse na floresta, entrou no palacete iluminado.
Era um baile de máscaras. O urso fez sensação. Tocou violino. Muitas palmas. Fez o pino. Mais palmas. Deu cambalhotas e perdeu o tino. Mais e mais palmas. No mais animado da festa, a dona da casa anunciou:
- Meus queridos convidados, chegou o momento de tirarem as máscaras. Quero ver os vossos rostos amigos.
Os piratas desfizeram-se das palas, as bruxas dos narizes, os sultões dos bigodes. Só o urso ficou, no meio da sala, um pouco comprometido.
- Quer que eu puxe o fecho de correr? - perguntou uma senhora, muito amável.
Muitas outras mãos acorreram. E procuravam, fazendo cócegas, os botões, o fecho, os colchetes...
- Mas é um urso de verdade! - exclamou, aterrorizado, um senhor vestido de general.
As luzes quase desfaleceram de susto. Tudo fugiu, numa grande gritaria.
Só ficou na sala o urso. Afinal, tinham-no tomado por aquilo que ele não era.
Cabisbaixo, voltou à floresta, saboreando pensamentos novos.
Parece que o urso Gingão ainda toca violino, mas porque gosta. Já não quer dar nas vistas. Perdeu a presunção num baile de máscaras.

Por António Torrado | Cristina Malaquias, 26 de Maio de 2009


Na casa do Rau

25/05/2010

CLAUSURA

imagem do Google casadebbby.blogger.com.br


Enclausurado nesta cela
Onde o Sol com acuidade
Dá-me a luz que da janela
Em mim inventa a liberdade.
Escapam-se-me dos dedos palavras vãs
E nas renuncias que aqui escrevo,
Sinto a ausência de amanhãs
Na lucidez do meu degredo.
E é tão triste o respirar
Que pela janela se esvai,
Que até tarda o luar
Na noite quando cai!
Sou alma e sangue com a vida presa
Neste quarto que é meu norte,
Mas ainda assim venero a Estrela
Que ditará a minha sorte!


Ana Martins
Escrito a 2 de Maio de 2009


24/05/2010

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.

Esta não é a primeira vez que falo deste tema, se o não fiz aqui, pelo menos publiquei um texto Na Casa do Rau.
Trata-se de analisar os diversos aspectos focados no filme baseado na obra de José Saramago, o Ensaio sobre a Cegueira.
Uma obra prima na minha opinião, sempre naturalmente discutível.
Decidi publicar, novamente hoje mais uns extractos, os que mais me dizem hoje, por razões que se prendem com a cegueira de alguns e a persistência em continuarem nela de muitos outros.


Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.

-É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade.

-Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira.

-Se queres ser cego, sê-lo-ás.

A história conta sobre um vírus que afecta as pessoas, deixando-as cegas. Curiosamente, esta não é uma cegueira como as outras, onde os cegos se encontram mergulhados num mar de escuridão. Nesta cegueira, como descreve o autor, é como se a pessoa estivesse diante de uma luz que nunca se apaga. Tudo é assustadoramente branco.

O livro leva-nos a reflectir de várias maneiras. A primeira reflexão tem a ver com acontecimentos descritos durante toda a trama. Ela faz-nos pensar em como a nossa sociedade está embassada na visão. Apesar de termos cinco sentidos (alguns ainda crêem que temos seis), sem a visão, tudo desmorona. Perde-se a razão de várias maneiras. As pessoas já não dão importância à higiene e sentimentos como o amor e a gratidão são esquecidos, tornando as pessoas mais primitivas.

A segunda reflexão é sobre como a sociedade, por meio do seu Governo, descarta aqueles que são diferentes, deixando-os entregues à própria sorte. Da mesma forma que os primeiros cegos foram colocados num manicómio abandonado sem grandes ajudas, quantas pessoas se vêem em situação semelhante nas periferias do mundo? Quantas pessoas com potencial, aguardam uma chance para crescerem na vida, para mostrar o seu valor à sociedade? E quantas pessoas como estas se vêem como os cegos no asilo, sem esperança, sem apoio? Isso faz-nos pensar na sociedade injusta em que vivemos que trata aqueles que não se encaixam nos seu padrões ditos normais, com desprezo e violência.

A terceira reflexão é sobre carácter. Da mesma forma que os cegos da primeira camarata do lado esquerdo eram organizados e buscavam o bem comum a todas as pessoas confinadas no manicómio, sempre preocupados com a higiene e alimentação de todos os internos, havia aqueles que não se importavam em viver em um lugar sem higiene, propício ao aparecimento de várias doenças decorrentes da precariedade da limpeza.

Pior que estes, haviam aqueles que tomaram à força o controle da distribuição dos alimentos dentro do manicómio, requerendo primeiramente bens materiais para distribuir a comida, que deveria ser entregue gratuitamente e, em seguida, exigindo que as mulheres de cada camarata fossem ter com eles, cada grupo no seu devido dia. Lá, as mulheres eram violentadas e humilhadas, mas o faziam para ter o que comer. Isso leva a pensar em como nós agimos em momentos de crise: somos organizados, desorganizados ou aproveitamos do momento para espalhar o pânico e ganhar algo com isso? Será que se estivéssemos na mesma situação dos cegos, que tiveram seus direitos e suas mulheres violadas, agiríamos passivamente ou, como eles, aguentaríamos um tempo para nos revoltarmos quando a situação fosse insustentável? Ou então, será que teríamos coragem de nos opormos à tirania e à opressão de um governo auto intitulado e nos organizaríamos contra eles logo de início?

