19/03/2009

A psicologia na educação

Com base num texto da amiga M. João que se dedica à educação na escola e em casa.

Em caso de já não se lembrarem, o Sô Professor Daniel Sampaio nos idos dos anos 80 e 90 do século passado escreveu e falou e falou e escreveu e escreveu e falou sobre "negociação", como método de educar as crianças.

Era tudo para negociar. As regras em casa e as regras na escola. E em todo o ladinho !
Tadinhas das criancinhas - e sobretudo dos adolescentezinhos (era mais este a área dele) - que tão traumatizadas ficavam com tanta coisa má que lhes acontecia !!! (era o divórcio dos pais, a morte do gato, a repressão = não negociação, etc. etc. etc.).

Cheguei a fazer um dia de formação (em 1992) com o Sô Professor e percebi logo - o neuróniozito com que nasci até se tem aguentado - a GANDA treta.

Pelo que, desde o Dótor Spock e passando por todos os Sôs Professores como este, a coisa resultou no "séquesso" em todas as áreas...

Agora o escândalo: que tal se nós, os Professores, tivéssemos levantado a(s) voz(es) para denunciar destas e parecidas em vez de criar nas escolas gabinetes ridículos com nomes rídiculos para receber as "crianças" mal educadas ? É que estes gabinetes são constituídos por profs de tudo que lá passam umas horinhas: dantes para completar horário e agora para fazer as horitas da componente não lectiva presencial.

O meu GRANDE problema já nem é a Lurdes y sus muchachos...
Para bom entendedor meia palavra basta... Não, não pifei. O rei vai mesmo nu. É porque estão todos a fingir que sabem qualquer coisa de qualquer coisa, deixam o séquesso ir em frente, de vitória em vitória até à derrota final.
Mª João

p.s. - ah ! e que ninguém se lembre de me oferecer o livro do Sô Professor sobre os avós !!! É lamechice da grossa pela certa! Recordo um exemplo vivo:

A Alice fez uma fita levada dos demónios comigo anteontem (em toda a sua vida de quase 5 anos é a 2ª que faz, deve ter-se esquecido da 1ª...) . Disse-lhe que, ok, fosse berrando e chorando e que quando decidisse calar-se e tirar o pijama para tomar banho e vestir a roupa adequada - e não a que ela queria - viesse falar comigo. Fui para a cozinha adiantar o almoço, enquanto ela gritou, berrou, esperneou e até atirou ao ar a sua girafa de estimação.

Ao fim de uns 20 minutos de berros, gritos e, por fim, soluços, tirou o pijama e meteu-se na banheira.

Acabámos a manhã no parque infantil (onde eu tinha falado em ir logo bem cedinho).
Expliquei-lhe que gostava muito dela, gostaria sempre. O que não gostava era de birras , berros, gritos , teimosias e más educações. Como sai a esta avó, é elementarmente inteligente. Declarou "Gosto muito de ti, vóvó. Olha, compras-me um gelado?".

Não pareceu nada traumatizada e até hoje parece que a criança tem comido e dormido como de costume. Acham que fiz mal em não negociar com ela ?... Ai... estou tão preocupada ...

6 comentários:

Maria Letr@ disse...

Amigo João Soares,
Orientei-me muito bem e com grande proveito, com a ajuda dos dois volumes do Dr. Benjamim Spock, durante o crescimento dos meus filhos, o qual foi contestado ao defender que os pais não devem privar-se de nada por causa dos filhos. É discutível. Eu, por exemplo, durante 8 anos fui mãe a tempo inteiro e o máximo tempo que estive sem ir, sequer, a um cinema, foi 2 anos. Claro que tive 6 filhos com uma diferença entre cada um de 20 e 22 meses e dos dois últimos 4 anos.
Tirei um curso de psicologia infantil que, creio ter já referido, funcionou muito bem com o 1.º filho e muito mal com o 2.º. A minha opinião é de que cada caso é um caso e cada momento deve ser analizado com cuidado. Sou contra a violência e nunca precisei de usá-la. Mas a minha história é demasiado complexa para trazê-la a um blog. Todavia, gostaria de deixar aqui clara a minha posiçâo: Sou absolutamente contra Salazar quando defendia que: "umas palmadinhas dadas a tempo ...". Depende das palmadinhas! Saber parar com play stations, jogos e joguinhos, programas de televisão e computadores, enquanto não provarem que é muito importante respeitar os outros e não tirar negativas, pode ser um bom método de educar, por exemplo.
Maria Letra

