Imagem do Google O PASSEIO DA BOAVISTA
Não quero disfarçar a amargura
Que destila os meus sonhos com avidez,
Permanecer serena, calma e segura
Nesta falsa e irónica pacatez.
Não posso apreciar só o Sol
E encantar-me com o desabrochar das flores,
Ignorar tudo à minha volta, em meu redor
E viver unicamente as minhas dores.
Não quero omitir a revolta
Que me mata todo e qualquer desejo,
Não albergo as crianças que o mundo ignora,
Não sou a luz que as afaga e protege...
Mas insisto em gritar a insegurança
Dos seus temerosos e frágeis passos,
Amar o rosto de toda e qualquer criança
Que procure indefesa um regaço.
Não posso escrever só o amor,
Fantasiar no mundo o paraíso,
Pintar nas crianças de azul a dor
Que lhes mancha o brilho de um sorriso!
Ana Martins
Escrito a 14 de Março de 2009
4 comentários:
Querida Ana,
Já Augusto Gil dizia:
«Mas crianças, Senhor!
Porque lhes dais tanta dor?
Porque padecem assim?»
O seu poema tem a força de um justificado grito de revolta, de um alerta para as pessoas imersas no egoísmo materialista actual e que não olham atentamente para os cidadãos do futuro, estes rebentos frágeis e sensíveis carentes de afectos e cuidados.
Não se pode continuar a centrar toda a vida social na busca do lucro e da riqueza material e financeira, é preciso olhar a Economia com verdade ao serviço da caridade.
Parabéns por este belo poema de beleza e de luta.
Beijos
João
Bom dia Ana.
Mais um belíssimo poema cheio de ternura pelas crianças que tanto me encantam. Rimar sôbre elas é espalhar amor pelo mundo.
Parabéns.
Maria Letra
Querida amiga Ana...simplesmente fabuloso e comovente.
Não há nada mais sublime do que o amor pelas crianças.
Parabéns,
Ná
Olá Ana Martins!
O não poder fazer todo o bem de que se gostaria causa amargura a quem é mais ensível ao sofrimento alheio e, muitas vezes, acaba por torná-lo nosso!
Lindo e sofrido o seu poema!
Um abraço.
Vitor Chuva
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