14/05/2009

Segurança rodoviária. Sonho impossível

Este título parece ser incoerente com tudo o que tenho escrito em cartas para os jornais e neste espaço bloguista. Quando falo de sonho impossível, não significo descrença em bons resultados traduzidos na redução drástica de mortos e feridos nas estradas. Refiro-me à falta de uma estratégia bem delineada e implementada. Não aparecem entidades a definir com clareza as reais causas da tragédia e a propor formas de actuar nessas causas primárias.

Agora diz-se que «Governo quer limite de 60 mortos por milhão de habitantes até 2011» e que «Governo avança com a instalação de mais cem radares para controlar excesso de velocidade», como se isso resolvesse o problema.

Qual a razão de não se exercer um esforço sério nas escolas e através das televisões, rádios e imprensa no sentido de recuperar o civismo perdido. Qual a razão de não se rever a sinalética tornando-a coerente, lógica, bem ajustada às realidades pontuais?

Hoje numa avenida que está em obras fora do asfalto, encontrei um sinal a limitar a velocidade a 20, quando na prática a circulação a 60 pode ser segura. Um carro reduziu talvez para 40 e atrás um táxi teve que reduzir, contrariado, enquanto atrás se formava uma fila de descontentes. Trata-se de uma avenida que antes desse local tem duas faixas em cada sentido separadas por um separador largo e ali está, desde há muito apenas com uma em cada sentido separadas por um traço, o que justifica a referida fila que depressa se formou.


O sinal de 20 era dispensável, sendo suficiente o de trabalhos, no caso de existir o almejado civismo.


Enquanto houver sinais exagerados, os automobilistas são tentados a não os respeitarem. Mas quando aparecer um sinal verdadeiro, bom conselheiro, o automobilista não acreditando nele, entra em perda de controlo e pode despistar-se pondo em risco a sua vida, a dos seus passageiros e a de terceiros que venham em sentido contrário. Há portanto, que rever todos os sinais, a fim de terem utilidade em vez de serem armadilhas.

Repare-se no sinal da foto, numa avenida em que ao longo do passeio há correntes que impedem que peões atravessem. Porquê 30 em vez de 40 ou mesmo 50 ou 60? 200 metros à frente é preciso reduzir, mas isso não obriga a começar a circular a 30 tanto tempo antes.

4 comentários:

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amigo João,

Realmente há paradoxos inacreditáveis. Esperam-se milagres em circunstâncias absurdas como a que descreve.

Há efectivamente falta de civismo, bem como falta de respeito pelas mais elementares regras de condução por parte dos condutores, mas como frisou, e muito bem, falta todo o resto, que é tão elementar ou mais!!!

Abraço,

Luis disse...

Amigo João,
O (des)governo já resolveu tudo vai comprar mais, muitos mais radares, ganha umas comissõesitas e pronto a segurança rodoviária está feita....
AHAHAHAHAH e o Zé é mais uma vez defraudado!!!!
Um abração amigo

Sérgio Rodrigues disse...

Sem dúvida que concordo com a opinião.
Não valerá de nada termos a sinalética se não houver uma estratégia para a dispôr.

A. João Soares disse...

Aos amigos Fernanda Luís e Sérgio,
Agradeço a visita e os comentários.
As entidades encarregadas pela sinalética deviam instruir o seu pessoal sobre o significado de cada sinal e o critério da sua utilização
Há dias, em conversa a propósito de uma via rápida - a 3ª circular de Cascais -, chegou-se à conclusão de que na descida de Alcabideche para a Ribeira das Vinhas, onde se pode circular a 70 e não há perigo de travessia de peões e a via é larga, deve ter havido um despiste de alguém que ia a mais de 100 e, em consequência do autoritarismo sádico das tais autoridades, colocaram a limitação nos 60. Algum tempo depois, o«um outro carro a mais de 100 despistou-se e pela mesma «lógica inteligente» o sinal passou para os 50 e como os sinais continuaram a não ser respeitados já lá está um sinal de 30.
Os competentes funcionários esquecem que quem não respeita o sinal de 70 muito menos respeitará o de 30. E, com franqueza, o de 30 mas é mesmo para não ser respeitado!!!
Resultado dos inteligentes. Vão colocar radares e vai ser uma colheita de multas que entopem as repartições respectivas, ao ponto de muitas multas prescreverem. Mas aumentam as receitas para pagarem os luxos das autarquias e do Estado para aquilo que se vê de esbanjamento desmedido.

Desses abusos na má utilização dos sinais não resulta benefício para a segurança rodoviária. Antes pelo contrário, porque quando eles, eventualmente, estiverem correctos, ocorrem acidentes por não terem credibilidade.

Abraços
João Soares