A quarta reflexão é sobre responsabilidade. A mulher do médico foi a única pessoa que não ficou cega e encarou isso como um chamado de responsabilidade. Foi ela que guiou, alimentou e cuidou da higiene dos cegos que faziam parte do seu grupo. Foi grande em presenciar a traição do seu marido com a garota dos óculos escuros e ainda assim entender a situação e perdoar a ambos. Isso me fez pensar nas vezes em que temos olhos quando ninguém mais os tem, quando enxergamos o que ninguém mais viu, em outras palavras, quando sabemos de algo que ninguém mais sabe e, por comodismo, preguiça, falta de confiança ou egoísmo, não nos manifestamos, omitindo nossas opiniões e deixando passar uma situação em que poderíamos ter feito a diferença.

A última reflexão que me ocorreu foi sobre a própria cegueira. Assim como os personagens, eu também pensei o que seria se eu ficasse cega; se, no próximo piscar de olhos, a visão me faltasse. A resposta para o meu caso específico, eu não sei dar, mas o livro deixa uma pista. O ser humano tem a habilidade de se adaptar às mais diversas situações. Se estão todos cegos, eles se organizam em grupos e tentam viver um dia de cada vez, sempre em busca de comida e água, sem os quais não há vida. Talvez comigo seja igual, talvez não. O certo é que eu não quero descobrir.

Depois do exposto, fica fácil prever quais serão as últimas palavras deste texto.Tanto o livro como o filme são fantásticos. Considero difícil ler o livro sem fazer qualquer reflexão ou traçar qualquer analogia com passagens de sua própria vida.
Para quem ainda não viu o filme e leu o livro, ou uma das duas coisas, apelo a que o façam, porque ou nós estamos quase todos cegos e não queremos ver e então andamos por aí só a olhar...ou então quem vê que repare...bem!!!


Na Casa do Rau

23/05/2010

Efeitos de um sismo numa piscina, no México!

A tempestade vista na piscina !
Trata-se duma piscina. Por isto podemos perceber o que acontece com o mar.
É terrível!
Vejam com atenção, pois as imagens parecem paradas, mas o relógio está a andar e depois vejam as coisas a tremer...
É impressionante, o sismo durou mais de 1 minuto, se repararem no relógio verificarão este pormenor

São Flores


Como prefácio, direi que esta é mais uma das muitas histórias que me chegam diariamente via Internet e que eu acho magníficas.

Como já disse anteriormente, nem eu me lembro como e o que fiz para as receber, mas a verdade é que elas me chegam, como se alguém soubesse do que preciso, do que precisamos todos; de alguns contos simples com verdadeiras lições e todas diferentes.

Ler uma grande obra literária é algo maravilhoso, ler é sempre didáctico, ler pode ser muito relaxante, empolgante, emocionante, divertido, tanta coisa maravilhosa que me é difícil descrever.
Ler deve ser, antes de mais algo que nos satisfaça, que nos dê um imenso prazer.
Para quem lê pouco, ou mesmo para os mais letrados, os fanáticos das obras ditas mais pesadas, sabe tão bem ler um pequeno texto, simples mas edificante...
Espero que gostem deste...eu adorei.

Estava uma flor bordada num saco de guardanapo a olhar para uma flor pintada numa jarra de porcelana. E vice-versa.
A flor bordada queria meter conversa com a flor pintada. E vice-versa.
Entretanto, a flor bordada pensava: "Sou mais bonita do que ela." E vice-versa.
Até que a flor bordada resolveu dizer precisamente o contrário do que pensava:
- Nunca vi flor mais bonita do que tu.
A flor da jarra retorquiu, no mesmo tom:
- Tu, sim, és a mais bonita. Uma perfeita imitação.
Neste ponto, a conversa estragou-se.
- Imitação?
- estranhou a flor do saco de guardanapo. - Imitação de quê?
- Imitação de uma flor verdadeira - respondeu a flor pintada na jarra.
- Ora essa! Eu sou uma flor incomparável, uma flor bordada, verdadeiramente bordada com toda a verdade da arte.
Agora, enfim, estava a dizer o que pensava.
Não lhe ficou atrás a outra flor:
- Verdadeira obra de arte sou eu. Não há flor pintada mais autêntica, pode crer.
Argumentaram, discutiram, zangaram-se. Perderam a elegância do trato. Passaram a dizer mais do que pensavam:
- Você é uma reles imitação - dizia a flor pintada.
- E você é uma falsificação barata - dizia a flor bordada.
Nisto, mãos femininas vieram colocar uma flor na jarra, até então vazia.
- Qual é o tema da discussão? - quis saber a recém-vinda, debruçada da jarra.
Puseram-na a par da disputa e logo a nova flor, que era dotada de um caule esguio, folhagem vaporosa e pétalas gentis, rodopiou na jarra de porcelana, para dizer, num risinho de superioridade:
- Não sejam ridículas e olhem para mim. Haverá flor mais encantadora e mais verdadeira do que eu?
As duas outras calaram-se.
Afinal, a flor de folhas frágeis, que qualquer corrente de ar agitava, a flor de longa haste, mergulhada na jarra, é que tinha razão.
Aqui para nós e em segredo, diremos que também não tinha razão nenhuma. Pois se ela era apenas uma simples flor de papel...

António Torrado

Imagem - pintura de Steven Hughes
Fernanda Ferreira (Ná)

22/05/2010

Parabéns à Amiga e colega Ana Martins


A equipa do Sempre Jovens regozija-se por o valor de poeta da nossa querida amiga e colega Ana Martins, ter sido reconhecido no concurso «You're simply the best». Parabéns pela vitória da autora do Ave Sem Asas. Nós que lhe conhecemos as obras e que acompanhámos as poesias do último mês de Fevereiro dedicadas à memória de seu querido pai, não ficámos surpreendidos com a sua vitória. Foi merecida e vem coroar o seu percurso sempre brilhante.

