05/06/2009

Para os meus netos!

Nós tentamos fazer tudo pelos nossos filhos, tanto que acabamos por os estragar. Para os meus netos eu quero melhor.

Eu gostaria muito que eles soubessem que não há nada de errado em usar as roupas dos irmãos mais velhos, que soubessem o que é gelado feito em casa e comessem sanduíches de restos de carne. Gostaria mesmo muito.

Gostaria que eles aprendessem a ser humildes sendo humilhados e a ser honestos sendo enganados.

Gostaria que eles aprendessem a fazer a própria cama, a cortar a relva e a lavar o carro. E que ninguém lhes desse um carro quando eles fizessem dezasseis anos.

Seria bom se pelo menos eles vissem cachorrinhos nascer e o seu velho cão ser abatido.
Que eles ficassem com um olho negro por ter lutado por algo que eles acreditassem solenemente.

Espero que tenham que dividir o quarto com um irmão/ã e que mesmo que tenham que dividi-lo, desenhando uma linha no meio do mesmo, quando um deles subir e se meter debaixo dos seus cobertores porque sente medo, que o outro permita e o acalme.

Quando um deles quiser ver um filme mas o seu irmão/ã mais nova queira brincar às escondidas, que ele não se incomode e permita.
Espero que eles tenham que subir o monte, a caminho da escola com os amigos e que vivam numa cidade onde se possa viver em segurança.

Nos dias de chuva, quando tiverem de apanhar boleia, espero que não peçam para saírem dois quarteirões antes para não serem vistos com alguém “menos fixe” como a mãe.

Espero que se eles quiserem uma fisga, que seja o pai a ensiná-los a fazê-la em vez de a comprarem.

Espero que aprendam à custa deles e lendo muitos livros.
Que quando saibam usar computadores saibam primeiro somar e subtrair.
Espero que sejam gozados pelos amigos quando tiverem a primeira paixão e que se resmungarem com a mãe provem o sabor dum puxão de orelhas.

Que esfolem os joelhos ao trepar uma montanha, queimem as mãos no fogão e que fiquem com a língua colada a um poste gelado.

Não me importo que experimentem o sabor da cerveja, mas espero que não gostem do seu sabor.
E se os amigos lhes oferecerem um charro ou drogas mais pesadas, espero que eles percebam que esses não são seus amigos.

Espero que tenham tempo para se sentarem no alpendre com os avôs e que vão à pesca com o tio.
Que sintam dor num funeral e alegria nas férias.

Espero que a mãe os castigue quando atirarem a bola contra a janela da casa vizinha e que os abrace e beije em todas as ocasiões que mereçam.
Estas são as coisas que eu desejo para eles – tempos duros e desapontamentos, trabalho difícil mas também de imensa felicidade.

Escrito com amor e selado com um carinhoso beijo.

Nós mantemos os amigos não por aceitar os seus favores mas por fazê-los.
Paul Harvey
Tradução livre da autora do post.

Fernanda Ferreira

7 comentários:

Luis disse...

Querida NÁ,
Julgo que não levará a mal por ter "roubado" este seu post para a minha Tulha: Achei-o muito interessante e muito a propósito para o momento permissivo em que se vive e onde a criança está a ser muito mal preparada para a Vida!
Atenção que o "roubo" tem a sua "marca", pois o "Dono a seu Dono" é uma coisa muito bonita!!!! Não é verdade?
Uma vez mais as minhas desculpas e um grande beijinho muito amigo,
Luís

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Que lindo, Ná!

Como seria bom que os seus, os meus e todos os netos do mundo vivessem isso.Teríamos uma geração maravilhosamente humana e pronta para a vida.

beijinhos

Unknown disse...

Tal como diz a Dulce seria bom se os meus (ainda não tenho, mas terei um dia), os seus e os que não são nossos netos tivessem todas estas vivências. Os bons costumes e valores estariam a salvo.

Beijinhos,
Ana Martins

Celle disse...

Maninha,rever estes conceitos é sempre bom, nos relembram e fortalessem as nossas ações educativas.
Beijinhos...

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amigo Luís,

Não se trata de "roubar" mas de divulgar, esteja à vontade, todos os meus posts podem ser copiados por quem assim entender...para mim é uma honra, se for a autora tanto melhor, neste caso eu só traduzi, o meu mérito é mínino.


Beijinhos,

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Queridas amigas,

Eu também ainda não sou avó, para meu desgosto... o meu filho tarda em dar-me esse presente maravilhoso.
Contudo e mesmo que não venha nunca a ser avó, o que eu subscrevo, conjuntamente com o autor, são esses valores perdidos, é urgente recuperá-los.

Obrigada pelos comentários,
Beijinhos,

J.Ferreira disse...

Esta é uma lição a ter em conta e que devia ser levada seriamente, sobretudo pelos educadores, pais e todo o agregado faliliar.

Talvez os "nossos netos", a futura geração consiga ser menos egoísta se for educada nesse sentido.

Belo trabalho, mesmo que só de tradução e de pesquisa.
Mereces um grande beijo,

J.Ferreira