23/03/2009

Poema ad un sconosciuto

A internet é um meio que tem tanto de bom, quanto de mau. Não vou fazer pesar mais nenhum dos pratos da balança porque não creio seja possível conhecer-se uma estatística verdadeira. Teríamos de ir ao infinito das buscas e eu nunca acreditaria na veracidade das mesmas. Paciência, sou uma céptica em relação a muitas estatísticas.




Criei, através deste actualíssimo meio de comunicação, grandes amizades, alicerçadas em já alguns anos de convívio virtual são, tanto pela troca de tesouros culturais que vamos descobrindo e que desconhecíamos, com os quais nos presenteamos, mutuamente, como por simultânea troca de "confissões" pessoais que serviram, pelo sinceridade mútua posta nas mesmas, de alicerce a uma autêntica relação fraterna. Sim, porque não acredito num outro tipo de relação conseguida através da internet. "Regra quase geral", acaba no fracasso, talvez porque, a reacção às confidências que vamos fazendo, depois duns 2 ou 3 anos de convívio, pode gerar em nós a esperança dum ser perfeito que acaba por revelar-se mais-que-imperfeito. É assim que vejo esse tipo de relação e não creio haja alguém que possa dissuadir-me desta minha convicção, embora eu nem tenha razão nenhuma para pensar assim.

Tenho um amigo, desde 2003, com quem comunico, se não diariamente, pelo menos umas 5 vezes por semana. Trata-se duma pessoa muito culta, muito carente da amizade das pessoas com quem comunica e que merece o meu maior respeito pela forma como sempre me tratou. Ele tem um problema grave de saúde desde 1979 e é, em sua honra, que transcrevo um poema que lhe dediquei e que agora publico. Peço desculpa a quem não conheça bem a língua italiana. Eu também escrevi o poema como fui capaz e estou certa ele me perdoaria algum êrro, muito possível, se o pudesse ler.


Vorrei che le tue parole
Non fossero frutto dell'abitudine
Ma fossero, questo si,
Una verità nella mia solitudine,
Nel buio di questo mezzo
Di communicare,
Dove la realtà non vince
In questo nostro imaginario
Che, per realizzare i sogni,
Cerca degli ingredienti
Difficili da trovare
Nel più complesso boticario.

Sei lontano, ma ti sento vicino
Del mio credere, così carino,
Di saperti volermi,
Amico mio, sconosciuto,
Ma che mi sei tanto piasciuto.

Nel povero italiano, mio,
Ti ho detto quello che sento,
Al modo mio ... con verità.
Il mio cuore, arrabiato
Dalla sua sincerità,
Batte più forte
E vergognato ...
Hai avuto, ben stretto,
Un suo abracio e
Il grande privilegio,
Di averti detto
Quello che sente.
Hai avuto, anche, più sorte
Di tutti quanti a chi
Non vuole dire niente.

Maria Letra

9 comentários:

Daniel Costa disse...

Maria Letra

Gostei de ler o judicioso teor do que deixa escrito. Não posso deixar de estar de acordo.
Embora julgue ter algum conhecimento, até das formas de escrever, confesso-me um pouco crédulo, até determinado ponto. Tenho que considerar, que aparecerem "parequedistas", em quem confiamos, mas sob reserva.
Este meio, aparentemente diferente, é exactamente um mundo mais vasto, mas em nada difere daquele que, por inerência, passava certas manhã a tomar nota dos conteúdos da correspondência.
Felizmente, houve e há, muitas excepções de amizades, é para esses que temos o dever de procurar ser exemplares.

Considerações,
Daniel

A. João Soares disse...

Cara Mizita,
Não me pronuncio quanto ao poema, mas sobre a Internet, concordo consigo em grande parte. Considero a Internet como uma ferramenta extremamente útil. Se agora acabasse o mundo passaria as er algo muito primário e muita gente teria colapso grave. Ao defender este conceito de ferramenta, costumo compará-la com um garfo que é indispensável para comer, mas, nas mãos de crianças mal educadas e zangadas, pode ser uma ferramenta altamente perigosa, uma arma, pois com ela pude arrancar-se um olho a outro.
O que é preciso é ensinar as pessoas a conhecer as virtualidades e os perigos deste meio de comunicação para não lhes acontecer um azar e para deles tirarem o máximo benefício.
Um abraço
João Soares

Unknown disse...

