05/11/2009

CONFISSÃO

Imagem da net


Afasto o pensamento do momento
Nas vidraças onde cintila o meu olhar embaciado
E já sem a ansiedade que coage qualquer lamento,
Revejo-me nas frestas do tempo passado.

E é na chuva que me impede de ver lá fora,
Que abafo todo o silencio em minha alma
E vibra na melodia que é minha agora,
O toc-toc da chuva que me acalma.

O cântico de solidão que entoa em meus ouvidos,
Já o conheço, já sei decor e não se esgota,
É como um caudal veloz na pressa dos rios,
Que firme em mim tropeça e em mim transborda.

Já não há espaço na intemporal idade onde desenhei,
Apenas resquícios de saudade com brandura,
Brotam em meus poros os sonhos que sonhei
Neste cantar da chuva fina e pura!


Ana Martins
Escrito a 25 de Setembro de 2009


7 comentários:

Maria Letr@ disse...

Amiga Ana Martins,
Terminar um dia com este belo poema é muito agradável. Mesmo que seja - creio - a segunda vez que o leio, não sei bem porquê.
Como já lhe disse aprecio aquilo que escreve e este poema não é excepção. Parabéns!
Um abraço.
Maria Letra

Unknown disse...

Amiga Maria Letra,
é a segunda vez que o lê sim, leu-o no Ave Sem Asas.

Beijinhos,
Ana Martins

Luis disse...

Amiga Ana,
Quem assim se confessa merece todo o perdão, pois o poema é lindo e tem a sua marca.Gostei imenso!
Parabéns e um beijinho.

A. João Soares disse...

Querida Ana,

Toda a sensibilidade que já nos deu a conhecer levam a encontrar na chuva toda a poesia que tem na alma. A chuva seiva da vida mas que muita gente, na concentração egoísta da sua comodidade, detesta.
Lindo e muito pleno de espírito de observação. Muito obrigado por ter partilhado com os visitantes deste espaço que a Ana tanto valoriza com as suas criações.

Beijos
João

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Minha querida amiga Ana,

Tu és realmente uma poetisa completa, perfeita.
Este teu poema é lindíssimo, poderia lê-lo 100 vezes que nunca me cansaria e descobriria sempre mais uma nova perspectiva, ou algo com o qual me identificasse.

Parabéns!

Beijoooooooo

Adelaide disse...

Querida Ana Martins,

Mais um poema de grande beleza, profundidade e significado. É uma autêntica confissão de lamentos, de solidão e uma vez mais há um vidro embaciado que lhe tolhe a visão para o exterior. Rouba-lhe a luz que lhe podia emprestar nem que fosse por uns pequenos momentos e que lhe iluminariam a alma.

Os meus sinceros parabéns e um grande
Mara

Adelaide disse...

Emenda: Os meus sinceros parabéns e um grande abraço de Amizade
Mara