(sexta-feira, o 1º de quatro dias)
Após onze longos dias passados no mar - desde que tínhamos zarpado de Newport, Rhode Island – a nossa vontade de poisar o pé em terra firme era muita, e, se tudo corresse bem, ela em breve seria satisfeita; o lugar a visitar estava à vista, e mais duas ou três horas estaríamos lá! O escuro da noite punha em destaque uma floresta de arranha-céus banhados pela luz intensa de holofotes: As silhuetas do Empire State Building e, ainda mais viva, a do Chrysler Building, bem recortadas contra o céu, não deixavam margem para dúvidas a ninguém; tínhamos a ilha de Manhattan ali à mão … e o espectáculo era simplesmente fabuloso. E, com o romper da aurora rumámos em direcção às àguas da baía do Hudson, passando ao largo de Staten Island e da Estátua da Liberdade, e do ainda em construção World Trade Center (Agosto 1971). Atracámos no enfiamento da rua 48, com a proa do navio a quase tocar a 12ª avenida; a localização era perfeita – estávamos em pleno coração da “Big Apple”.
Após onze longos dias passados no mar - desde que tínhamos zarpado de Newport, Rhode Island – a nossa vontade de poisar o pé em terra firme era muita, e, se tudo corresse bem, ela em breve seria satisfeita; o lugar a visitar estava à vista, e mais duas ou três horas estaríamos lá! O escuro da noite punha em destaque uma floresta de arranha-céus banhados pela luz intensa de holofotes: As silhuetas do Empire State Building e, ainda mais viva, a do Chrysler Building, bem recortadas contra o céu, não deixavam margem para dúvidas a ninguém; tínhamos a ilha de Manhattan ali à mão … e o espectáculo era simplesmente fabuloso. E, com o romper da aurora rumámos em direcção às àguas da baía do Hudson, passando ao largo de Staten Island e da Estátua da Liberdade, e do ainda em construção World Trade Center (Agosto 1971). Atracámos no enfiamento da rua 48, com a proa do navio a quase tocar a 12ª avenida; a localização era perfeita – estávamos em pleno coração da “Big Apple”.
Era sexta-feira, e tínhamos até ao final de segunda pata tirar o melhor partido da nossa estadia, sendo que as opções eram muitas, só o tempo era tão pouco!
E, começámos a nossa descoberta, nessa tarde, por uma ida ao teatro, aproveitando um dos vários convites postos à disposição da guarnição por uma organização de boas-vindas. A razão da nossa escolha era de natureza muito particular, e teve a ver com o facto, para nós extraordinário, de os artistas nela participantes actuarem “em pelote”- ou “in the nude”, para utilizar uma expressão mais rebuscada – e nós, naturalmente, achámos por bem não perder tal oportunidade…
A peça - Oh Calcutta! - , uma comédia em vários quadros, girava essencialmente à roda de temas relacionados com a vida sexual dos Americanos, sendo que o calão, para mal dos nossos pecados, era usado em abundância. Com o nosso limitado domínio da língua, a maior parte do que era dito escapava - nos completamente, daqui resultando uma situação a um tempo caricata e desconfortável para nós. Quando aquela gente desatava a rir, ou a bater palmas, nós sentíamo-nos um pouco como aquele sujeito no meio da ponte - não sabíamos lá muito bem para que lado ir; se os acompanhássemos, para não destoar, estaríamos a fazer figura de tolos, e se o não fizéssemos também não ficaríamos lá muito bem na fotografia, para além de que estaríamos a revelar a nossa ignorância da língua … ou falta de sentido de humor. Em resumo , ficávamos sempre a perder; o que vale é que éramos três, o que sempre ajudava a disfarçar! Mas enfim … tínhamos cumprido a “missão” que lá nos tinha levado, e que nada nos tinha custado, para além de ainda termos podido constatar o facto – para nós inédito - de actores terem actuado nus em palco e daí não ter resultado nenhuma reacção especial por parte da audiência … ainda que também não saiba dizer se tal seria de esperar; o que sei é que toda a gente se comportou com a maior naturalidade, muito “blasé”, como se aquilo fosse o espectáculo mais banal deste mundo, o que talvez seja surpreendente … ou talvez não, estando nós em Nova York!
Vitor Chuva
11-09-2009
Vitor Chuva
A peça - Oh Calcutta! - , uma comédia em vários quadros, girava essencialmente à roda de temas relacionados com a vida sexual dos Americanos, sendo que o calão, para mal dos nossos pecados, era usado em abundância. Com o nosso limitado domínio da língua, a maior parte do que era dito escapava - nos completamente, daqui resultando uma situação a um tempo caricata e desconfortável para nós. Quando aquela gente desatava a rir, ou a bater palmas, nós sentíamo-nos um pouco como aquele sujeito no meio da ponte - não sabíamos lá muito bem para que lado ir; se os acompanhássemos, para não destoar, estaríamos a fazer figura de tolos, e se o não fizéssemos também não ficaríamos lá muito bem na fotografia, para além de que estaríamos a revelar a nossa ignorância da língua … ou falta de sentido de humor. Em resumo , ficávamos sempre a perder; o que vale é que éramos três, o que sempre ajudava a disfarçar! Mas enfim … tínhamos cumprido a “missão” que lá nos tinha levado, e que nada nos tinha custado, para além de ainda termos podido constatar o facto – para nós inédito - de actores terem actuado nus em palco e daí não ter resultado nenhuma reacção especial por parte da audiência … ainda que também não saiba dizer se tal seria de esperar; o que sei é que toda a gente se comportou com a maior naturalidade, muito “blasé”, como se aquilo fosse o espectáculo mais banal deste mundo, o que talvez seja surpreendente … ou talvez não, estando nós em Nova York!
Vitor Chuva
11-09-2009
Vitor Chuva
2 comentários:
Parabéns Amigo Vitor,
Conseguiste e muito bem, como sempre, dar-me a conhecer a vida de um marinheiro em NY, bem como a sua experiência vivida com todos os preciosos detalhes.
Adorei.
Espero ansiosamente pelas restantes 3 partes.
Beijo
Fernanda
Olá Fernanda!
Obrigado pelas tuas sempre simpáticas palavras; lê-las sabe sempre bem,mesmo que possa não merecê-las.
Quanto ás três restantes partes, as mesmas serão publicadas nos três dias que se seguem, por forma a dar algum sentido de continuidade à história.
Beijo.
Vitor Chuva.
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