21/03/2009

A Contabilidade e a Vida

Aqui, jaz
Alguém que já nada faz,
Nem, provavelmente,
O fez alguma vez.
Na caixa que o encerra,
Deixa que a terra
O reduza à sua origem,
À sua expressão mais virgem.
Para ele,
O Deve e o Haver
Já não têm Razão de ser.
Para muitos,
A Contabilidade
É uma necessidade,
Uma afirmação
Da sua situação
Na vida.
O seu valor humano,
É directamente proporcional
Ao valor
Do seu Capital.
É um conceito desumano.
Mas é assim.
Contudo,
Esse valor não é tudo.
É nada!
É a tua essência mascarada.
É um cálculo, errado,
Que te fará passar
À categoria de condenado
Se nada tiveres.
A vida tem um valor
De dimensão maior
E mais profunda,
Nesta sociedade
Moribunda.
Eu tento ignorar
Estes valores mesquinhos,
Em que abunda,
Preversidade,
Corrupção
E traição.
Vida ...
É um coração que bate,
Que vibra,
Que agita,
Que sente
Um amor ausente,
Que jamais estará presente.
Eu sei onde está o valor
De cada um de nós,
Mesmo sem Contabilidade:
Está no amor,
Pelos que sofrem.
Essa é que é a verdade!

Maria Letra

3 comentários:

A. João Soares disse...

Cara Mizita,
Uma bela poesia, lição de civismo que deixa bem definida a diferença em o TER e o SER. O ter pode evaporar-se por efeito de qualquer crise ou percalço, mas o SER está connosco, inserido no mais íntimo de nós e ninguém o rouba, não se perde.
É pena que os valores éticos sejam postergados e as pessoas esqueçam a valorização do ser - inteligência, saber, moral, honra, seriedade, honestidade.
Um abraço
João Soares

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida Mizita,

Passamos tanto tempo "juntas", especialmente hoje, que se estabeleceu uma relação especial entre nós. Obrigada por tudo.

Amiga, eu sou louca por poesia, mas infelizmente não tenho o mínimo jeito, o que te vou dizer pode parecer feio, mas eu sei que entendes, que "inveja"!!!

Tu escreves sempre lindamente e dizes coisas muitas sérias de uma forma simples, como eu gosto e mais admiro,
Lindo.
Parabéns.

Fernanda

Maria Letr@ disse...

Amigos João Soares e Fernanda Ferreira, obrigada pelos comentários. Eu sou uma pessoa simples por natureza, atenta e sensível ao que me rodeia, escrevendo, portanto, sem floriados, sôbre o impacto que têm sôbre mim certas injustiças. Faço-o da forma que sei, sem saír de certas margens para não me afundar em águas que não conheço.
Um abraço.
Maria Letra