A. João Soares disse...

Vara Maria Letra,
O relacionamento entre as pessoas deve ser apoiado no amor, na confiança, no diálogo com franqueza e espírito de colaboração com respeito pelas diferenças. A educação deve assentar na persuasão, pela explicação das coisas, afastando caprichos e teimosias de parte a parte.
Com base nestes princípios e no bom senso tudo resultará bem sem serem necessários castigos físicos ou de outro género.
Um abraço
João Soares

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Olá novamente,

A Maria diz olá João, mas eu sinceramente não consegui ver quem é o autor...
Parabéns mesmo...gosto muito da forma como escreve, leve e descontraída mas simultaneamente rica, com pitadas coloridas de cores alegres. Adorei!!!

Eu que sou mãe de um só filho, lindo, educado, carinhoso, dedicado e muitíssimo amado, talvez vos pareça suspeita. Eu explico...só tenho o Pedro como referência de como educar bem um filho. Até a alegria de ser avô me foi negada, pelo menos por enquanto.
Contudo, acidentalmente, como costumo dizer, também fui professora. Devo dizer que tenho algumas saudades...de alguns alunos...que posso contar pelos dedos.
Os meus actuais alunos são todos adultos, à excepção do Tomás a quem dou explicações, menino bem-educado sem dúvida!!! A sério!!!

A psicologia na educação nas Escolas bem como nos Lares, na sua grande maioria, parece ineficaz, as crianças e os nossos adolescentes estão cada vez mais indisciplinados. Se são negligenciadas em casa pelas famílias, se vêm programas televisivos nocivos, se é algo geneticamente adquirido, não sei … Sei sim, que na grande maioria estão insuportáveis, a má criação reina em todo o lado, sem dúvida.

Eu, como a Maria, também não sou a favor de violência, seja ela qual for… mas há, sempre houve meios/métodos para educar. Tudo isto sem deixar de acarinhar, amar, mimar e fundamentalmente formar.

Abraço caloroso a todos,
Fernanda Ferreira

A. João Soares disse...

Cara Fernanda,
Este texto foi-me enviado pela amiga Maria João. Achei-o interessante e disse-lhe que gostava de o ver publicado no blog, perguntei se ela autorizava e se queria dar-lhe alguns retoques. Respondeu que eu o podia publicar mas alterando o nome da neta. Fiz-lhe pequenos ajustes de formatação e inventei a Alice.
Portanto, quem decidiu publicar e quem publicou foi o João!
A autora é a Mª João!!! que não é colaboradora do blog.
Fiz esta explicação porque no post não está bem claro e a Fernanda não gosta de meias tintas!!!
À Mª João agradeço, mais uma vez a cedência do seu post e pode estar descansada que não lhe oferecerei qualquer livro do psicólogo Daniel Sampaio.
Abraços
João Soares

Táxi Pluvioso disse...

Negociar é bom para que no futuro saibam como ganhar muitos bons bonus nas empresas ou receberem apoios do Estado.

A. João Soares disse...

Amigo Táxi Pluvioso,
Espero que quando os estudantes actuais forem executivos, já haja mais moralidade e menos exploração.
Dizia alguém que as empresas têm dois pilares:
1.o capital, representado pelos donos, gestores, equipamento, instalações.
2.os trabalhadores, a mão-de-obra.
Se falha um destes pilares a empresa não funciona. Então, qual a razão de os lucros, os benefícios, serem todos canalizados para o primeiro vector, e o segundo ser sempre explorado e não receber prémios de eficiência?
Fique com este tema para as suas reflexões sobre os altos «salários» que por aí existem como os mais de 16 salários mínimos nacionais que o Melícias recebe de reforma.
Abraço
João Soares