Aqui, jaz
Alguém que já nada faz,
Nem, provavelmente,
O fez alguma vez.
Na caixa que o encerra,
Deixa que a terra
O reduza à sua origem,
À sua expressão mais virgem.
Para ele,
O Deve e o Haver
Já não têm Razão de ser.
Para muitos,
A Contabilidade
É uma necessidade,
Uma afirmação
Da sua situação
Na vida.
O seu valor humano,
É directamente proporcional
Ao valor
Do seu Capital.
É um conceito desumano.
Mas é assim.
Contudo,
Esse valor não é tudo.
É nada!
É a tua essência mascarada.
É um cálculo, errado,
Que te fará passar
À categoria de condenado
Se nada tiveres.
A vida tem um valor
De dimensão maior
E mais profunda,
Nesta sociedade
Moribunda.
Eu tento ignorar
Estes valores mesquinhos,
Em que abunda,
Preversidade,
Corrupção
E traição.
Vida ...
É um coração que bate,
Que vibra,
Que agita,
Que sente
Um amor ausente,
Que jamais estará presente.
Eu sei onde está o valor
De cada um de nós,
Mesmo sem Contabilidade:
Está no amor,
Pelos que sofrem.
Essa é que é a verdade!
Maria Letra
3 comentários:
Cara Mizita,
Uma bela poesia, lição de civismo que deixa bem definida a diferença em o TER e o SER. O ter pode evaporar-se por efeito de qualquer crise ou percalço, mas o SER está connosco, inserido no mais íntimo de nós e ninguém o rouba, não se perde.
É pena que os valores éticos sejam postergados e as pessoas esqueçam a valorização do ser - inteligência, saber, moral, honra, seriedade, honestidade.
Um abraço
João Soares
Querida Mizita,
Passamos tanto tempo "juntas", especialmente hoje, que se estabeleceu uma relação especial entre nós. Obrigada por tudo.
Amiga, eu sou louca por poesia, mas infelizmente não tenho o mínimo jeito, o que te vou dizer pode parecer feio, mas eu sei que entendes, que "inveja"!!!
Tu escreves sempre lindamente e dizes coisas muitas sérias de uma forma simples, como eu gosto e mais admiro,
Lindo.
Parabéns.
Fernanda
Amigos João Soares e Fernanda Ferreira, obrigada pelos comentários. Eu sou uma pessoa simples por natureza, atenta e sensível ao que me rodeia, escrevendo, portanto, sem floriados, sôbre o impacto que têm sôbre mim certas injustiças. Faço-o da forma que sei, sem saír de certas margens para não me afundar em águas que não conheço.
Um abraço.
Maria Letra
Enviar um comentário