14/07/2009

“O DIA EM QUE A PROFESSORA FALTOU”


Estávamos em fins de Maio e, como habitual para este período do ano, o tempo já se tinha feito sentir agradável e quente durante as semanas anteriores. E naquele dia, se diferença havia, era a de que estava ainda mais quente – já cheirava a Verão! - Estávamos na rua, a gozar os nossos dez minutos de intervalo entre aulas; a próxima, e última do dia, iria começar dentro de alguns minutos, às 15.00 horas, e com aquela temperatura tão agradável não nos apetecia mesmo nada ter que passar as próximas duas horas enfiados dentro dum laboratório, a brincar aos cientistas, em experiências de Físico-Química.

O que o estava mesmo a apetecer era uma ida até à praia, tomar um banhinho, dar uns mergulhos … mas para isso acontecer era preciso que a professora não aparecesse, e aquela não era lá muito de faltar, para azar nosso, e, quando isso acontecia, normalmente avisava-nos. “Nunca se sabe, pode ser que desta vez calhe” – lá íamos dizendo uns aos outros, para nos entusiasmarmos, mas sem grande esperanças!
Mas, a verdade é que o tempo ia correndo, e ela até era daquelas que sempre chegava com antecedência… Podia ser que aquele fosse o nosso dia de sorte, começámos a acreditar; a campainha estava a tocar para a entrada ; fomos espreitar ao cimo da rua, e ela não estava á vista. Já não contínhamos a excitação; a mulher, se calhar, ia mesmo fazer-nos a vontade! Todas as outras turmas já tinha entrado; só nós continuávamos na rua…mas, o facto era que os professores tinham direito a chegar com cinco minutos de atraso – “ora bolas!”, lá tínhamos que aguentar mais algum tempo! A expectativa, mal contida, já misturada com algum “sofrimento”, parecia nunca mais acabar; aqueles cinco minutos mais pareciam uma eternidade. O relógio, certamente mais amigo da professora do que nosso, parecia atacado por súbita paralisia - não andava; só nós não conseguíamos parar de andar de um lado para o outro, feitos tolos; já não contínhamos a agitação – e cada vez mais nos íamos imaginando já dentro de água!

Finalmente o tempo esgotou-se; o simpático Contínuo disse-nos aquilo que ansiávamos ouvir - podíamos ir embora! ; a “santa” da professora tinha-nos feito a vontade; tinha-nos brindado com um rico “feriado”, e que bem que ele nos soube!
Vitor Chuva
14-07-2009
Fernanda Ferreira

8 comentários:

Celle disse...

Maninha,
Saudades do meu tempo de estudante!
Era assim mesmo que acontecia!!!
Beijinhos!

Luis disse...

Meus Amigos,
Como ainda me lembro desses momentos... Eram deliciosos!!!!
Um abração.

A. João Soares disse...

Linda descrição.
As pessoas quando se referem ao tempo pensam no relógio, mas há outros mecanismos de medida, como refere. Não foram cinco minutos, foi uma eternidade. Mas esta eternidade acabou bem, com óptimo alívio para a turma.
Parabéns ao Vítor Chuva pela bela forma como escreve e à Ná por per publicado.Espero que deixe de precisar do «favor» da intermediária!

Abraços
João

Maria Letr@ disse...

Texto leve, agradável, suave, através do qual somos transportados como que em sonho até esses dias de escola, carregados de sentimentos variados: convívio com os colegas por vezes com 'partidinhas' à mistura, paixonetas, sucesso, preocupação de provas, de exames, de professores menos tolerantes ou mesmo rígidos, insuportáveis, enfim, tempos dum passado que para mim foi muito bom.
Quando o professor faltava era, realmente, festa na turma. Bons tempos esses. Lindo post.
Maria Letra

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amigo Vitor,

Mesmo já conhecendo naturalmente o texto, aliás conheço esta belíssima narrativa do teu Blog, e em primeira mão, num Inglês soberbo, o que mais e sempre me cativa nas tuas histórias, todas verídicas, é a tua forma quase mágica de como consegues transportar-me até ao momento, como se estivesse realmente presente e sentisse exactamente o que transcreves.

Simplesmente admirável.

Beijinho

Vitor Chuva disse...

Olá Amigos!

A todos aqueles que comigo reviveram a memória de um dia bem passado, proporcionada por uma "simpática" professora, o meu obrigado p'la visita.

Um abraço.

Vitor Chuva

Celle disse...

Olá Vitor!

Obrigada!
"Saudades" - tempo de inocentes irresponsabilidades!

Adelaide disse...

Olá Vitor,

Falto eu para deixar o meu comentário. Não podia faltar!
Claro que adorei e também me fez lembrar os meus tempos de menina.
E, voltar atrás no tempo, às vezes faz bem.
Como diz o amigo João, também eu aprecio muito a sua maneira de escrever. Parabéns e diga mais.

Abraço
Milai