O poema com que concorreu é mais uma das suas lindas poesias em que exprime de forma maravilhosa o seu amor filial ao pai que continuará lá no espaço etéreo a olhar a sua filha com muito carinho e orgulho (se este lá for permitido!). Este seu poema é, realmente, um portento, quer pelo tema que merece toda a nossa consideração, quer pela beleza da poesia. A sua vitória foi o reconhecimento do seu mérito. Os organizadores ficaram, sem dúvida, felizes pelo nível que a Ana levou ao concurso. Como conheço grande parte da sua obra (não toda porque o tempo não me permite) sugiro que interprete este prémio extensivo ao conjunto harmonioso de poesias, com muito boa qualidade da forma e do conteúdo, com que nos tem presenteado. Pode bem ser tido como a consagração de uma obra de muito mérito, que irá continuar por muitos anos com cada vez melhores jóias poéticas.

Nos tempos duros e materialistas em que vivemos, é muito lindo contemplar um belo exemplo de amor filial expresso de forma poética por quem domina a arte da poesia.

A Ana consegue fazer belas poesias a partir de coisas aparentemente insignificantes, porque descobre aí motivo para sublimar estados de espírito, e emoções que, para o comum dos mortais, passam despercebidos. Parece dominar os conhecimentos mais profundos de psicologia e de sociologia, tal é o apreço com que se debruça sobre qualquer aspecto humano, em situações reais.

Muito obrigado pela oferta das suas poesias e, pessoalmente, pela oportunidade de poder escrever estas palavras, mal alinhadas, porque foram escritas com emoção e euforia. A Ana merece palavras mais elaboradas e elogiosas. Parabéns e muitas felicidades na prossecução da sua obra.

Beijos
João

Parabéns Amiga e colega Celle

1º aniversário do início do blog Ornamental

Creio ser hoje o dia do 1º aniversário deste simpático blog, pelo que felicito a nossa Amiga e colega Celle pelo êxito que tem obtido través de uma esmerada qualidade de temas.

Como membro da equipa do Sempre Jovens que se sente feliz por beneficiar da sua colaboração, desejo que continue a publicar posts muito bem escolhidos pelo seu bom senso, sensibilidade, espiritualidade e gosto pela vida, constituindo um alimento de felicidade para os seus familiares e amigos.

Trata-se de um blog com as características de uma dona de casa, esposa, mãe e avó que não tem tempo para buscar seguidores nem comentadores, mas o blog merece ser visitado.

Desejo que a Celle continue a colocar os assuntos de que gosta e que sejam orientados para a pequenada da família, sem se preocupar com a expansão no «mercado» da blogosfera. Compreendo a sua dedicação e gosto pelo blog, porque os meus blogs pessoais também não são alvos dos comentadores nem de muitos visitantes, mas ninguém me pára o entusiasmo de manter o cérebro activo e de colocar as minhas reflexões à disposição de eventuais curiosos e interessados.

Sei que anda em viagem e só lerá esta mensagem daqui a vários dias. Mas ela aqui fica à sua espera!

Mil beijos
João

21/05/2010

1º ANIVERSÁRIO DA TULHA DO ATILIO



Parabéns à TULHA
Nesta data querida
Apaguem-se as velas
Com palmas e alegria.


Parabéns à TULHA
Que a festa vai começar
Já se ouve nas taças
O champanhe a borbulhar.

Parabéns à TULHA
Hurra, hurra hurra,
Não há festa mais feliz
Que a da nossa turma!


Ana Martins


POLÍTICA É PARA QUEM SABE...



Quando um primeiro-ministro coloca um imposto ao nível de um refrigerante, torna-se ele próprio um detergente. Mas há dislates que são como nódoas: não se limpam. Quando se equipara um refrigerante ao leite e ao pão, para defender o indefensável (o aumento da taxa do IVA de 5% para 6%), Sócrates mostrou que já não diferencia a realidade da ficção. Para ele "Avatar" é a realidade e a sopa dos pobres a ficção.

Esta crise necessita de sacrifícios. Mas precisa também de políticos crescidos. A trapalhada em que se encontra Portugal deve muito ao que Sócrates fez nos últimos anos. A desculpa para os seus erros não pode ser um refrigerante com borbulhas. Na primeira legislatura Sócrates teve tudo para reformar o Estado e para definir um modelo económico para Portugal. Agora é tarde. Esta crise é de identidade. Porque é uma crise de quem nunca cresceu politicamente e que faz da política um jogo do Ken e da Barbie.

Esta crise tem a ver com a reforma do Estado. Aumenta-se o IVA de produtos essenciais, mas não se tem a coragem de acabar com uma figura jurássica do Estado: os Governos Civis. Para que servem, para além de serem clubes de empregos políticos? Os Governos Civis ocupam-se de funções que qualquer serviço do Estado faria.

Mas esta é a riqueza oculta de um Estado que diz para poupar e que lança impostos sobre o pão e o leite.

Os Governos Civis são glutões da riqueza dos contribuintes. Sócrates, quando pôde, não promoveu a verdadeira reforma: a do Estado. Agora, feito em fanicos, afaga as suas mágoas em refrigerantes com gás.

(autor desconhecido)

Cascais. Ética aplicada


Não pise a relva! É proibido pisar a relva!
O exemplo veio da autarquia que tirou a relva antes de colocar os pés !!!
Nada de dar maus exemplos!

Cheiro das mãos dos governantes !!!


Nota-se a preocupação de, mais ou menos discretamente, cheirarem as mãos. A que se deverá tal preocupação? Onde as teriam metido? Será o odor do dinheiro sujo?
Fotos da Internet.

O quadro feito por medida













Nas minhas pesquisas na Net, ao encontrar a fonte destas pequenas maravilhas, devo ter feito algo mágico, uma vez que passei a receber a história do dia todos os dias.
Estes pequenos contos são exactamente o que eu precisava, são perfeitos para o fim a que se destina; levar as pessoas a ler, a voltar ao hábito perdido da salutar leitura, mesmo que aparentemente simples, estes contos têm todos uma lição importante a dar.
Espero que gostem tanto dele quanto eu.