Querida amiga Maria Letra,
muito bonito o poema, transmite um sentimento forte de amizade, gostei muito!

Lindo o gesto... é sempre muito bom sentir que temos alguém que gosta de nós... Mesmo que virtualmente!

Beijinhos,
Ana Martins

Maria Letr@ disse...

Exactamente, Daniel, é para esses mesmo, que refere, que temos o dever de procurar sermos exemplares. Eu procuro sê-lo, sem dúvida. Exijo, no entanto, correcção.
Cumprimentos, Daniel.
Obrigada.

Amigo João Soares, nós já temos cabelos brancos numa cabeça que pensa .... o problema está nos que têm a cabeça ôca e nos jovens.
Um abraço e obrigada.
Maria Letra

Olá Ana Martins! Como gosto de sabê-la por perto ... Então, não vem nada daí? Estamos à espera.
Obrigada pelo comentário.
Beijinhos.
Maria Letra

Amigos, faz falta aqui a Mara e a Fernanda .... O que será feito delas hoje?

Unknown disse...

Amiga Maria Letra,
postei no dia 21, parece-me que não viu.

Beijinhos,
Ana Martins

Pelos caminhos da vida. disse...

Qto a internet concordo com vc.
Eu mesma já me decepicionei várias vezes.
Sou neta de italianos e acredite se vc quizer não falo essa lingua e tão pouco a entendo.

beijooo.

Adelaide disse...

Querida Mizita,

O teu poema en italiano, que eu compreendo completamente pelo tanto que adoro a lingua italiana, encheu-me de prazer. Deste-me ocasião de relembrá-la e saboreá-la. Na Ópera, que tanto amo e da qual sinto tanta falta porque a vivi por dentro, como sabes, o italiano é a língua mais cantada. Portanto, foi o prazer de o ler e o prazer de relembar o canto que nos faz estremecer da cabeça aos pés e as palmas de uma plateia em pé...só não caímos para o lado, de comoção, porque temos de nos manter em posição correcta e segurar a partitura com a mão lado direito.
Obrigada, Mizita.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amiga Mizita,
Que maravilha !!! Lindíssimo poema !!!! Sem palavras …………….
Il tuo Italiano mi sembra perfetto...
Quanto aos vantagens e desvantagens da Internet, nós sabemos bem quais são, estamos de acordo, como já parece ser habitual.
Tenho dois textos sobre este mesmo assunto no meu Blog e também como tu, tenho um amigo (entre muitos) que me merece um carinho especial, com quem converso todos os dias…conheci-o no Forum Flo-Joe e nunca mais deixamos de nos comunicar. Só não lhe escrevi um poema (embora já tenha tentado) porque não sei fazê-lo.

Como vês, tanta coisa em comum…
Beijinhos,
Fernanda

PS. Tenho estado atenta e a trabalhar para brevemente publicar novamente, contudo e devido aos pólenes que no campo são mais abundantes, estou com uma conjuntivite, o que me limita um pouco.

Maria Letr@ disse...

Um obrigada às amigas Mara e Ná, pelas vossas palavras. Gosto imenso de escrever em italiano, de vez em quando, e tenho alguns poemas nessa língua. Vivi lá, não admira.
Distribuo um pouco de mim por Portugal, pelo Reino Unido e por Itália. Sou feliz com isso. Mantém sempre vivo o meu gosto pelo conhecimento. Tenho razões para estar ligada, também, a França, mas só por questões familiares já que vou lá muito menos vezes.
Então, quando é que saiem daí coisinhas fresquinhas para lermos, logo após a conjuntivite, no caso da Ná e os afazeres no seu blog privado, no caso da Mara, as libertarem nem que seja só um pouquinho?... Estamos à espera. Não quero esperar sentada que dá ferrugem aos ossos ...
Beijinhos.
Maria Letra