Preâmbulo: Último poste
Sendo este, por razões de natureza pessoal, o meu último poste a ser publicado neste blogue, a todos os que ficam quero agradecer o acolhimento que me foi dispensado e ao mesmo tempo desejar as maiores felicidades , com tudo de bom no vosso caminho.
Para todos um abraço amigo!
Vitor Chuva
24-09-2009
O Abílio, alfacinha de gema, até era bom camarada, amigo do seu amigo, brincalhão e bem disposto, com o único senão de que tinha com ele o desagradável e irritante tique de se achar superior: sabia sempre tudo e de tudo, e sempre mais que todos os outros, principalmente em relação àqueles colegas vindos da província, sobretudo da aldeia, menos familiarizados com as coisas citadinas - um pouco como peixe fora de água durante os primeiros tempos. Mas, pensando ele que sabia muito, afinal não sabia assim tanto com julgava: Um belo dia, dois colegas começaram a contar-lhe histórias, que diziam ter vivido, relacionadas com animais muito raros, uma espécie de ave, absolutamente deslumbrantes, mas igualmente muito esquivos e difíceis de apanhar, e a quem lá na aldeia chamavam de gambozinos. O Abílio, era todo ele ouvidos, deliciado com o que ouvia, e quis saber mais. “ Normalmente vivem nas florestas ou nas matas, e só à noite é possível caçá-los, e ainda assim só com muito jeito e paciência: tem que se arranjar um grupo de pelo menos três pessoas; dois fazem de batedores e o terceiro fica parado, escondido, de saco na mão, à espera que eles lá entrem e fiquem presos”, assim lhe foram contando os dois amigos.” “E aqui pertinho, na mata do Alfeite também os há; ainda há não muito tempo lá foram apanhados alguns - e mesmo lindos, pelo que ouvi dizer!”, assim continuou a conversa, perante o crescente entusiasmo do Abílio.
E depois do jantar, já com o sol a pôr-se, lá foram os três para o interior da mata da Base do Alfeite. O Abílio, por não ter experiência naquelas andanças, foi deixado a tomar conta do saco, enquanto os outros dois, armados com paus de batedor, lhe recomendaram que dali não saísse por razão alguma, e se mantivesse quietinho; eles ficavam com o trabalho de enxotar os animais até lá; era só uma questão de ele esperar algum tempo e os gambozinos haviam de entrar no saco.
De volta ao navio, a noite tinha-se fechado, e o remorso que sentiam fez com que tivessem pena do Abílio, ainda lá no seu posto, no meio da mata agora envolta pela escuridão, e sozinho. Habituado às luzes da cidade, nunca sairia de lá - e decidiram ir buscá-lo e, quem sabe, pensaram então eles, se ele não teria mesmo conseguido apanhar um gambozino …
Vitor Chuva
24-09-2009
Sendo este, por razões de natureza pessoal, o meu último poste a ser publicado neste blogue, a todos os que ficam quero agradecer o acolhimento que me foi dispensado e ao mesmo tempo desejar as maiores felicidades , com tudo de bom no vosso caminho.
Para todos um abraço amigo!
Vitor Chuva
24-09-2009
O Abílio, alfacinha de gema, até era bom camarada, amigo do seu amigo, brincalhão e bem disposto, com o único senão de que tinha com ele o desagradável e irritante tique de se achar superior: sabia sempre tudo e de tudo, e sempre mais que todos os outros, principalmente em relação àqueles colegas vindos da província, sobretudo da aldeia, menos familiarizados com as coisas citadinas - um pouco como peixe fora de água durante os primeiros tempos. Mas, pensando ele que sabia muito, afinal não sabia assim tanto com julgava: Um belo dia, dois colegas começaram a contar-lhe histórias, que diziam ter vivido, relacionadas com animais muito raros, uma espécie de ave, absolutamente deslumbrantes, mas igualmente muito esquivos e difíceis de apanhar, e a quem lá na aldeia chamavam de gambozinos. O Abílio, era todo ele ouvidos, deliciado com o que ouvia, e quis saber mais. “ Normalmente vivem nas florestas ou nas matas, e só à noite é possível caçá-los, e ainda assim só com muito jeito e paciência: tem que se arranjar um grupo de pelo menos três pessoas; dois fazem de batedores e o terceiro fica parado, escondido, de saco na mão, à espera que eles lá entrem e fiquem presos”, assim lhe foram contando os dois amigos.” “E aqui pertinho, na mata do Alfeite também os há; ainda há não muito tempo lá foram apanhados alguns - e mesmo lindos, pelo que ouvi dizer!”, assim continuou a conversa, perante o crescente entusiasmo do Abílio.
