02/05/2009

Para que tenhas, como eu, sempre um arco-íris de sorrisos no teu rosto…


Eu nunca trocaria os meus maravilhosos amigos, a minha vida calma e a minha família por causa de alguns cabelos cinzentos ou um abdómen mais ou menos flácido. À medida que fui envelhecendo, tornei-me numa pessoa mais simpática e menos crítica para comigo mesmo…assim como se fosse uma grande amiga de mim própria.

Eu não escondo se me apetece comer um biscoito extra, não faço cama se não me apetece, compro aquele caco que eu acho que vai embelezar o meu jardim, etc. Eu ganhei o direito a esses prazeres, a ser desarrumada se me apetece e até extravagante.
Eu já vi muitas das minhas queridas amigas/os partirem, demasiado cedo, antes de se aperceberem da grande liberdade que vem com os cabelos brancos.

Quem é que me pode censurar se me apetecer ficar num chat ou nos meus Blogues até às 4 da manhã e depois dormir até ao meio da tarde? Posso dançar sozinha ao som dos grandes sucessos dos anos 60 e 70, e se ao mesmo tempo me der a saudade, posso chorar a perda de um grande amor…
Nos dias quentes de verão caminharei pela praia fora, num fato de banho bem justo e atrevido, mostrando o meu corpo, ainda que menos belo …e mergulharei nas ondas do mar… mesmo que alguém me lance olhares desdenhosos…Eles também chegarão à minha idade…
Eu sei que às vezes me esqueço, mas por outro lado, há partes da vida que é melhor mesmo esquecer e só lembrar as importantes, as boas.

Seguramente que ao longo da minha vida alguém me fez infeliz, como se pode não ser infeliz quando se perde alguém que se ama??? Ou quando uma criança sofre? Ou mesmo quando o nosso animal de estimação, ou mesmo o de amigos é atropelado? Mas corações despedaçados são o que nos fazem aumentar a força interior, a compreensão e a compaixão. Um coração que nunca sofreu uma desilusão é demasiado puro e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

Eu sinto-me abençoada por ter vivido o tempo de ter agora cabelos a tornarem-se brancos, de ter as marcas da vida gravadas no meu rosto, especialmente as das gargalhadas que dei quando mais jovem e que felizmente continuo a dar…Muitos nunca ou raramente se riem e outros morrem antes de conseguirem cabelos prateados…triste.

À medida que se caminha para uma certa idade é mais fácil ser positivo. Preocupamo-nos menos no que os outros pensam… e eu nem me pergunto mais se o farão ou não… Eu até ganhei o direito de estar errada…
Por isto tudo eu gosto de ser quem sou e como sou, da pessoa que me tornei. Sei que não viverei para sempre, mas enquanto cá estiver não vou perder tempo a lastimar-me ou a preocupar-me como que virá e comerei sobremesa todos os dias (se me apetecer).
Que tenhas, como eu, sempre um arco-íris de sorrisos no teu rosto e no teu coração.

E-mail enviado pela amiga Christine White, cuja idade obviamente não revelarei, embora acredite solenemente que a mesma não se incomodaria nada com isso.
Fernanda Ferreira

8 comentários:

Luis disse...

NÁ, minha boa amiga,
Esta sua amiga é cá das nossas...Prá frente é que é o caminho!
Que seja sempre feliz como nós pretendemos ser!
xi

Luis disse...

Caríssima NÁ,
Desculpe-me a indiscrição mas quem está na fotografia é a NÁ na sus tricicleta?
xi

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Minha querida NA,

Mais um texto primoroso! Um texto que, se me coubesse escrever, não mudaria uma linha, uma única palavra. Assim eu falaria de mim mesma...
Parabéns à Christine White, e obrigada a você por traze-lo até nós.

Beijinhos.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida amiga Dulce,

Muito obrigada mesmo... eu também penso exactamente como a minha amiga...espero chegar à idade dela com o mesmo vigor, esperança e coragem para viver exactamente assim.

Bjs.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amigo Luís,

Não não sou, eu sou um bocadinho diferente...mas veja-me no meu Blogue também lá estou na minha tricla.

Beijo

Luis disse...

Amiga NÁ,
Fui visitá-la e lá a vi na sua tricicleta que por sinal é igual à de uma grande amiga. Ela também faz os seus passeios e vai com ela às compras.Ela vive em Gandara dos Olivais, perto de Leiria. Tudo isto porque vivem fora das grandes urbes, para vossa felicidade.
Lá no meu Alentejo torna-se dificil andar de tricicleta porque no sitio que temos a casita é tudo em montes ( é um sobe e desce permanente) e assim não dá jeito!
Um Xi

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Pois é amigo Luís,

Viver no campo e sem grandes montes (as subidas podem ser árduas...as descidas são uma alegria), isto é uma maravilha... é só saúde.
Até a Milai diz que vai comprar uma...verdade, para quando vier a Cerveira passar uns dias comigo irmos passear as duas. Acredite, é verdade.

Beijinhos

Maria Letr@ disse...

Não quero repetir os comentários feitos a este artigo da sua amiga, Ná, porque também eu penso da mesma maneira. Cada idade tem o seu encanto e, nesse aspecto, eu vivo o da minha com grande serenidade e muitas alegrias inerentes à minha condição de mãe de muitos filhos os quais, por seu turno, se multiplicaram para que eu pudesse viver coisas muito boas. Para quê preocupar-me quando a minha falta de tempo não me permite muito mais do que ... o "deixa correr" ?...
Maria Letra