Um senhor muito rico contratou um pintor muito pobre para lhe pintar um quadro.
- Eu pago-lhe tudo - anunciou o senhor rico. - Pago-lhe as tintas, a tela, os pincéis e pago-lhe o trabalho. Pago-lhe bem. Principescamente! Como nunca ninguém lhe pagou.
O pintor sorriu. Era um sorriso triste o do pintor.
- Mas se lhe pago bem, quero uma pintura ao meu jeito, como se fosse eu a pintar, se tivesse tempo para isso.
O pintor voltou a sorrir tristemente.
- Primeiro quero que ponha no quadro muitas nuvens - comandou o senhor muito rico. - Quero nuvens cinzentas, cor-de-rosa, brancas... enfim, nuvens... Há-de pintar, depois, uns pássaros a voar no céu, mas essa parte da composição fica ao seu cuidado. Por agora, à minha conta, quero as nuvens.
O pintor obedeceu.
- Agora quero, deixe-me pensar... Quero uma montanha com uma casa, ao cimo, ou melhor, um palácio, um enorme palácio, encarrapitado na montanha... Exactamente. Fica bem assim.
O senhor muito rico estava satisfeito com a sua obra. O pintor, nem por isso.
- Agora, deixe-me ver, apetecia-me um barco, ou melhor, um vapor, ou melhor, um iate, um magnífico iate...
- Mas não há mar - lembrou o pintor.
- Pinte-o, ora essa! Isso é um pormenor da sua responsabilidade.
Entretanto, tocaram ao telefone para o senhor muito rico. Era o secretário a recordar-lhe que tinha de presidir a uma reunião importantíssima, numa das várias empresas de que o senhor rico era presidente.
- Vou interromper a sessão de pintura - disse o senhor muito rico. - Mas, praticamente, o quadro está no fim. Vá pintando o mar, porque, quando eu vier, quero ver o efeito.
E o senhor muito rico virou costas ao quadro e abandonou o salão.
Ficou o pintor sozinho a pintar o mar. Esmerou-se no seu trabalho.
Passado horas, o senhor muito rico regressou. Foi logo direito ao quadro:
- Que disparate de mar é este? Quem lhe mandou pintar estes peixes?
- O mar tem peixes - esclareceu o pintor, sorrindo.
Já não era um sorriso triste o do pintor.
- Mas aqui há peixes a mais. Quase não deixam o meu iate prosseguir viagem. Atravancam tudo.
- É um grande cardume. Uma multidão de peixes miúdos: sardinhas, carapaus, cachuchos... - explicou o pintor.
Mas o senhor muito rico já estava com os olhos noutro ponto do quadro:
- Estes pássaros, donde vêm?
- Foi o senhor que mandou.
- Mas não mandei pintar tantos. Estes pássaros todos tapam as minhas nuvens, ensombram o meu palácio, tiram-me o ar, caramba.
- São bandos maciços de pássaros, que decidiram voar juntos - explicou o pintor. - Andorinhas, pardais, pombos, rolas...
O senhor muito rico não o ouvia. Uma outra particularidade do quadro chamara-lhe a atenção:
- Oiça lá, seu pintor, não lhe parece que esta parede do palácio está um bocadinho estalada?
O pintor, sorrindo abertamente, elogiou o senhor muito rico:
- A sua observação é extremamente oportuna. Se a parede está assim, um tanto rachada, mais real se torna e melhor se destaca a grandiosidade do conjunto.
- E o meu iate não está um bocadinho a descair para um lado? - estranhou o senhor muito rico.
- Também foi de propósito - respondeu o pintor. - Adornei sensivelmente o barco para defender o realismo e a beleza da cena.
O senhor muito rico ainda espreitou, em bicos de pés, para um outro pormenor do quadro, mas já não tinha mais nada a dizer. Por isso pagou ao pintor e foi à sua vida. O pintor também.
O quadro, esse nunca o expôs na sala a que o tinha destinado.

Muitos anos depois, foram encontrar o quadro numa arrecadação do escritório do senhor muito rico. Estava virado para a parede, cheio de pó e tão abandonado, que parecia muito mais antigo do que era na realidade.
Quem o conhecera, acabado de pintar, achou-o diferente. O palácio, no alto da montanha, estava em ruínas. Servia de poiso e abrigo aos pássaros, que há volta dele continuavam a voar. Pelo seu lado, o iate tinha ido ao fundo. Distinguiam-se os peixes, que nadavam livremente pelo meio dos destroços do barco, coberto de lodo.
Era um quadro estranho, mas de uma grande beleza. Chamaram o pintor já muito velho e mostraram-lhe o quadro. Ele, vendo o quadro que em jovem pintara, e que tão diferente já estava, limitou-se a sorrir. Não era um sorriso triste. Não era, realmente, um sorriso nada triste o do pintor.

Pintura de Charles Henri Joseph

Por António Torrado | Cristina Malaquias, 21 de Maio de 2009
Fernanda Ferreira Ná

20/05/2010

Carta de uma Jovem

Desculpem todos, os que como eu, ficarem lavados em lágrimas com este texto que acabei de receber por e-mail da minha amiga Anabela Assis.
A verdade doí, muitas vezes é cruel, vezes demais ela provoca-nos uma dor atroz que pensamos não ter direito de a passarmos aos outros, de a partilharmos...
Eu não penso assim, muito menos neste caso...é um alerta para outros jovens e não só.
Temos esta arma poderosa, a de difundir pelo mundo inteiro as mensagens que podem fazer a diferença ...
Não pensei duas vezes!


Fui à festa, mãe. Fui à festa, e lembrei-me do que me disseste. Pediste-me que eu não bebesse álcool, mãe... Então, bebi uma 'Sprite'. Senti orgulho de mim mesma, exactamente o modo como me disseste que eu me sentiria. E que não deveria beber e de seguida conduzir.

