05/11/2008

Mais uma lição do dito «Terceiro Mundo»

Depois de ter aqui publicado o post Lições do dito «Terceiro Mundo» recebi comentários a falar do pior que existe nos países menos desenvolvidos, mas isso não apagou o valor moral dos casos que referi e, depois de, há pouco, ter visto um diálogo na AR sobre a intenção de encobrir algo sobre as nacionalizações que já começaram, quando tanto se fala de transparência democrática, decidi publicar mais este exemplo vindo da Presidente da Câmara da cidade da Praia em Cabo Verde. Que bela lição para o Governo e os autarcas de cá que se escondem à sombra de «estudos» e «pareceres» de amigos para confirmarem algo que precisam de ter muito tapado.

MpD fomenta transparência na gestão municipal

Isaura Gomes pede auditoria externa à sua própria gestão e encarrega adversário de a coordenar.

Pode ser o fim da politiquice de má língua em que certos partidos são useiros e vezeiros. Achincalhada na campanha eleitoral, Zau mandou agora fazer uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que, de uma vez por todas, cessem as atoardas, não esteve com eias medidas – zás!, nomeou um vereador do PAICV para coordenar todo o processo. Zau, zás!

Mindelo, 5 Novembro – O MpD está a pôr em prática, nas autarquias sob sua gestão, uma nova forma de fazer política: começou em plena campanha eleitoral na cidade da Praia, onde Ulisses Correia e Silva prometeu (e cumpriu) lançar uma auditoria à anterior Câmara e auditorias regulares à sua própria gestão. Depois, em Assomada, Francisco Tavares fez o mesmo. E agora, em Mindelo, surpreende com a sua frontalidade.

Acusada duramente e em termos menos próprios por Onésimo Silveira, candidato do PAICV, e por Vanda Évora, candidata tambarina à presidência da Assembleia Municipal, com Gualberto do Rosário a entrar no mesmo coro, Isaura Gomes desafiou-os. Com Zau vitoriosa nas urnas, os adversários meteram a viola no saco, mas a presidente da Câmara de S. Vicente não se esqueceu: quer tudo a limpo. Isaura Gomes pediu uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que não restem quaisquer dúvidas, Zau foi mais longe: encarregou um vereador do partido adversário, Albertino Graça, de coordenar todo o processo.

Os autarcas ventoinha assumem assim a luta pela transparência, que se gostaria de ver generalizada a todos os municípios e à própria governação. Este precedente, criado pelo MpD, pode criar embaraços às suas oposições, expostas a verem eventuais atoardas suas varridas por inquirições e “entaladas” se, nos municípios onde têm maioria, o processo das auditorias não for seguido.

10 comentários:

Unknown disse...

Caro amigo João,
é de facto uma bela lição para os autarcas de cá, resta saber se a irão entender!!!

Beijinhos

A. João Soares disse...

Cara Ana Martins,
Claro que não entendem, porque não querem entender, não lhes interessa.
Mas bastava um imitar esta senhora para o ambiente nacional melhorar consideravelmente.
Beijos
João

Ana Maria disse...

Uma grande lição.
Beijinhos!

A. João Soares disse...

Cara Ana Maria,
É sem dúvida uma grande lição que deva ser seguida por todos os que se dizem democratas. Mas não o são; são apenas palradores de palavras vazias de conteúdo para enganar o povo semi-adormecido. São egoístas ambiciosos que desprezam aqueles que deviam proteger, mas que, pelo contrário, exploram até à medula, m«para manterem e aumentarem as suas próprias regalias.
São uns parasitas muito daninhos, e o povo não parece decidido a correr com eles de qualquer forma, usando qualquer meio.
O pior remédio é aquele que é tomado tarde demais.
Beijos
João

Mariazita disse...

Querido amigo João
É, sem dúvida, um bom exemplo, que deveria ser seguido por todos.
Talvez, desse modo, se conseguisse recuperar a perdida confiança nos políticos.
Como não acredito que isso aconteça...veremos qual a solução.
Às vezes ela surge quando menos se espera.
Beijinhos
Mariazita

A. João Soares disse...

Querida Amiga Mariazita,
Não podemos esperar que os políticos dispensem os «privilégios» de que usam e abusam, por iniciativa deles. Para que passem a comportar-se com respeito pelos eleitores e contribuintes, é indispensável que sejam pressionados pelo povo. É preciso que o povo desperte da letargia em que foi embriagado e exija o respeito pelo dinheiro dos impostos que obrigue a ser bem governado, com seriedade, com democracia transparente.
Ao falar-se disto aqui está contribuir-se para que isso seja conseguido.
Ninguém tem o direito de se manter indiferente às desgraças que imolam os cidadãos no altar da vaidade e ambição dos políticos.
Beijos
João

stériuéré disse...

Para bom entendedor, meia palavra basta, mas neste caso eram precisas resmas e resmas delas.

A. João Soares disse...

Stériuéré,
O povo tem de acordar e denunciar os casos menos dignos dos políticos que vivem à custa dos impostos, que, para mais regalias deles, exploram
cada vez mais os contribuintes.
Depois, exijam-se auditorias, já que eles não imitam a D. Isaura Gomes
Sugiro-lhe a leitura do post «Presentes menos de 50 dos 230 deputados» no blogue Do Miradouro. Por cá é assim.
Beijos
João

Táxi Pluvioso disse...

Países menos desenvolvidos? Ufa, Portugal escapou. Agora se fosse povos menos desenvolvidos, então seríamos nós os maiores.

A. João Soares disse...

Caro taxi pluvioso,
Se a palavra país significa território, também pode significar a população que nele vive! E nesse ponto de vista... Mas de alguns dos menos desenvolvidos vêm ocasionalmente surgido óptimos exemplos, sendo pena que não sejam devidamente apreciados e seguidos.
Abraço, bom fim-de-semana
João