17/09/2009

"O doce sabor da vingança". (história curtinha, com uma pitada de ironia)

Sabendo muitíssimo bem que eu me tinha esquecido do passe em casa, ainda assim obrigou-me ele a comprar um novo bilhete, e eu fiquei danado: “Deixa estar, meu grande sacaninha, que ainda hás-de pagar-me por isto! “ Dias mais tarde, ao subir para a carruagem, avistei-o lá ao fundo e decidi comportar-me como se dele me quisesse esconder - iria ser aquele o dia do ajuste de contas, decidi eu, naquele instante! De propósito, ele esperou até ao momento em que o comboio já estava a entrar na estação, só depois se dirigindo a mim, na altura já à beira da porta, como se estivesse com pressa para sair. Com um mal disfarçado sorriso de gozo, pediu-me então o bilhete; eu fingi-me atrapalhado, apanhado em falta, à procura em todos os bolsos … sem o encontrar. No final desta curta encenação lá consegui, finalmente, “descobrir” onde estava o passe. Então, com ar muito respeitador, coloquei-lho mesmo em frente dos olhos, para que ele o pudesse ver bem: Ele olhou para ele, depois para mim, e o desapontamento, a roçar a frustração, não o conseguia ele esconder. Eu, pelo meu lado, mal conseguia disfarçar a satisfação que naquele momento sentia, estava a rir por dentro; o ajuste de contas estava consumado … e soube tão bem!
Vitor Chuva
17-09-2009

7 comentários:

Luis disse...

Amigo Vitor,
Realmente há nesta vida quem goste de mostrar o seu poder... Esses são os que em casa muitas das vezes "são gato sapato" ou "tapetes" dos seus familiares ou dos seus superiores... É assim a vida! E que pena ser assim...
Boa ensaboadela!
Um abraço amigo,
Luís

A. João Soares disse...

Caro Vítor,

Pequenos gestos que mostram que somos sempre jovens. Com pouco nos irritamos e com pouco nos sentimos vingados. Há quem queira mostrar que cumpre o dever à risca e há quem seja condescendente e compreensivo.
Nas viagens que faço frequentemente de comboio, tenho presenciado casos como esse e ao contrário, da parte dos revisores.
O mundo é como um jardim com muita variedade de espécies.

Um abraço
João

Maria Letr@ disse...

Mais uma curta históriazinha com sabor a vingançazinha e malandrice!
Gostei do final! Bem feito!
Um abraço, Vitor Chuva.
Maria Letra

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querido amigo Vitor,

Mais uma das tuas peripécias que tão bem nos contas.
Há efectivamente uma história semelhante na vida de todo nós, mas só tu saberias contá-la com este prazer, com todo essa tua capacidade inata.

Parabéns,
Beijos
Fernanda

Sonia Schmorantz disse...

Vingancinhas assim são ótimas, lavam a alma e o nosso orgulho, rsss
um abraço

Helena Teixeira disse...

Óptima história!É verdade que isso acontece imensas vezes.Em lisboa,lembro-me dum dia nao encontrar o meu passe (malas das senhoras sempre cheias,nao é) e o revisor a resmungar para dentro,ainda me stressava mais.Outra vez,no comboio,comprei o bilhete numa estaçao,entro po comboio e antes de chegar a proxima estaçao,vejo que nao tenho o bilhete na mao,tinha-o deixado cair.Sem $ no bolso na altura,voltei para a estação anterior a pé,olhei po chão,olhei,olhei e lá estava o meu bilhete.Uma sorte!Nao o larguei mais até chegar a Alcântara.
Jocas gordas

Lena

blogues: www.aldeiadaminhavida.blogspot.com
www.clubedasmulheresbeiras.blogspot.com

Vitor Chuva disse...

Olá Luís; João; Mizita; Fernanda; Sonia; Helena.

Obrigado por comigo terem partilhado desta viagem a caminho da escola, assim pela "compreensão" mostrada pelo meu comportamento perante aquele revisor nada simpático, e ainda menos compreensivo.

Obrigados pelos simpáticos comentários.

Um abraço; bom fim de semana!

Vitor Chuva