E depois do jantar, já com o sol a pôr-se, lá foram os três para o interior da mata da Base do Alfeite. O Abílio, por não ter experiência naquelas andanças, foi deixado a tomar conta do saco, enquanto os outros dois, armados com paus de batedor, lhe recomendaram que dali não saísse por razão alguma, e se mantivesse quietinho; eles ficavam com o trabalho de enxotar os animais até lá; era só uma questão de ele esperar algum tempo e os gambozinos haviam de entrar no saco.
De volta ao navio, a noite tinha-se fechado, e o remorso que sentiam fez com que tivessem pena do Abílio, ainda lá no seu posto, no meio da mata agora envolta pela escuridão, e sozinho. Habituado às luzes da cidade, nunca sairia de lá - e decidiram ir buscá-lo e, quem sabe, pensaram então eles, se ele não teria mesmo conseguido apanhar um gambozino …
Vitor Chuva
24-09-2009
8 comentários:
Amigo Vitor Chuva,
É com muita pena que o vejo afastar-se do blogue pois os seus post's têm-no enriquecido imenso e vamos por isso sentir a sua falta. Talvez seja a falta de tempo que o faz tomar tal atitude mas nesse caso mesmo que seja menos regular a sua participação julgo ser vontade de todos nós pedir-lhe que não se ausente definitivamente e, assim, de quando em vez dê-nos o prazer da sua prosa amiga.
Um abraço amigo e até breve.
É uma pena você se afastar, suas postagens vão nos fazer falta, quem sabe uma volta no futuro.
Abraços e até breve.
Caro Vítor,
Já tem aqui duas posições idênticas a manifestar apreço pela sua colaboração e a desejar que ao afastamento não seja definitivo. Junto-me a eles, prometendo que se manterá aberto o seu «posto de trabalho» para o ocupar sempre que desejar, da forma como muito bem sabe fazer. Só a morte é definitiva, e esperamos que venha regar a planta que aqui semeou e fez crescer, a fim de que continue entre nós embora com a assiduidade que lhe for possível ou que entender.
Um abraço de gratidão pelo que aqui tem publicado
João
Caro Amigo Victor,
Estou surpresa com o seu afastamento mas, se o faz é porque terá mesmo que ser!
Os seus comentários vão fazer-me muita falta!
Tudo de bom para si.
Abraço
Milai
Amigo Vitor,
Estou desolada, não tive argumentos para te convencer a ficar, mas nunca lamentarei ter sido a responsável por te ter trazido até nós. Nunca!!!
Deste sempre o melhor de ti, escreves como muito raríssimos escritores amadores e não só. Estão aqui registados momentos teus lindos, mesmo que "aparentemente" não apreciados por falta de comentários.
À imagem dos restantes comentadores anteriores, espero que sempre que tenhas saudades nos presenteis com mais umas das tuas fabulosas narrativas, como esta do Abílio, a qual, mais uma vez adorei ler.
Nós somos e seremos sempre amigos, felizmente eu tenho esse previlégio, mas o Sempre Jovens sem a tua presença perde um elemento de peso. Só posso lamentar e tentar entender as tuas razões.
Beijinhos da amiga de sempre para sempre,
Fernanda.
Caro Vítor,
tal como os anteriores comentadores, foi com tristeza que recebi a noticia do seu afastamento, espero no entanto que de quando em vez nos presenteie com os seus trabalhos.
Beijinhos e tudo de bom,
Ana Martins
Vitor
Como leitora do Sempre Jovens, vou lamentar não mais encontrar seus escritos por aqui.
Um abraço
Olá a todos!
Obrigado por terem "participado" comigo e com o Abílio nesta - já distante - expedição de caça aos gambozinos. Eu, sinceramente, diverti-me imenso, e espero que o mesmo possa ter acontecido convosco!
Quanto ao "ir deixar de andar por aqui", foi decisão que me custou a tomar, sentimento que as vossas simpáticas palvras só veio reforçar.E, como a porta ficou aberta, daqui por algum tempo talvez vos venha visitar ... para matar saudades!
Obrigado a todos pela simpatia!
Um abraço.
Vitor Chuva
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