Ao contrário do que alguns amigos me disseram. Fiz uma escolha saudável, e o teu conselho foi correcto.

Quando a festa finalmente acabou e o pessoal começou a conduzir sem condições, fui para o meu carro, na certeza de que iria para casa em paz...

Eu nunca poderia esperar... Agora estou deitada na rua e ouvi o policia dizer: 'O rapaz que causou este acidente estava bêbado'. Mãe, a voz parecia tão distante...

O meu sangue está por todo o lado e eu estou a tentar com todas as minhas forças não chorar... Posso ouvir os paramédicos dizerem: 'A rapariga vai morrer'...

Tenho a certeza de que o rapaz não tinha a menor ideia, enquanto ele estava a toda velocidade, afinal, ele decidiu beber e conduzir!! E agora eu tenho que morrer. Então... Porque é que as pessoas fazem isso, mãe? Sabendo que isto vai arruinar vidas?

A dor está a cortar-me como uma centena de facas afiadas. Diz à minha irmã para não ficar assustada, mãe, diz ao pai que ele tem que ser forte.

Quando eu partir, escreva 'Menina do Pai' na minha sepultura...

Alguém deveria ter dito àquele rapaz que é errado beber e conduzir. Talvez, se os pais dele o tivessem avisado, eu ainda estivesse viva...

Minha respiração está a ficar mais fraca mãe, e estou a ficar realmente com medo. Estes são os meus momentos finais e sinto-me tão desesperada...

Gostaria que tu pudesses abraçar-me mãe, enquanto estou aqui esticada a morrer, gostaria de poder dizer que te amo mãe...

Então... Amo-te

Adeus...'
________________________________________
Estas palavras foram escritas por um repórter que presenciou o acidente. A jovem, enquanto agonizava, ia dizendo as palavras e o jornalista ia anotando...

Muito chocado. Este jornalista iniciou uma campanha.

Se esta mensagem chegou ate ti e tu a apagares, podes estar a destruir uma boa forma de consciencializar um grande número de pessoas; fazendo com que a tua vida, TAMBÉM CORRA PERIGO!!!!!!!!!!!

Com este pequeno gesto podes marcar a diferença. Então, manda-a para todas as pessoas que conheces...

Fernanda Ferreira (Ná)

18/05/2010

Despesas devem ser inferiores às receitas

Esta é uma regra sustentável já conhecida e utilizada com êxito pelo merceeiro da minha aldeia, na primeira metade do século passado e que tinha aprendido dos seus avós. É preciso controlar as despesas para não ultrapassarem os proventos. Era admitido que se fizesse um investimento com base no crédito, mas como excepção e nunca como regra quotidiana, como abusivamente hoje fazem gestores de dinheiro público com a maior inconsciência e ausência de sentido de responsabilidade.

Esta regra assim apresentada de forma simples é agora confirmada pelo Banco de Portugal segundo a notícia «Só cortes na despesa evitam mais impostos» em que consta:


«Reduzir o défice com medidas temporárias não chega para resolver os problemas de consolidação orçamental da economia portuguesa. Para isso é necessário cortar e corrigir de forma duradoura o crescimento da despesa primária, avisa o Banco de Portugal.

A subida de impostos e os cortes de despesa que o país vai enfrentar a partir do segundo semestre deste ano vão reduzir o défice até 2013 mas não asseguram que este tipo de medidas restritivas não tenha de voltar a ser adoptado no futuro». (Para ler toda a notícia faça clic no seu título)

A confirmar esta necessidade de reestruturação dos serviços do Estado , emagrecendo-os, tornando-os menos pesados no orçamento, surge o artigo «Perto do precipício», no qual se pode ler:

«Bruxelas fez saber, de fininho, que deseja (para não dizer exige), num futuro não muito distante, olhar para os orçamentos dos estados-membros da União Europeia antes que os ditos sejam aprovados pelos parlamentos nacionais. Tradução: Bruxelas quer ser a guardiã do bom senso orçamental, sem o qual é o próprio futuro da União Europeia (UE) que estará seguramente em causa. A lentidão com que a UE reagiu à profunda crise em que estamos mergulhados e a pressa com que o Banco Central Europeu comprou, num movimento inédito, títulos da dívida dos países em dificuldades parecem ter cedido o passo, num instante, a uma visão mais interventiva, muito mais interventiva das principais autoridades europeias.

O ponto é este: países como a Alemanha não estão mais disponíveis para cobrir com milhões e milhões de euros a irresponsabilidade dos outros. Não há volta a dar-lhe! Bruxelas colocou a países como Portugal não um novo problema, na medida em que a transferência de parte da nossa soberania para uma entidade transnacional começou há muito, mas um problema para o qual não nos sobra saída: ou aprofundamos essa transferência ou seguimos a via do isolacionismo.»

Mas, infelizmente, parece que temos que deixar de poder confiar naquilo que dizem e escrevem economistas que considerávamos credíveis e sérios, como se pode deduzir do artigo «Está tudo explicado» em que se lê:

«Trata-se de um relatório... só para estrangeiro ver, diz Frasquilho sem corar, justificando-se por todos os dias dizer exactamente o contrário no Parlamento.»


E perante isto, que pensar da actual situação do País, da competência dos actuais governantes e da verdade ou da sua falta, com que os políticos nos falam?

Lenda dos Corvos de S. Vicente- Sagres





Fotos de José Ferreira

A Lenda

Em tempos muito antigos, quando o rei Rodrigo perdeu a batalha de Guadalete e os Mouros ocuparam a Península Ibérica e ordenaram que todas as igrejas fossem convertidas em mesquitas muçulmanas, os cristãos de Valência, entre eles um decano, quiseram pôr a salvo o corpo do mártir S. Vicente que estava guardado numa igreja.

