08/04/2009

A crise e a gestão familiar

Segundo notícia do Público de hoje, o governador do Banco de Portugal afirmou hoje que a dívida das famílias portuguesas à banca atingiu no ano passado os 120 por cento do rendimento disponível. Esta cifra é ligeiramente inferior aos 129 por cento registados no ano anterior.

Este indicador indicia que a crise, somada ao agravamento do desemprego, deve estar a pesar na capacidade de endividamento das famílias que, no conjunto, ainda gastam mais do que recebem ao final do mês.

Isto mostra que as pessoas estão a aprender a gerir a sua vida e a evitar exageros de ostentação, mas muito devagar. Os bancos acabam por se ver com o problema do crédito mal parado, mas eles próprios estão na origem do fenómeno, com a oferta agressiva de créditos para tudo e nada indo até às férias a crédito e a outros consumos supérfluos de mera ostentação.

As grandes empresas, principalmente as de serviços, estão a intensificar a apetência para o consumo. É raro o dia em que o telefone não toca com alguém a querer impingir uma «boa oportunidade» de um a promoção vantajosa, etc. A resposta que dou é mais ou menos esta: «Não estou interessado, a senhora não está a querer dar-me benefício mas apenas a aumentar os lucros da empresa que lhe paga, à custa do meu dinheiro.» Aceitar a oferta de um iate por metade do preço pode não ser um bom negócio. O mesmo se passa com um Ferrari ou outro caro de alto luxo, quando nós precisamos de um simples Fiat 600 (não cito um modelo actual para não fazer publicidade).

Temos que saber gerir a nossa vida da forma mais adequada, perante as múltiplas tentações. A crise deve ser aproveitada para acertar agulhas e passar a conduzir a economia doméstica pela melhor rota.

4 comentários:

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Caro Amigo João,

Não podia estar mais de acordo consigo.
As pessoas ou vivem de aparências ou de negócios sujos, nós sabemos que ninguém enriquece só trabalhando.
Ultimamente até para comprar uma simples torradeira se podia / pode recorrer ao crédito, resultado evidente, está tudo endividado.
Felizmente que diz que há informações que apontam para uma aparente regressão, haja bom senso!!!

Abraço,
NÁ http://cvssemprejovens.blogspot.com/

A. João Soares disse...

Cara Ná,
Será bom que as pessoas se habituem a viver dentro do seu orçamento e que só recorram a empréstimos para investimentos produtivos ou em casos de absoluta necessidade.
Um abraço
João Soares

Luis disse...

Amigos Ná e João,
Os dois têm carradas de razão, o problema agora é inverter todo um sistema que estava virado para o crédito e para as aparências.
Um abraço

A. João Soares disse...

Luís,
Pois é esse o papel da crise fazer as pessoas pensar sobre a realidade. Ninguém, por decreto, as pode virar. Tem de ser cada um a agir em seu interesse. E é preciso muita força porque os comerciantes, os fornecedores de serviços, em que incluo Seguros e Bancos, estão a intensificar a propaganda de «produtos tentadores», segundo eles, a que as pessoas não devem resistir. Eles procuram não reduzir os seus lucros.
Temos de conduzir com o pé pronto a travar para não cairmos nas muitas armadilhas que nos preparam. Há técnicos a experimentarem novos truques de caçarem o nosso dinheiro.

Abraços
João Soares