10/05/2011

Os jogos de manipulação mediática que precisamos de desmontar.


Há um linguista americano, Avram Noam Chomsky, que elaborou a listadas “Dez estratégias de manipulação” através da comunicação social:

1.A ESTRATÉGIA DA DISTRACÇÃO.O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes. A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir o povo de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área das ciências, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à quinta como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES. Este método também é chamado "problema-reacção-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público, a fim de que este tenha a percepção que participou nas medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público exija novas leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO. Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, durante anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990:Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários baixíssimos, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO. Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é aplicado imediatamente. Segundo, porque o público - a massa – tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá vir a ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO SE DE CRIANÇAS SE TRATASSEM. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos da debilidade mental, como se cada espectador fosse uma criança de idade reduzida ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Porquê? "Se você se dirigir a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a dar uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

6- UTILIZAR MUITO MAIS O ASPECTO EMOCIONAL DO QUE A REFLEXÃO. Fazer uso do discurso emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e pôr fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para incutir ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.• Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de eliminar (ver 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE. Promover no público a ideia de que é moda o facto de se ser estúpido, vulgar e inculto...

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE. Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, de suas capacidades, ou do seu esforço. Assim, ao invés de revoltar-se contra o sistema económico, o indivíduo autocritica-se e culpabiliza-se, o que gera um estado depressivo, do qual um dos seus efeitos mais comuns, é a inibição da acção. E, sem acção, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM. No decorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado um crescente afastamento entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos sobre si próprios.

NOTAS:

1. "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, e, a ter vergonha de ser honesto."


Rui Barbosa

2. Criaram a miséria e ainda se riem com ela... e não desistem dos seus jogos e manipulações miseráveis de poder.

Alberto

3. Querem fazer de nós Burros...

Luís

4 comentários:

Eva Gonçalves disse...

Por alguma razão, são o quarto poder... muito mais poderoso do que lhe damos crédito. O melhor mesmo é desligar a tv e procurar várias fontes de informação, cruzando-as e sobretudo, pensar :)Coisa que fazemos pouco...

Luis disse...

Querida Amiga Eva,
Realmente há quem não pense senão neles próprios e é por isso que chegámos onde chegámos. Espero que desta vez o bom senso prevaleça!
Um beijinho muito amigo e solidário.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Nada acontece por acaso e não há motivo para surpresa. A psicologia quer das pessoas quer colectiva levou, há muitos anos à criação das técnicas de marketing e de «guerra psicológica», que têm sido aplicadas, cada vez de forma mais evoluída no domínio das mentes para obtenção de lucros, de poder.

A humanidade está em profundo processo de alteração - há quem diga de degradação - o que significa que a ambição de uns quantos leva a que qualquer avanço da ciência ou da tecnologia lhes serve para a utilizar em interesse próprio, sem olhar a meios.

Recordas-te que a RTP dava lições de agricultura de condução automóvel segura, de mecânica automóvel e cuidados a ter na compra de usados, de aeromodelismo, de bricolage, de boa utilização do idioma, de cultura, de arte, etc, etc.

Hoje, procura evitar que as pessoas pensem nos problemas graves que afectam a vida dos portugueses, que se entretenham no embrutecimento com o futebol, com casos menos dignificantes que ocupam os ecrãs durante semanas ou meses, com discursos balofos que impõem a figura de figurões, com a sua voz bem treinada e as suas roupas de alto preço. Hoje interessa que as senhoras sejam levadas a «argumentar» «voto nele porque é bonito!»

Pelo meio saem umas fofocas sobre amores e desamores de futebolistas ou outros artistas do ócio.

Repara nestas palavras de Cavaco em notícia recente "É essencial para Portugal produzir mais e produzir melhor", sublinhou Cavaco, garantindo que assim será possível reduzir o "desequilíbrio" e as "necessidades de financiamento externo" do País, além de se dinamizar "os espaços rurais" e criar mais emprego.

Será que as comendas que irá conceder em 10 de Junho serão coerentes com este objectivo??? Ou irão cair como de costume nas actividades de ócio ou em serviços públicos com muita despesa, muita burocracia, muita corrupção e sem produtividade?
Seria mais coerente que condecorasse empresários que mais exportam, que mais impostos pagam, que mais empregos dão, que maiores salários pagam (sem contar com os administradores e os mais altos gestores).

Só vemos palavras bonitas para enganar as massas humanas. E estas deixam-se enganar...

Abraço
João
Do Miradouro<a

Luis disse...

Caro Amigo João,
Tens toda a razão pois até no video feito para a Finlândia pensar em nós de forma diferente tiveram que misturar história com desporto e não só! A sociedade em que vivemos actualmente está de facto degradada! Os Valores e Princípios porque se está a regirnão são os que nós aprendemos no berço! Hoje o "Faz-de-conta" e o "Ter" é mais importante que o "SER"!
Um abraço amigo e solidário.