Com intenção de chegarem às Astúrias por barco, fizeram-se ao mar levando consigo o corpo do santo. Cruzaram o Mediterrâneo sem perigo, mas quando chegaram ao Atlântico o mar estava mais turbulento e foram forçados a aproximar-se da costa.
Perguntaram então ao mestre da embarcação qual era aquela terra tão bela e aquele cabo que avistavam. O mestre respondeu-lhes que a terra se chamava Algarve e que o cabo se chamava promontório Sacro.
Foi então que os cristãos de Valência consideraram a hipótese de desembarcar, construir um templo em memória de S. Vicente e dar o nome do santo ao cabo mais ocidental, junto ao promontório de Sagres. Mas enquanto estavam nestas considerações, o barco encalhou, o que os forçou a passar ali a noite.
Na manhã seguinte, quando se preparavam para retomar viagem, avistaram um navio pirata. O mestre da embarcação propôs-lhes afastar-se com o navio para evitar a abordagem dos corsários, enquanto os cristãos se escondiam na praia com a sua relíquia. Depois viria buscá-los. Mas o barco nunca mais voltou e os cristãos ficaram naquele lugar, construíram o templo em memória de S. Vicente e formaram uma pequena aldeia à sua volta, isolados naquele lugar ermo.

Entretanto D. Afonso Henriques entrou em guerra com os mouros do Algarve e estes vingaram-se dos cristãos de S. Vicente, arrasando-lhes a aldeia e levando-os cativos. Passados cinquenta anos um cavaleiro veio avisar D. Afonso Henriques que existiam cativos cristãos entre os prisioneiros feitos numa batalha contra os Mouros.
Chamados à presença do rei, o deão, já muito velho, contou-lhe a sua história e confidenciou-lhe que tinham enterrado o corpo de S. Vicente num local secreto. Pedia ao rei que resgatasse o corpo do mártir para um local seguro.
D. Afonso Henriques aproveitou um período de tréguas na sua luta contra os Mouros e zarpou num barco com o deão a caminho de S. Vicente. Mas o deão morreu durante a viagem e sem saber o local exacto onde estava enterrado o santo, D. Afonso Henriques aproximou-se do cabo e das ruínas do antigo templo. Foi então que avistou um bando de corvos que sobrevoavam um certo lugar onde os seus homens escavaram e encontraram o sepulcro de S. Vicente, escondido na rocha.



Trouxeram o corpo de S. Vicente de barco para Lisboa e durante toda a viagem foram acompanhados por dois corvos, cuja imagem ainda hoje figura nas armas de Lisboa em testemunho desta história extraordinária.


Pesquisa feita na Net.

Fernanda (Ná)

Mais uma Lição dada por animais


Que pena o Homem não seguir estas lições que os animais nos dão!!!

17/05/2010

Profecia a ter em conta???

Há dias foram publicados dois posts, 2010 Ano de Transformações e Transformações no Mundo que, tal como os comentários que lhes foram feitos, podem denunciar sinais das mudanças que estão em curso na humanidade e que serão traduzidas por grandes alterações no equilíbrio de poderes estratégicos das potências actuais e emergentes.

Agora, a reforçar tais perspectivas, surge no Jornal de Notícias a notícia de que a «Universidade do Minho acolhe pela primeira vez exames de chinês». Esta Universidade tem sido objecto de várias notícias que constituem uma réstia de sol na pasmaceira nacional, pois não se submete a rotinas anquilosadas e obsoletas, mas procura ser agente de mudança e inovação, como deve ser vocação dos estabelecimentos de ensino de dos principais agentes económicos e de governação.

Esta Universidade merece o nosso apreço e cada português deve fazer um esforço para observar os sinais de modernização e intervir dentro da sua área de interesses para influenciar o percurso pelo melhor caminho. Temos que nos preparar para o futuro que hoje está mais próximo do que em tempos em que o mundo andava mais lentamente.

16/05/2010

La Guardia - Capital da Lagosta



Hoje o sol brindou-nos bem cedo. Era o convite para procurar o mar.
Fui tomar o cafezito a La Guardia, ou como dizem os nossos vizinhos galegos A Guarda, capital da lagosta.
O tributo ao mar e aos pescadores está presente, tal como em Vila Praia de Ancora o respeito a esses dois elementos é bem patente. Compare e veja as semelhanças.



José Ferreira

La Traviata - Verdi - Ao vivo no Mercado!

No Sábado, 24 de Abril, a Ópera de Filadélfia juntou os seus trinta membros e fez uma performance soberba num Mercado local para regozijo de todos.
Que bom seria que que mais acontecimentos deste género acontecem em todo o Mundo e em vários locais.
Levar a cultura ao povo e dar mais alegria ao Mundo.
Parabéns à Opera Comapny of Philadelphia Chorus.




Na Casa do Rau

15/05/2010

Quem tudo quer tudo perde...

Que pena isto não acontecer com alguns que nós conhecemos tão bem...

A Balança



Este é um dos muitos textos que nos levam à reflexão e a considerar variadíssimos factores, mas deixo que tirem as vossas próprias conclusões e tecem os vossos comentários.

Lamento não ter sido capaz de ter produzido um texto da minha autoria, mas como alguns sabem, os mais próximos, a minha disposição/frustração assim não permitiu.
Realmente há que saber gerir o equilíbrio psíquico, eu tento... mas nem sempre é fácil.

"O equilíbrio psíquico é uma das qualidades mais preciosas e difíceis de adquirir, pois é o resultado de dois movimentos contraditórios. Há pessoas que nós vemos falar, caminhar e ocupar-se disto e daquilo como se nada lhes exigisse esforço.
Poder-se-ia dizer que elas são equilibradas, mas não; na realidade, estão estagnadas. Dia após dia, vemos-las sempre iguais a si próprias: têm o mesmo rosto impassível, repetem os gestos da véspera, as palavras da véspera, etc. Não é esse equilíbrio que as fará evoluir.

