Dispersam-se as acções
Entre as diversas nações.
Insultos, entre políticos,
Dão temas a muitos críticos
Que acabamos, sem saber,
Se devemos, ou não, ler.
Investe-se, loucamente,
Sem resultado aparente.
Pedem-se créditos largos,
Com prejuízos amargos,
Protege-se o Sr. Doutor,
E nos pobres ... quanta dor!
Fazem-se acordos de paz,
P'ra proteger quem se apraz.
.................................
E enquanto a tudo isto
A que, revoltada, assisto ...
.................................
Tanta gentinha não come
E, vencida pela fome,
Acaba por sucumbir,
Sem poder fazer-se ouvir.
E nesta vida, confusa,
Há gente que se recusa
A abrir os olhos, por crer,
Que nada pode fazer.
Com mesas bem enfeitadas,
Barrigas "abarrotadas"
E um coração que não sente,
São chamadas "boa gente".
Tão cómoda posição,
Em tremenda situação,
Não é mais do que corrupta.
De certeza absoluta!
Outra realidade triste ...
A bomba atómica existe
E, com tanto louco à solta,
Cheio de ira e revolta,
Temo muito pelo futuro,
Que antevejo muito duro.
Muitos, terão a resposta,
Só que outro tanto, não gosta.
A culpa irá, sem excepção,
Para aquele cuja ambição,
Foi maior do que saber,
Dum direito comum: VIVER!
Maria Letra
Londres, 29 de Março de 1985
11 comentários:
Cara Maria Letra,
Muitas felicitações por mais este poema, infelizmente sempre actual neste rectângulo doente com gravidade.
Um retrato muito completo da situação da humanidade, da degradação das sociedades que têm vindo a perder valores éticos numa cadência assustadora. A globalização trouxe o aumento da ostentação, por qualquer forma, o consumismo, a apetência pelos bens materiais, a concorrência desenfreada no «faz-de-conta».
E o mais grave desta situação imoral e selvagem é não vermos da parte dos responsáveis pelos Estados capacidade e coragem para inverter esta descida para a degradação de valores sociais. Esta crise não está a ser aproveitada para a purificação de sistemas doentes, e perde-se uma boa oportunidade de recuperar os valores éticos de verdade, honestidade, dedicação à função pública, como devia ser apanágio de políticos.
Este seu trabalho vem fazer coro com o post, Medina Carreira faz reflectir publicado ontem no blogue Do Miradouro.
Cara Amiga e colega, contiunue a presentear os visitantes deste espaço com os seus óptimos trabalhos. Parabáns pela cus capacidae de participação no blogue.
Abraço
João Soares
Bom Dia Maria Letra,
Antes de mais, parabéns pela facilidade como escreve, tanto em prosa com em poesia. Admirável!!!
Este seu poema, como diz o anterior comunicador, é um fiel retrato da nosso mundo actual, onde os valores mais preciosos estão visivelmente perdidos, esperemos que não irreversivelmente!!!
Lamentavelmente só posso concordar consigo, embora saiba de muita gente (felizmente somos nós aqui prova viva disso) que se preocupa e que dá voz ao que sente. Bem haja, Maria.
PS. Cometi um erro de palmatória no meu post anterior, julgo que por distracção, apesar de ultimamente estar a escrever mais em Inglês, «emigrante e não logicamente imigrante», eu sei bem a diferença. Desculpem os leitores.
Beijinho desde Cerveira da outra Maria,
Fernanda Ferreira
Bom dia, João Soares e obrigada pelas suas palavras no que se refere ao que escrevo.
O que o amigo diz sôbre a política em geral e, sobretudo, sôbre o que se passa em Portugal é uma realidade tão triste, da qual o povo português é vítima directa, que dói, dói mesmo muito. Dói porque sofrem no seu dia-a-dia as consequências dum país muitas vezes governado por homens sem capacidade para tal, famintos de poder e de notoriedade e dói porque, ao invés das coisas melhorarem, pioram com mais este ou aquele desonesto que desvia dinheiro, aceita o pagamento de luvas, passa por cima de tudo e de todos para conseguir os seus objectivos, enfim, uma autêntica vergonha para um país que não passa da cêpa torta.
Não posso, porém, deixar de sentir-me feliz quando leio ou ouço falar de portugueses que estão na primeira linha de tantas coisas, tais como concursos ganhos, descobertas científicas, enfim, uma série de coisas que, para tantos do meu país, não têm a importância das tertúlia cor-de-rosa, essa porcaria de programas que alienam e espevitam a curiosidade de quem não tens mais que fazer do que estar atentos ao que se passa na vida de pessoas, na maior parte das vezes simplesmente, comuns. Pior ainda, esses, a maioria das vezes, têm de deixar o seu país para serem recompensados por aquilo que podem dar em benefício dos outros.
Obrigada, João Soares, por estar atento e não creio seja demais repeti-lo.
Quanto ao artigo àcerca do Prof. Medina Carreira ..., eu já tinha lá deixado uma mensagem ontem, amigo. Como apreciei este seu trabalho e, sobretudo, o que ele afirma tão abertamente, sem papas na língua.
