19/02/2010

Tratar a dor vertebral

Transcrição do jornal do centro de saúde de Janeiro 2010

Dr. Armando Barbosa
Médico anestesiologista com formação em terapêutica da dor
paincare@netcabo.pt
www.paincare.pt

A evolução da Medicina e a melhoria das condições de vida levaram a um aumento da esperança de vida, provocando um envelhecimento da população.

A dor crónica, principalmente a de origem degenerativa, é uma das consequências do envelhecimento e um dos grandes problemas de saúde pública, afectando cerca de 20% da população dos países desenvolvidos.

A dor com origem na coluna vertebral representa uma fatia importante desses doentes.

Com efeito, cerca de 2/3 da população terão um problema na coluna durante a sua vida, sendo que, desses, um importante número tem alterações relacionadas com o envelhecimento e desgaste das estruturas que compõem a coluna vertebral.

As principais zonas da coluna vertebral que provocam dor são: a coluna cervical (pescoço) – cervicalgias – e a coluna lombar – lombalgias.

As cervicalgias mais frequentes são as de origem degenerativa, como as artroses ou "bicos de papagaio", e as traumáticas, como as hérnias ou o "golpe do chicote", que são muito frequentes nos acidentes de viação e quedas, podendo provocar sintomas alguns meses ou anos mais tarde.
As cervicalgias podem manifestar-se como dores de cabeça intensas e contínuas ou dores que irradiam para os membros superiores.

As lombalgias podem ter como causas as artroses ou "bicos de papagaio", fracturas, tumores, hérnias discais, espondilolistese e o estreitamento do canal.
Os sintomas podem ser vários, desde a radiculopatia "ciática", dores lombares ou alterações neurológicas.

As fracturas vertebrais podem resultar de uma osteoporose avançada ou metástase de tumores que se alojam na coluna, provocando alterações da sua posição que vão afectar outras funções do organismo como a respiração, a função cardíaca, etc.

TRATAMENTOS

As alterações que o envelhecimento provoca podem ter solução, uma vez que é possível diminuir ou mesmo eliminar a dor usando técnicas relativamente simples e praticamente sem qualquer risco, como a radiofrequência, a ozonoterapia e a vertebroplastia.

A radiofrequência é uma técnica realizada através da pele sem qualquer incisão, fazendo com que os nervos deixem de emitir sinais dolorosos para o cérebro. Usada para alguns tipos de dores na coluna, dores de pescoço e cefaleias.

A ozonoterapia é uma técnica percutânea, em que o gás ozono é injectado, através de uma agulha de pequeno calibre, infiltrando-se tanto a nível do núcleo do disco como a nível dos músculos paravertebrais, favorecendo a redução do conflito discorradicular e eliminando a sensação de dor. O ozono é um gás seguro, não tóxico e pode administrar-se com segurança, favorecendo o tratamento da dor e a diminuição da inflamação, usado para tratamento de artroses e patologia da coluna vertebral. A taxa de sucesso destas técnicas é superior a 80%.

HÉRNIAS DISCAIS

Actualmente as hérnias podem ser tratadas de uma forma muito simples, com saída da clínica uma hora após o tratamento. As nucleoplastias e a ozonoterapia são uma solução para determinado tipo de hérnias, o que não invalida que a cirurgia tenha de ser usada consoante o tipo de hérnia.

Já publicado no Saúde e Alimentação.

7 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns!!!
Informações basicamnete esclarecedora e muito útil.
Um beijo grande.

Cris Tarcia disse...

Realmente adorei as informaçãoes, ajudam muito.

Um abraço

Carmo disse...

Querida Fernanda, muito didáctico este texto, até porque eu trabalho em saúde.

Beijinhos directamente para Cerveira e Caminha

Bom fim de semana

carmo

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querido amigo João,

Já percebeu que tenho estado ocupada, nem vale a pena dizer-lhe com o quê.

Sei muito bem do que fala, o José tem duas hérnias discais há muitos anos, fruto de uma escoliose lombar congénita que o Pedro também herdou (a escoliose) claro.

O José fez as hérnias numa mudança de casa e como bem sabe são irreversíveis.
Esteve para ser operado mas com tracção contínua e nove meses de cama (9) passou sem a operação, mas de vez em quando lá tem uma crise...

Moral da história, se ele soubesse que tinha a escoliose, como sabe o Pedro desde pequenino, teria tido outro cuidado com a sua coluna vertebral.

Obrigada pelo post. Muito útil.

Beijinhos

Luis disse...

Caríssimo João,
Eu que o diga com as minhas maleitas da coluna! A fisioterapia é que me tem ajudado muito. Obrigado pois pelo post aqui colocado.
Um abraço amigo.

A. João Soares disse...

Meus amigos,

Entendo a Internet como um serviço público e, por isso, trago aqui temas que interessam para enriquecimento do saber e também para um pouco de entretenimento.
Em Saúde e Alimentação está agora um novo post sobre os perigos de ACC e a forma de prevenir. Não o trouxe para aqui por ser muito extenso.

Abraços
Saúde e Alimentação

Unknown disse...

Caro João,
este é de facto um post do interesse público.
Quando era muito Jovem a tentar sentar a minha avó , que na altura estava paralitica, arranjei um problema de coluna para o resto da vida. Com o passar do tempo fiquei com um ombro descaído e andei largos meses em tratamentos. Quando casei os médicos diziam-me que não deveria ser mãe porque a minha coluna não suportaria o peso da barriga na gravidez. Teimei e como sabe tenho dois filhos de que me orgulho muito. No tentanto há meia dúzia de anos atrás comecei a ter problemas para conduzir, a perna esquerda adormecia e não sentia a embraiagem. Voltei aos tratamentos, mas ao menor esforço tudo volta ao mesmo.

Os médicos dizem-me que não posso fazer grandes esforços mas não há como evitar. Não imagina as dores que todos os dias tenho ao sair da cama, é uma coisa horrível, felizmente com o movimento vai atenuando, mas há dias em que tenho a sensação que me vou partir ao meio, tal a intensidade das dores.

Beijinhos,
Ana Martins