26/11/2009

Minha cidade, eterno amor...

Hoje, saí de casa para namorar minha terra.
Imagino que, no cotidiano, sempre resolvendo nossos problemas, não vemos nossa terra com aquele olhar penetrante, amoroso, especulativo; nós a vemos, assim, como que “por fora”.
É preciso escolher o momento certo para olhá-la, bem de pertinho, bem dentro dela, como olhamos para dentro de nós.
É muito bom ver o novo e rever as imagens que trazemos nas lembranças mais sossegadas; ver a cidade de passear, de andar sem medo nenhum, de ver sua gente variada correndo sempre.
Passear à toa, observar pessoas e lugares, sentir-lhe o cheiro, ver-lhe a cara. Fazendo isso me senti introspectiva, benevolente, serena, vendo o presente e recuando no tempo.
Vi tantas coisas bonita! Vi jovens de terno , de bermuda, vi guardas guardando a cidade como anjos.
Vi mulheres novas e velhas umas sorrindo outras sisudas, algumas chiques, outras não,
vi pastas, bolsas, celulares, também olhares de todo jeito: divertidos, tristes, maliciosos e provocativos dos moços para as moças e vice versa...
Vi vitrines, vi crianças e uma profusão de cores, tons e sons; muitos carros, uns bonitos, outros, nem tanto!
Tentei recuperar antigas referências: Um bar, uma farmácia, uma loja de disco, igrejas e papelarias...
Procurei os imóveis antigos e, fui andando pelas ruas e olhos e coração abertos. Fatos e coisas, tudo boiando dentro da memória. Reflito sobre as histórias que ouvi, em momentos vividos intensamente, lembranças que ficaram guardadas na minha alma e na retina. Impulsos de um coração saudosista.
Uma cidade jamais será estática, fria, se em sua pele se cravaram as cicatrizes do tempo. Não há povo sem pequenas histórias, daí não existir povo sem História; e minha cidade é rica em valores humanos, em costumes, e tradições cultivadas e consolidadas com respeito e amor.
Revi um antigo Bar, hoje menor e bastante remoçado; pedi o cardápio que, claro, não era o mesmo, principalmente, ali, não existia nada com sabor de saudade...
Verifiquei que na parte central da cidade, ainda permanecem muitas coisas intocáveis, mas cadê os cines Trianon e Meridiano?
Quanta saudade!
Andei e andei feliz por tocar o solo da minha terra com meus pés no chão, fora de carro, sem pressa, vendo-a assim, cara a cara. Saí da rotina egoísta, pois sei que já notaram, a gente sai mais, com destino certo.
Enfim tudo foi gratificante, tudo à flor da pele, recompondo nossa relação assim revivida como um velho e adormecido amor...
Tive a sensação de um sopro, um afago, também um beijo, dos tempos que ficamos abraçadinhas, crepúsculo dourado, frases calmas, gestos vagarosos, música suave, sutis sorriso e as madrugadas de sonho, de seresta, de esperança.
Foi um bom namoro, muito gostoso com as paisagens deslizando na distância...
Parabéns, Sete Lagoas, sempre linda! É seu aniversário!

4 comentários:

Luis disse...

Querida Celle,
É verdade que precisamos andar a pé pela nossa terra,vagarosamente e sem destino, mas com olhos de ver para a podermos apreciar "por dentro" como disse! E quando isso acontece acabamos por encontrar coisas que nunca tinhamos apreciado e, por outro lado, vem-nos à lembrança pormenores que já esqueceramos com o andar dos tempos.
beijinhos.

A. João Soares disse...

Amiga Celle,

Sensibilidade e espírito de observação, com arte, poesia e romantismo. Andando a pé, em modos de ócio lento e demorado é que se vê a alma da cidade, se lhe faz a ecografia a TAC,
Hoje, infelizmente todo o momento é uma correria, uma maratona, sem olhar para o lado, passando indiferente ao que está.
Parabéns e obrigado por este texto que nos maravilha.

Beijos
João

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida Celle,

Parabéns à sua cidade, Sete Lagoas!!!
Linda ! Sobretudo depois desta descrição apaixonante.
A verdade é mesmo, como disse, que andamos sempre de carro de lado para lado, com um destino predefinido e não prestamos mais atenção aos pequenos detalhes tão importantes que são o pulsar das nossas cidades, vilas.
Nada como andar a pé e desfrutar de todos os pormenores, dos sorrisos, dos cheiros, dos recantos que nos lembram a nossa vida.

Parabéns, adorei!!!

Bjs. Maninha.

Celle disse...

Luis, João e Ná!
Meus queridos colegas, co-irmãos, que me aceitaram com carinho e respeito no "Sempre Jovens!
Obrigada, meu reconhecimento é sincero...
Agradeço-lhes ainda, lerem e se manifestarem a respeito do meu texto.
Minha cidade completou 142 anos de emancipação política, dia 24 de novembro,embora ja exista a séculos, desde a época áurea dos destemidos bandeirantes.
Depois de vila, lugarejo e arraial, se tornou cidade, com pompas e circunstãncias, com tudo que tem direito.
Com as vantagens e as desvantagens de uma cidade próspera!
Gostoso inicialmente, refletir, retroceder no tempo mas, me trouxe saudades, reminiscências da infãncia,juventude,bons tempos que não voltam mais!
O progresso é necessário,mas nos tira as coisas boas da vida!!!
No túnel do tempo deixei vagar meu pensamento...
Estou me emocionando e não quero agora, transmitir nostalgia e saudosismo, não!
Pela atenção de todos vocês, minha gratidão.
Beijinhos!!!
Celle