Maria Letra
Maria Letra
Por motivos alheios à minha vontade, especialmente grande acréscimo de trabalho, tenho-me mantido afastada do Sempre Jovens, onde colaborei desde 5 /8/08 até 3/2/09, publicando, religiosamente, à terça-feira.
Contudo, apesar da suspensão da minha colaboração, tenho acompanhado a “vida” do blog, tendo verificado, há dias, o seu aparecimento, como nova colaboradora.
Aguardei uns dias, umas publicações suas, respostas a comentários…e agora sim, estou apta a dar os parabéns, ao João pela escolha que fez, e a si pela qualidade que denota nos seus textos.
Não quero, de forma alguma, estar a dar-me ares de “expert”, (que não sou); mas sei reconhecer uma pessoa que sabe escrever (bem), e o faz com conhecimento de causa.
Desejo-lhe as maiores felicidades nesta “casa” que passou a ser sua, integrada numa equipa de grande qualidade, constituida por bons amigos.
Mais uma vez parabéns aos dois – João e Maria Letra.
Beijinhos
Mariazita
Querida Amiga Mariazita,
É um prazer voltar a encontrar aqui os seus escritos. Este espaço é ilimitado e precisa de mais colaboradores, A escolha não é fácil mas, felizmente, vamos tendo muito boa qualidade, Fica aqui à sua disposição lugar para admissão de mais colaboradores, para usarem e «abusarem» do espaço, enchendo-o de muitos e variados trabalhos de boa qualidade.
E termino este comentário porque já aqui troquei piropos com a Maria Letra.
NOTA: Nas últimas 24 horas tivemos 108 visitantes, o que é muito bom.
Abraços
João Soares
Maria Letra
Um verdade dita em poesia! O el contado está guardado, por quem fez crer que os papéis também eram para valer. Afinal, dinheiro quem o guardou, espera até que haja mais famintos, que calados lutarão muito, para algum obter.
Então é fartar vilanagem!
Daniel
Mariazita,
Dado que não me conhece, eu vou pedir-lhe apenas uma coisa: que acredite no que digo vendo sempre, no que escrevo, um produto do meu coração, já que a cabeça é perita em camuflar sentimentos e eu não quero isso.
Agradeço muito as suas palavras, mas eu não estou feliz, acredite. Quando aceitei vir aqui escrever uns "palpites", como dizemos em Portugal, eu fi-lo num contexto diferente, esperando ler e ser lida, naturalmente, mas para meu espanto, eu vejo que as pessoas que nele colaboravam não estão a fazê-lo ultimamente e eu gostaria de estar aqui com diversidade de temas, com várias pessoas a oferecerem o seu saber escrever, seja ele qual fôr. O importante é comunicar com os outros.
Precisamente no momento em que vi o seu comentário, eu ia pedir desculpa e retirar-me, posição que assumirei se continuar a sentir-me isolada na escrita, com o João Soares. E sabe porquê, Mariazita? Porque fico com a sensação de que foi tudo embora e me deixaram para aqui sózinha a escrever, apenas na companhia do amigo João Soares, pessoas de grande mérito e muito maior valor do que o eu. Mas nem estamos aqui para discutir ou pôr à prova valores, repito. Estaremos aqui para participar e, acredite, dar-me-ia muito prazer saber que irá continuar a dar-nos o prazer de ler o que escreve.
Um beijinho reconhecido e, mais uma vez, obrigada.
Maria Letra
Cara Maria Letra,
Na mensagem que há pouco me enviou, fiquei com a impressão de que a amiga pensava que a Fernanda Ferreira é colaboradora do SJ. Acho que seria uma boa companhia e enviei-lhe uma mensagem a perguntar se responderá afirmativamente a um convite. Estou à espera de uma resposta. Oxalá consigamos tê-la na nossa equipa.
Abraço
João Soares
Amiga Maria Letra,
um grande e fantástico poema... Todo ele centrado na triste e dura realidade do nosso País... Parabéns e grata pela partilha!
Beijinhos,
Ana Martins
Obrigada, Fernanda Ferreira, pelas suas palavras e fico muito feliz por vir até nós, porque estava a sentir-me muito isolada. Gosto da diversidade dos temas, mais possíveis de conseguir quando há varios intervenientes. Embora os meus poemas, ou pelo menos os que julgo mais de acordo com este blog, denunciem um evidente desencanto meu em relação ao que se passa, quer em Portugal, quer no mundo, eu não tenho só esse tipo de sentimento quando brinco com a poesia. Sou uma pessoa muito alegre e positiva, apesar dos grandes escombros que me puseram na estrada da minha vida e que, por culpa minha, não soube evitar me magoassem.
Quanto à sua correcção, não se preocupe que nós pela aragem já vimos quem vai na carruagem ... Sabíamos já ter-se tratado dum engano.
Obrigada, uma vez mais e um abraço. Volte sempre.
Maria Letra
Olá Ana Martins. Já tinha sentido a sua falta. Espero vê-la por aqui mais vezes.
Obrigada pelo cumprimento. Faço minhas as suas palavras pelo que escreve.
Um abraço.
Maria Letra
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