Júlia é a mais velha de quatro irmãos. A mais velha porque nasceu primeiro. Não porque a cegonha não gostasse do seu doce cheirinho, mas porque uma mulher desejava muito ser mãe a tempo inteiro.
Ser mãe dá muito trabalho. Exige mesmo o tempo do tempo inteiro! Há que amamentar, acordar, adormecer, aconchegar, mimar, educar, tantos verbos afeiçoados ao amar!
A mãe gostou tanto de amar a Júlia que decidiu ter mais três filhos (mais uma rapariga, a Fernanda, e dois rapazes, o António e o Jorge) para amar. Pensou no nome deles em voz alta a cada nove meses de barriga, pois não segurava a boca de tanta agitação. Pensou muito nos nomes, como qualquer mãe, pois o nome das coisas dá vida às coisas sem vida. Da boca ao ouvido, andam de boca em boca sem nunca se diluírem no espaço e no tempo.
De cada vez que engravidava, a infância corria-lhe a memória às voltas e cada história lembrada provocava um espasmo com sabor a framboesa. As águas amnióticas desta mãe eram azuis, o seu sangue vermelho, como qualquer sangue de qualquer outra mãe, embora esta fosse especial, não fosse ela a minha mãe.
Entre pétalas mensageiras, nasceram as crianças. Cada uma das pétalas impregnava na criança um sentimento inaudito. O cordão umbilical desta mãe foi eficaz. Regenerou todas as mágoas do mundo através de toda uma luz de significações, num campo agreste, um trilho de estrelas. .
Mãe a tempo inteiro consegue fazer verdadeiros milagres das suas crianças, seres a tempo inteiro.
A cada grito de uma criança que vem ao Mundo, vem com ela o sol agradecido a cada alvorecer.
Ilustração da minha querida amiga Phoebe
Fernanda Ferreira
Ser mãe dá muito trabalho. Exige mesmo o tempo do tempo inteiro! Há que amamentar, acordar, adormecer, aconchegar, mimar, educar, tantos verbos afeiçoados ao amar!
A mãe gostou tanto de amar a Júlia que decidiu ter mais três filhos (mais uma rapariga, a Fernanda, e dois rapazes, o António e o Jorge) para amar. Pensou no nome deles em voz alta a cada nove meses de barriga, pois não segurava a boca de tanta agitação. Pensou muito nos nomes, como qualquer mãe, pois o nome das coisas dá vida às coisas sem vida. Da boca ao ouvido, andam de boca em boca sem nunca se diluírem no espaço e no tempo.
De cada vez que engravidava, a infância corria-lhe a memória às voltas e cada história lembrada provocava um espasmo com sabor a framboesa. As águas amnióticas desta mãe eram azuis, o seu sangue vermelho, como qualquer sangue de qualquer outra mãe, embora esta fosse especial, não fosse ela a minha mãe.
Entre pétalas mensageiras, nasceram as crianças. Cada uma das pétalas impregnava na criança um sentimento inaudito. O cordão umbilical desta mãe foi eficaz. Regenerou todas as mágoas do mundo através de toda uma luz de significações, num campo agreste, um trilho de estrelas. .
Mãe a tempo inteiro consegue fazer verdadeiros milagres das suas crianças, seres a tempo inteiro.
A cada grito de uma criança que vem ao Mundo, vem com ela o sol agradecido a cada alvorecer.
Ilustração da minha querida amiga Phoebe
Fernanda Ferreira
14 comentários:
Belíssimo texto, Ná!
Bjos...
Amiga Reyel,
Grata pelo comentário.
Jjs.
Ná
Olá Mãe querida!
Sabes que a minha vida profissional não me tem permitido nem ter acesso ao computador!!!
Nuns minutos que tive, vim espreitar e.... saltaram-me as lágrimas.
A avó e tu, vi a imagem, não resisti e tive que ler.
Mãe, as palavras não saem...
Tenho tanto orgulho em ti! Tu és única.
Beijos com muito amor e saudade.
Pedro
Olá Pedro!
Eu sei querido como estás saturado de trabalho.
Desculpa, não te quis aumentar as saudades, que também são muitas por cá.
Aconteceu...lembrei-me dela.
O amor que sentimos pelas pessoas que amamos muito, mesmo que já não estejam entre nós, não morre nunca.
Beijos meu lindo.
Mãe.
