18/04/2009

«Sem eira nem beira»

Como os autores deste espaço gostam de boa música, eis uma boa letra dos Xutos que, assim, resumem uma análise da sociedade em que vamos vivendo. Nada de novo trazem ao muito que já sabemos, mas dizem-no com muita arte e de forma a ficar nos ouvidos. Agora é só ficar à espera da malhação e como não há ofensas pessoais, a malhação irá usar formas indirectas, insidiosas. Vale a pena estar atento.

A letra do tema «Sem eira nem beira», dos «Xutos & pontapés»

Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou-bem

Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar/Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor

Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir/Encontrar
Mais força para lutar...

(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer

É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar/A enganar
o povo que acreditou

Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...

(Refrão)

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder

Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão

Ouvir a música em http://www.youtube.com/watch?v=yG4BUZ9zcBg

3 comentários:

Luis disse...

Amigo João,
A propósito do "sem eira nem beira", foi no Brasil, em Porto Seguro, que tive a explicação dessa expressão. Conhecia-lhe o significado como expressão idiomática e sabia como e onde utilizá-la mas não realizava de todo o porquê da mesma. Foi lá com um guia turistica que aprendi esse porquê. Nunca é tarde para aprender, mas por cá os nossos..... é que nada aprendem porque de tão ignorantes que são julgam tudo saber e dessa forma nada aprendem! Como costumo dizer: "Que tristeza de Vida a nossa, a do Zé Povinho".

A. João Soares disse...

Amigo Luís,
Esqueceste de nos ensinar qual é origem que te contaram da expressão que constitui título deste hino dos Xutos. Podes ouvi-lo fazendo clique no link que está no fim do post. Não quero que te falte nada!
Abraço e b.f.d.s.
João Soares

Luis disse...

Amigos,
Realmente acabei por não dizer o que a frase indica. Para os que não sabem esta expressão tem a ver com os telhados das casas. Os ricos nos telhados das suas casas têm beirados ou beiras (que são aquelas cimalhas que rematam os telhados), os remediados só tem como remate dos telhados as últimas telhas que sobressaiem das paredes e que são chamadas as eiras e nos pobres nos telhados das suas casas as telhas caiem rés-vés as paredes ficando "sem eira nem beira".