04/07/2009

O ensino no Reino Unido

Gostaria de saber se existe em Portugal escolas como as que encontramos no Reino Unido. Se há alguém que conheça, agradecia me informasse.

Há dias acompanhei uma amiga, de nacionalidade francesa, cuja filha queria estudar desenho gráfico num colégio em Londres. Dado que a mãe vive com dificuldades porque é imigrante aqui há, precisamente, dois meses e meio, procurou informar-se e dirigiu-se a um colégio aconselhado por uma instituição governamental.

A filha desta senhora tem menos de 19 anos. A mãe contactou, por telefone, um dos BONS colégios aqui existentes e falou das aspirações da filha. O Colégio, imediatamente, marcou uma entrevista, à qual assisti porque a minha amiga tem fracos conhecimentos da língua inglesa.

Ao entrar no Colégio, um pouco antes da hora marcada, deparei com uma ampla e moderna sala de entrada, onde se encontram funcionários que, embora ocupados nas suas diferentes tarefas, abordam-nos com extrema gentileza. Somos convidados a aguardar um pouco e, mesmo sabendo que estamos ali antes da hora marcada, pedem desculpa por estarmos à espera, o que aliás é nosso dever porque nos antecipámos na hora.

Chegada a hora da entrevista, a pessoa destinada a receber-nos vem, ela própria, buscar-nos e conduz-nos à sala de reunião. Depois da primeira entrevista para análise das aspirações do aluno, passa-se a uma segunda entrevista com um dos professores respectivos, escolhido pelo entrevistador. Após esta entrevista, seguida com um respeito máximo pela exposição do aluno sôbre o que desejaria ser no futuro, passa-se à parte burocrática da questão, onde todos os dados são fornecidos com base num questionário muito bem elaborado.

Depois disto, se se trata dum aluno estrangeiro, cuja equivalência dos seus estudos não cobre a exigida pelo colégio, o aluno é colocado numa sala, em frente dum computador e faz testes de inglês e matemática, afim de ser determinado o ano em que deverá ser matriculado. Pagamento: £ 25 para material escolar, cobrindo todo o ano lectivo. Se o aluno tiver filhos, o colégio tomará conta deles enquanto o aluno estiver no estabelecimento de ensino. O governo inglês passa a pagar, ao aluno, uma determinada quantia para que possa estudar sem sobrecarregar os pais.

Feitos os testes, fomos chamadas para que a mãe e a aluna fossem informadas do ano em que a aluna seria matriculada. Deram uma carta à mãe da aluna, com os dados necessários e comunicaram-lhe de que será informada, telefonicamente, do dia em que terá de regressar ao colégio, afim de procederem à matrícula efectiva.

Entretanto, porque tivemos de andar por longos corredores para nos deslocarmos para os diversos departamentos, constatei que aquele colégio tem salas enormes para vários cursos: construção, cabeleireiro, esteticismo, desporto, hospitalidade e catering, artesanato, negócios, educadoras de infância, desenho gáfico e media, saúde e assistência social, tecnologia da informação, música (com estúdios de gravação), abrangendo canto, composição, produção, etc, cursos para escolha de carreira militar, etc..

Hoje demanhã a minha amiga, que está felicíssima por ver a filha num colégio estupendo, sem ter de pagar mais do que £ 25, informou-me ter recebido uma carta do colégio, agradecendo o interesse revelado naquela instituição de ensino. Tal e qual como em Portugal ...

Escusado será dizer que cada vez que o aluno falta, sem justificação, a uma aula, o estado diminui ao valor que recebe semanalmente.

Maria Letra

10 comentários:

Luis disse...

Querida Amiga,
Infelizmente o nosso ensino está pelas ruas da amargura com reformas patéticas, ataques aos professores, "novas oportunidades" que nada valem, edificios degradados, etc., etc.
Mas em compensação somos o País com mais autoestradas por m2, querem avançar com o TGV, fazer 3ª ponte rodo-ferroviária para acesso a Lisboa, temos deputados que não mais acabam para só fazerem "corpo presente" nas votações, o mesmo se passando com acessores para tudo e para nada, etc., etc.
É o regabofe em pleno e depois acresce a corrupção sem limites. Por isso não lhe poderei dar bons exemplos sobre as nossas escolas. Talvez as que mais se aproximarão em tratamento que não em custos serão as Escolas estrangeiras e as eclesiásticas. Fico triste quando faço comparações pois ficamos sempre a perder de vista...
O seu post como alerta para as próximas eleições é magnífico!!!!
Um Xi e um beijinho muito amigo.

Maria Letr@ disse...

