Clara Ferreira Alves, no EXPRESSO, à imagem de Pacheco Pereira, António Barreto, Mário Crespo, Medina Carreira e alguns poucos mais com credibilidade no que resta deste País, diz-nos que, para não nos envergonharmos perante os nossos filhos e netos, teremos de fazer tudo para virar a situação política que se tem vivido!
Assim, continua ela, não admira que neste País "emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido."
Mas, acrescem, segundo ela, os favores que os políticos prestam a altos funcionários e jornalistas levando-os a esconder as verdadeiras notícias ,"prostituindo-os" na sua dignidade profissional.
Isso levou a que, em dado momento, a actividade do jornalismo se constituísse como O VERDADEIRO PODER. Dessa forma "só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades. Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos," até porque, como ela própria salienta, "a justiça portuguesa não é apenas cega ela é também surda, muda, coxa e marreca."
Verifica-se um déficit de responsabilidade civil, criminal e moral em Portugal bem maior que o seu déficit financeiro. No entanto, nenhum português se preocupa com isso apesar de pagar os custos inerentes a essa situação. Situação essa que, pelo seu secretismo e morosidades, encobre compadrios e cria corrupções. Vivendo-se, assim, no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem se concluir nada.
"Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Foi a morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve. "
Tudo o que se vem a saber, diz, são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças e, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Em seguida, em reforço do que referiu, enumera uma série de casos de que, até agora, se desconhece o seu fim, a saber: "do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho," para além de outros igualmente mediáticos.
A certa altura pergunta , ela, se "haverá por aí quem acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos? "
Ainda, segundo ela, "passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade. Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra. Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade."
Vive-se num País do Faz-de-Conta! Para todos nós este é o maior fracasso da democracia portuguesa!
6 comentários:
Não é o único fracasso, amigo Luís, não é o único. Há muito mais ...
Um abraço.
Maria Letra
Caríssimo Luís,
Esta extensa lista de denúncias, se estivéssemos num País normal, daria origem a muitas investigações de que o Poder não sairia beneficiado na sua imagem.
São casos que existiram e alguns ainda existem e os seus agentes ainda andam por aí a ostentar o seu «bom nome e reputação».
Em todos os sectores de actividade quem dá cartas é o faz-de-conta.
Um abraço
João
Amigo Luis,
Lido este texto, todo ele cheio de verdades que envergonham quem tem ainda alguma vergonha na cara, fica-se com uma tristeza dentro de nós porque, ninguém se levanta, ninguém dá um murro na mesa, todos se abaixam, talvez medo ou preguiça de arregaçar as mangas.
Triste sorte a dos portugueses que são governados por ignorantes, por ambiciosos que só pensam em si próprios e na garantia do seu futuro e dos seus próximos e até afastados!
Vai-se limpar o país! Não seria altura de o limpar mesmo de "fio a pavio". A união faz a força. Porque não união? Porque não se recorre à força de maneira inteligente para evitar a violência?
Porque não há quem se reuna à volta da mesa para discutir e encontrar soluções que acabem com tanta falta de vergonha que cobre este tão belo País chamado Portugal!!!
Haja esperança.
Mlai
Amigo Luís,
Estou como diz a Milai,limpar TUDO.
Há dias a Phoebe perguntava-me o que vamos fazer com o lixo recolhido, e eu respondi-lhe, um passo atrás do outro, mas vamos certamente arranjar quem o deposite já em aterros sanitários, não sei muito bem... mas este lixo mais tóxico, mais poluente, mais podre, devia ser incinerado, deportado no mínimo.
Beijinhos
Ná
Olá Luís!
De há já alguns anos a esta parte o jogo político em Portugal tornou-se viciado. As cartas do baralho não mudam; mesmo aquelas que já rejeitámos, após operação de branqueamento, voltam a jogo. Os que chegaram ao pder ( toda a forma de poder) funcionam como se uma irmandade fossem, e tudo fazem para nela se perpetuar, rodando entre si, de forma organizada, e sempre cúmplice, regidos por código não escrito, mas que todos conhecem e respeitam ... para seu próprio interesse.
Quebrar este círculo vicioso não se afigura fácil, embora, cada qual, com os meios de que dispõe, o deva tentar, ... p'lo menos enquanto acreditar que tal é possível.
Um abraço.
Vitor Chuva
Caríssimos Amigos,
Obrigado pela vossa visita e pelos bons comentários feitos. Infelizmente é verdade que assistimos a um eterno faz-de-conta onde todos ou quase todos tocam a mesma música que só para eles serve.Na Tulha coloquei um post que de certa forma explica porque é difícil mudar a pauta!!!!
Que tenham passado um bom fim-de-semana.
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