O vento não deixa de soprar
por entre a “ramaria”
dos amieiros, choupos
E dos cabelos daquela mulher.
Um vento forte
Sacode, torce
E contorce
Esgaça e arregaça
A saia,
O decote
Deixando a descoberto
As vontades e os sons do coração.
Cortejo de movimentos,
Rodopiar de emoções,
Livro aberto
na página certa
Poema por acabar.
Maçã, madrugada
Lampejo de luar.
Lua tua.
Lua pura em quarto crescente
Resvalando de encontro à madrugada
Que tange em Dó Maior
Harpa, mão, afago
Grito que se escuta
Para além do horizonte.
O vento não deixa de soprar.
desfralda velas
Atiça fogueiras
E arruma a um canto
O canto da cotovia.
Tens pressa de chegar,
Mulher madrugada.
Tens pressa de chegar
Mulher, Mulher.
Mas o vento
não pára de soprar
E tu?
Abraça o vento e vai.
Arregaça a saia e vai
Vai para outro qualquer lugar.
O vento não deixa de soprar.
“Vai... Vai”
Autor(a): Maria José Areal
26-03-2008
26-03-2008
Fernanda Ferreira
4 comentários:
Amiga NÁ,
Como sempre muito bem escolhido este poema a refletir a sua sensibilidade!
Um grande abraço.
Ná,
Esqueci-me de elogiar a sua escolha para a imagem que acompanha o poema que é igualmente muito a propósito e muito bonita.
«Vai...vai»
A vida é movimento, é mudança. O vento é a vida da natureza. Portugal não teria sido grande sem o vento que enfunou as velas das caravelas. O Norte de Portugal não teria tantos solares se não tivesse havido a emigração para o Brasil.
A nossa maior desgraça tem sido a incapacidade de manifestar a indignação referida por Mário Soares e termos sucumbido ao comodismo da resignação que Cavaco Silva tem criticado.
Precisamos de aproveitar o vento e a ousadia para mudarmos, com lógica para melhor. Mas, se não for melhor, pelo menos evitamos as águas paradas do pântano mal cheiroso e podre.
Aproveitemos o vento.
Uma braço
João Soares
Queridos amigos,
Bem hajam os poetas e as poetisas.
Beijinhos,
Fernanda
PS. Não vejo a hora de ter a prória a publicá-los...
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