É necessário um certo desequilíbrio para o nosso avanço, mas na condição de estarmos vigilantes e podermos remediar a situação quando os pratos da balança começarem a acusar uma diferença de nível demasiado grande. O equilíbrio consiste, pois, em manter, interiormente, certas oscilações. No dia em que os dois pratos estiverem perfeitamente equilibrados, já não se poderá falar de equilíbrio, mas de morte. A vida está na oscilação da balança dentro de certos limites."

In: Omraam Mickail Ivanhov

Fernanda Ferreira (Ná)

14/05/2010

Cuidados a ter com as lampadas de baixo consumo.


Atenção às lâmpadas de baixo consumo. Se alguma se partir, devem seguir as instruções do Ministério da Saúde britânico, que junto, para evitarem os graves danos causados pelo mercúrio.

Aviso do Ministério britânico da Saúde sobre as lâmpadas economizadoras de energia:

Estes tipos de lâmpadas que são chamadas de poupança de energia ou lâmpadas de baixa energia, se elas se partem causam sério perigo! Tanto que todo mundo vai ter que sair da sala, pelo menos, 15 minutos.

Porque elas contém mercúrio (venenoso), que causa a enxaqueca, a desorientação, os desequilíbrios e diferentes outros problemas de saúde quando inalado.

E muitas pessoas com alergias, causa-lhes a condição de pele e outras doenças graves apenas tocando a esta substância ou inalado.

Além disso, o ministério alertou por não limpar os restos da lâmpada quebrada com o aspirador de pó, pois iria espalhar a contaminação para outros lados da casa quanto estiver usando o aspirador de pó novamente

Devem ser limpos através de vassoura ou escova normal e mantidos num saco lacrado e jogado bem fora de casa no lixo para materiais perigosos.

Aviso: O mercúrio é perigoso, mais venenosa que o chumbo ou arsénio!!


13/05/2010

PERGUNTEI AO VENTO!...

Imagem da net


Perguntei ao vento
Porquê tanta pressa, q
ual o destino,
Porque sua força atravessa
E rasga caminhos.
Respondeu-me na sua mudez
E sem lamento,
Que a natureza precisa
De si como vento!

Perguntei ao vento
A que horas chegas...
Um silencio rasgado
Foi a resposta.
Observo inquieta a calma alameda,
Que em tempos de outrora
Já foi encosta!

Perguntei ao vento
Porque destroí tudo à sua volta,
Se o verde esperança já foi
O cinza que carrega agora...
Respondeu-me já com ar zangado,
Que o Planeta se sente
Pelo Homem violado...

Perguntei ao vento
Que tipo de alento no ultraje à vida
Se liberta no tempo...
Respondeu-me que inocentes são
Os que não viveram
Até então!


Ana Martins
Escrito a 10 de Maio de 2010

12/05/2010

Derrames Cerebrais = 4 sinais



Existiam três sintomas dos Derrames Cerebrais. Agora há um 4º - a língua

Derrame: memorize as três primeiras letras...S.T.R.

Só leva um instante ler isto...

Disse um neurologista que se levarem uma vítima de derrame dentro das primeiras três horas, ele pode reverter os efeitos do derrame - totalmente.
Ele disse que o segredo é reconhecer o derrame, diagnosticá-lo e receber o tratamento médico correspondente, dentro das três horas seguintes, o que é difícil.

RECONHECENDO UM DERRAME

Muitas vezes, os sintomas de um derrame são difíceis de identificar. Infelizmente, nossa falta de atenção,torna-se desastrosa.
A vítima do derrame pode sofrer severa consequência cerebral quando as pessoas
que o presenciaram falham em reconhecer os sintomas de um derrame.

Agora, os médicos dizem que uma testemunha qualquer pode reconhecer um derrame fazendo à vítima estas três simples preguntas:

S* (Smile) Peça-lhe que SORRIA.
T* (Talk) Peça-lhe que FALE ou APENAS DIGA UMA FRASE SIMPLES. (com coerência)
(ex: Hoje o dia está ensolarado)
R* (Rise your arms) Peça-lhe que levante AMBOS OS BRAÇOS.

Se ele ou ela têm algum problema em realizar QUALQUER destas tarefas, chame a emergência imediatamente e descreva-lhe os sintomas,ou vão rápido à clínica ou hospital.

Novo Sinal de derrame - Ponha a língua fora.

NOTA: Outro sinal de derrame é este: Peça à pessoa que ponha a língua para fora... Se a língua estiver torcida e sair por um lado ou por outro, é também sinal de derrame.

Um cardiologista disse que qualquer pessoa que reenvie este e-mail a pelo menos 10 pessoas; pode apostar que salvará pelo menos uma vida ...

É algo que todos devemos saber.

Colares de pérolas!

Numa espécie de prefácio a esta simples história, gostaria de vos dizer que para mim, por mais voltas que me queiram dar, há a História de cada país ou Mundial, e há as histórias, os contos.
"Estórias" para mim jamais existirão.

Com este aparte, que não é mais do que a minha opinião e que se prende com a forma como aprendi a minha língua mãe, vamos à história que me lembra em tudo, uma das que primeiro li em inglês e tive de contar em voz alta em plena sala de aula. "Grasp all, lose all". Um dia destes conto-a aqui em bom português.

Todos os contos deste género, que de vez em quando publicarei, têm a função de trazer algo leve e simultâneamente agradável para ler. Está na mesma linha de pensamento que traçamos para o Clube de Leitura do qual faço parte, e que deverá estimular o gosto pela mesma. Espero trazer assim mais leitores a este Blog.