Obrigada, Luís. Seria um exemplo a seguir ... Ficaria muito feliz pois este caso é autêntico. Assisti, em pessoa, a tudo isto.
Faltou-me acrescentar que, naturalmente, os alunos podem ingressar na faculdade, depois de completarem aqui os seus estudos.
Bom fim-de-semana, Luís.
Maria Letra

EDUARDO POISL disse...

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”

(Fernando Pessoa)

Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho.
Abraços

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Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amiga Mizita,

Os bons colégios são privados e pagam-se bem e depois naturalmente há o ensino público.

Sei pela experiência que tive com o meu filho, que frequentou a etap, que e como pode ler há Escolas Técnico-Profissionais, onde alguns alunos até podem receber alguns subsídios, como alimentação e transporte.

Quanto aos alunos estrangeiros, que também conheço vários casos, desde Canadianos a Britânicos, sei que são exigidas declarações oficiais das Escolas de onde são provenientes. Depois de dada a equivalência, e mesmo sem qualquer conhecimento da língua portuguesa os alunos são integrados nas turmas normalmente, mas sempre com apoio suplementar em áreas específicas, uma delas é obrigatoriamente o Português, sem qualquer custo adicional.
Sei ainda, que até os pais são convidados a ir a aulas suplementares de Português com os filhos, para que os possam eventualmente ajudar e para a sua melhor integração, tudo sem custos para os interessados.

Eu própria também acompanhei a Sarah, a Jade, e outros mais que tiveram algumas aulas comigo,fora da época escolar, às Escolas locais, tanto à de Valença como à de Cerveira onde fomos muito bem atendidos.
A Jade está agora na Etap e tirar um Curso Técnico ligado à hotelaria.

Pela leitura do seu texto e como seria de esperar, parece-me muito melhor aí, mas a verdade é que também não é tão mau assim por cá.

Beijinhos

Maria Letr@ disse...

Obrigada, Ná. Isso já é muito bom, mas creio tratar-se de cursos intensivos que dão equivalência ao 9.º ano e ao 12.º. Uma das minhas noras dá aulas num desses cursos, em Desenho de Construção Civil, há alguns anos, mas o que referi, tanto quanto me parece, nada tem a ver com isso, porque o caso desta jovem, por exemplo, ela vai ter à sua frente 3 anos para atingir o 12.º, enquanto em Portugal, o que conheço, são equivalências conseguidas num curtíssimo espaço de tempo. Ou estarei errada?
Bom fim-de-semana para si e, mais uma vez, obrigada pela informação.
Maria Letra

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amiga Mizita,

Não, nada disso...são mesmo cursos normais que levam os anos que devem levar, conforme o curso, mas no mínimo são 9 ou 12 anos de escolaridade.

O que menciona são as Novas Oportunidades. Não tem nada a ver.

Beijinhos

Unknown disse...

Maria Letra,
tal como diz a Ná, aqui em Portugal há sim esses cursos em escolas profissionais.
Falo com conhecimento de causa, pois o meu filho mais velho após fazer o 9º ano de escolaridade entrou para uma escola profissional.
Tem que fazer o 10º, 11º e 12º, e para tal são necessários 3 anos. Acabado o curso podem entrar na faculdade como qualquer outro estudante.

Como disciplinas têm língua Portuguesa, matemática, economia, Inglês e depois as restantes disciplinas conforme o curso escolhido.

Beijinhos,
Ana Martins

Maria Letr@ disse...

Obrigada "Uma Página para Dois". Um poema dum escritor que muito aprecio. Uma curiosidade muito positiva: quando estive a dar aulas em Torino, Itália, fui convidada a falar sôbre Fernando Pessoa num encontro com pessoas interessadas em literatura. Fiquei surpreeendida quando constatei que 20% dos assistentes sabia mais sôbre o escritor do que muitos portugueses. Que maravilha!
Um bom resto de domingo.
Maria Letra

Maria Letr@ disse...

Obrigada Ana Martins! Fico felicissima. Desconhecia isso e, só por este motivo, valeu a pena colocar este 'post'.
Beijinhos e uma boa semana para si.
Maria Letra

Maria Letr@ disse...

Há coisas curiosas que acontecem nas nossas vidas, a que poderemos chamar de 'coincidências'. Ontem à noite, um familiar meu, embora que em 3.º grau, informou-me de que uma sua neta tinha sido convidada a tirar um curso que em nada me parece diferente daquele a que fiz referência no meu texto. Fico muito feliz e espero, apenas, que a qualidade dos cursos seja igual à que referi. Inovações deste tipo, quanto a mim, são de muito interesse para os estudantes.
Obrigada a todos pelos comentários e informações.
Um abraço.
Maria Letra