Vila Nova de Cerveira - Terra adoptada

Queridos Leitores e Amigos,
Ontem ao falar com uma grande amiga da minha cidade natal, o Porto, fui atacada pela saudade, confesso. Contudo e curiosamente é uma saudade mais de alguns lugares, dos amigos, de paisagens, de cheiros do que propriamente da vida que lá vive, essa foi sem dúvida muito mais complicada e dura...

Eu amo o Porto, sempre amarei, mas e apesar de lá ter vivido quarenta anos, esta pequena vila idílica que escolhi para viver, terra natal do meu pai, foi pela família adoptada e não mais será abandonada pois por ela nos apaixonamos.

Ao falar com esta minha amiga, percebi que ela, bem como muitos outros leitores, nada ou muito pouco sabem da minha bela vila. Decidi então mostra-vos com alguma periodicidade e por partes a beleza incomparável desta lindíssima Vila. Tenho a certeza que vão amar conhecê-la.

A presença humana no território que hoje correspondente ao Concelho de Vila Nova de Cerveira remonta à pré-história.
No entanto, o Concelho de Vila Nova de Cerveira só começaria a ganhar expressão territorial aquando do processo de reconquista, após as invasões árabes, o que viria a ser enfatizado pela autonomização do Condado Portucalense, em 1096. É neste período que o Rio Minho assume definitivamente o seu papel de fronteira, forçando ao estabelecimento de pontos fortificados que balizassem e defendessem o curso do rio. Surgia assim as Terras de Cerveira.
Com a atribuição da Carta de Foral por D. Dinis, corria o ano de 1321, e a construção de um novo castelo, destinado a proteger a vila em desenvolvimento surgiu a Vila propriamente dita. É contudo no séc. XVII e em consequência das Guerras da Restauração que seria marcada a história deste Concelho e o seu património histórico, ao ser construída uma fortaleza que envolveu a vila, apoiada por dois outros pontos fortificados, a Atalaia do Alto do Lourido, e o Forte de Lovelhe.
O seu castelo e fortalezas, de elementos defensivos transformaram-se em património histórico, que importa conservar enquanto símbolos portadores da identidade do Concelho e das suas Gentes. O mesmo se poderá dizer das suas igrejas e demais património histórico, cultural e etnográfico, cujo conhecimento permite compreender, hoje, o que é ser “cerveirense”.


O nome de Vila Nova de Cerveira tem origem na seguinte história: Era uma vez um cervo, que os Deuses do Olimpo quiseram que fosse Rei. Escolheu estas terras desabitadas do "bicho" homem e aqui plantou sua colónia de cervos de tal modo que nas redondezas toda a gente passou a chamar a estes lugares "terras de cervaria". Muitos anos correram. Lutas e calamidades foram dizimando a colónia, até que ficou só o Rei Cervo. Diz a lenda que na Reconquista quando os Senhores de pendão e caldeira desceram à conquista do que seria mais tarde o "Condado Portucalense", um jovem fidalgo desafiou o Rei Cervo para uma luta frente e frente, e o velho senhor aceitou. E sem apelo nem agravo conta-nos a História que o Rei Cervo venceu! Ficou com o pendão do fidalgo e, a partir daí, seu brasão de armas foi a bandeira conquistada.

Fernanda Ferreira