Eis a história:

Joanina e Rita eram duas jovens que se preparavam para o primeiro baile.
Vestiam vestidos de seda branca com muita goma e roda, todos enfeitados de lacinhos azuis e cor-de-rosa.
Não haverá hoje raparigas que consintam em usar vestidos destes, mas isto passou-se há muito tempo.
Diante do toucador, ajeitaram ao espelho os caracóis de cabelo, que as faziam parecer bonecas de porcelana. Sentiam-se lindas. E efectivamente, sinceramente, estavam.
Chegou a altura dos últimos adornos. Brincos, anéis, pulseiras e um diadema no toucado. Até o espelho pestanejou com tanto brilho.
— Falta o colar — lembrou a Rita, enquanto procurava, na sua caixinha de guarda-jóias, o ornamento essencial à perfeição do quadro.
Já a Joanina tinha tirado do respectivo guarda-jóias e posto com todo o cuidado ao espelho o seu colar de pérolas, sorrindo, feliz, porque era a primeira vez que o punha. Sentia-se uma senhora, uma dama, um modelo para um retrato a óleo.
A Rita que tinha um colar igual. Ou quase, disse:
— O teu colar é de pérolas falsas — disse então a Rita, olhando de esguelha para o colar de Joanina.
— Como é que tu sabes? — indignou-se ela. — Este colar está na nossa família há várias gerações e sempre foi tomado como verdadeiro.
— É falso. Digo e torno a dizer, porque as tuas pérolas não têm a perfeição nem a transparência leitosa, nacarada, aveludada das minhas.
Isto dito por Rita era uma afronta para Joanina.
— E se for ao contrário? — ripostou ela. — Está-me a parecer que as tuas pérolas é que são uma perfeita imitação das minhas.
Enervaram-se. Zangaram-se. Descompuseram-se.
Brigaram. Não fosse estarem tão alinhadas para a festa e, quase de certeza, ainda acabariam por se agarrar aos caracóis uma da outra e espatifar os vestidos brancos, engomados e rodados, com lacinhos azuis e cor-de-rosa…

Uma réstia de boa educação e de bom senso conteve-as.
Para decidirem de uma vez para sempre qual tinha razão lembrou-se uma delas.
— Só há uma prova a fazer. O vinagre!
Quem não souber que aprenda que o vinagre desfaz as pérolas naturais, as legítimas, as fabricadas com sossego e demora, dentro da concha paciente das ostras.

Muito exaltadas e avinagradas, foram buscar à cozinha uma tigela de vinagre.
— Queres ver que o teu colar pelintra não se desfaz — disse a Joanina à Rita.
— A porcaria do teu colar é que não vai desfazer-se — disse a Rita à Joanina.
O resto está-se mesmo a ver. Dissolveram-se no banho de vinagre as pérolas de ambos os colares. Só sobraram para amostra fios e fechos, tão valiosos como duas espinhas de peixe.
E as duas jovens, depois de chorarem muitas lágrimas, abraçadas uma à outra, lá tiveram de ir para o baile sem os seus preciosos colares.
Pobres das ostras que tanto trabalharam a acrescentar, a arredondar e a aprimorar as suas maravilhosas pérolas, para que assim se perdesse o labor de tantos anos num bochecho de vinagre. Dá que pensar.

Adaptação pela autora do post de um texto de António Torrado.

Na Casa do Rau

11/05/2010

Transformações no Mundo

Depois do post 2010 Ano de Transformações no blog Sempre Jovens e dos comentários que lá coloquei, recebi este texto que vem ajudar a perceber a evolução que o Mundo irá ter.

A CHINA DO FUTURO
Luciano Pires

Alguns conhecidos voltaram da China impressionados. Um determinado produto que o Brasil fabrica um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões... A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reacção é impressionante.

Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas.. Com preços que são uma fracção dos praticados aqui. Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares. Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo. Que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares. Comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios...

Hora extra? Na China? Esqueça. O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego, que trabalha horas extras sabendo que nada vai receber...
Essa é a armadilha chinesa. Que não é uma estratégia comercial, mas de poder.

Os chineses estão tirando proveito da atitude dos marqueteiros ocidentais, que preferem terceirizar a produção e ficar com o que "agrega valor": A marca. Dificilmente você adquire nas grandes redes dos Estados Unidos um produto feito nos Estados Unidos. É tudo "made in China", com rótulo estadunidense.

Empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares... Mesmo ao custo do fechamento de suas fábricas. É o que chamo de "estratégia preçonhenta". Enquanto os ocidentais terceirizam as tácticas e ganham no curto prazo, a China assimila as táticas para dominar no longo prazo.

As grandes potências mercadológicas que fiquem com as marcas, o design... Os chineses ficarão com a produção, desmantelando aos poucos os parques industriais ocidentais. Em breve, por exemplo, não haverá mais fábricas de ténis pelo mundo... Só na China. Que então aumentará seus preços, produzindo um "choque da manufactura", como foi o do petróleo.

E o mundo perceberá que reerguer suas fábricas terá custo proibitivo. Perceberá que se tornou refém do dragão que ele mesmo alimentou ( Vale salientar que o mundo Árabe, é como é, graças aos petrodólares ). Dragão que aumentará ainda mais os preços, pois quem manda é ele, que tem fábricas, inventários e empregos... Uma inversão de jogo que terá o Impacto de uma bomba atómica... Chinesa.

Nesse dia, os executivos "preçonhentos", tristemente, olharão para os esqueletos de suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando bocha na esquina, para as sucatas de seus parques fabris desmontados. E lembrarão com saudades do tempo em que ganharam dinheiro comprando baratinho dos chineses e vendendo caro a seus conterrâneos...
E então, entristecidos, abrirão suas marmitas e almoçarão suas marcas.

Luciano Pires é director de marketing da Dana e profissional de comunicação

"Uma Nação que confia em seus Direitos, em vez de confiar em seus Soldados, engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda." ( Rui Barbosa)