Amiga Ná
Parabéns, é necessário muito amor, muita sensibilidade e uma gratidão (mesclada com orgulho) muito marcante para se construir assim um texto que mais não é do que um fio condutor que passa pela sua vida, levantando memórias, carinhos, em lembranças tão palpitantes que as palavras adquirem vida. Quase se sente o rir das crianças, a alegria da mãe. Foi um transpirar emotivo. Belíssimo.
Um abraço
Amiga MElvira,
Esta época natalícia faz-me lembrar, especialmente, todos os que mais amo, presentes e ausentes. É como diz, assim como se pudesse transportar para o presente todas as boas memórias e dar-lhes vida, estar com eles.
É ainda e muito especialmente, prestar uma pequena homenagem à minha falecida mãe bem como a todas as mães do Mundo.
Muito obrigada pelo seu belíssimo comentário.
Abraços e beijinhos
Ná
Maninha!
Parabens, receba meu carinhoso abraço pelo belo texto!
Linda homenagem à todas nós mães, através da sua de quem você deve ser cópia fiel!!!
Emocionei-me pois, hoje, havia pensado em escrever sobre minha mãe e a coincidência de pensamentos levou-ME a MEDITAR sobre nossa amizade, nosso encontro no Sempre Jovens, nossas semelhanças e afinidades!
DEUS TEM ALGUM PROJETO PARA NÓS EU SINTO!
Boas Festas e FELIZ NATAL!
COM TODA SINCERIDADE DO MEU CORAÇÃO
"SEJA SEMPRE MUITO FELIZ"
Querida Maninha Celle!
Muito obrigada, do coração!
Se por um lado fico feliz por termos tido a mesma ideia, por outro entristeço-me porque ultimamente tem publicado muito pouco.
Estava até preocupada consigo!!!
Somos amigas desde o primeiro momento. Desde que o amigo João nos pôs em contacto, é verdade e é verdade também que temos imensas afinidades.
Ainda nos "falaremos" todos antes do Natal... não se esqueça de nós aqui, e pode mesmo postar sobre a sua mãe, o texto não será igual, não faz mal nenhum, será mais um, e belo com certeza.
Beijos
Ná
Gostei tambem. Trouxe-me emoção.
Nós nunca tivemos festas de Natal como hoje se fazem.
Recordo a Mãe sempre pronta e se multiplicando para que todos nos sentissemos felizes e ainda tinha tempo para nos mandar levar um presente aos que nada tinham para passar a noite e o dia Natal.
Hoje a Sogra recebe o carinho que tambem gostaria de ter dado aos meus.
O nosso Natal é ter um coração capaz de amar e aceitar com um sorriso estes pobres que sofrem na solidão.
E assim se imortaliza quem soube criar a descendência perfeita inserida nos bons princípios, Vive-se enquanto houver gente com memória que evoque o nosso nome. Essa mão de quem a autora fala com tanto amor e desvelo, está bem viva e todos, ao ler, a sentimos nos seus cuidados maternais, a proporcionar muitos verbos relacionados com o amor, na primeira pessoa.
No Natal em que outra mãe especial sentiu o prazer de ter um filho, é bonito escrever um texto como este.
Parabéns
Beijos
João
Amigo Luís Coelho,
Muito obrigada pelo seu comentário.
Felizmente nós tivemos Natal. Nós sabemos o que ele significa na sua simplicidade, grandiosidade de sentimentos e generosidade.
Felizmente para si ainda tem sogra, nós cá em casa, já perdemos todos, até o meu irmão mais novo.
Estão e estarão sempre no meu coração.
Abraço
Ná
Querido amigo João,
É verdade meu bom amigo, a minha mãe estará sempre no meu coração, bem como todos os que eu muito amo e já perdi.
O seu nome é Rosa Soares Pereira Martins. Na Casa do Rau tem uma foto dela, somos muito parecidas, até fisicamente.
É Natal sempre que vem ao Mundo uma criança e vem com ela o sol agradecido a cada alvorecer.
Obrigada pelo belíssimo comentário.
Beijinhos
Ná
Querida NÁ,
Comentei na casa do Rau. Gostei imenso. A Ná é realmente muito parecida com sua Mãe.
Um beijinho amigo.
Querido Luís,
Obrigada por ter comentado nos dois Blogues.
Obrigada também por ter reparado na foto, é até agora a única pessoa que fez referência a esse facto, que naturalmente para mim é importante.
Sei que se chegar aos 81 anos, serei uma senhora sempre elegante, bem disposta, e bonita ;))))).
Beijinhos
Ná
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