12/02/2011

O PRIMEIRO BRANCO... RACISMO BRITÂNICO!


Os portugueses são o povo mais atrasado da Europa porque há séculos que se misturam com os negros. Quem o afirma é o jornal National Vanguard Tabloid, publicação oficial de uma organização inglesa que defende a “pureza da raça branca”. É curioso que o editorial da publicação tenha escolhido Portugal como o exemplo dos malefícios da contribuição do “sangue negro” para as sociedades europeias e americanas. Racismo assim, às claras, é já muito pouco frequente. O caso é tão raro que vale a pena visitá-lo.

O jornal assenta a sua argumentação em “factos históricos”. Portugal recebeu os primeiros escravos negros em meados do século XV. Dezenas de anos depois, os negros já eram 10 por cento do total da população lisboeta. Essa percentagem viria a crescer para 13 por cento no século seguinte. A pergunta imediata é a seguinte: estes africanos que destino tiveram? Regressaram a África. A resposta é não. Eles foram absorvidos, misturaram-se do ponto de vista genético, social e cultural. Eles ajudaram a construir a Portugalidade. Introduziram valores e dados de cultura. A palavra minhoca é apenas uma de dezenas de outras marcas no domínio linguístico. O autor de tal prosa racista do tal tablóide inglês não tem dúvida em identificar nesta mistura de raças e de culturas a razão daquilo que ele chama de “declínio da sociedade portuguesa. Passo a citar: Os portugueses eram, até então, uma raça altamente civilizada, imaginativa, inteligente e corajosa. Mas devido ao rápido crescimento da população negra e o correspondente declínio dos brancos (cujos machos estavam em viagem longe da Europa) todo esse património de pureza foi adulterado.

Falo deste caso como forma de reconhecer que os preconceitos rácicos são múltiplos e de múltiplas facetas. O mundo não obedece a uma fronteira simples que divide os racistas dos não racistas e que separa vítimas e culpados. Vale a pena, pois, continuar a citar as razões invocadas pelo “National Vanguard”, para a chamada degradação da cultura e enfraquecimento da raça:

O que se vê hoje em Portugal é o resultado de uma mistura não selectiva e uniforme de 10 por cento de pretos e 90 por cento de brancos num todo o homogéneo. Trata-se de, facto, de uma nova raça – uma raça que estagnou na apatia e nada produziu de novo em 400 anos de História. A culpa desta estagnação, segundo estes neonazis, reside na liberdade com os portugueses se “cruzaram” com os africanos. Isso resultou numa mudança profunda do carácter e da psicologia da nação lusitana. O “National Vanguard” não tem nenhuma dúvida ao afirmar: “os portugueses do século XVII e os dos séculos seguintes são duas raças diferentes”.
Os articulistas advogam obviamente a favor da separação racial. Sociedades como a americana contiveram e contém uma percentagem considerável de negros. Mas essas “souberam” manter uma céptica fronteira entre os grupos raciais. Não houve cruzamento nem mestiçagens. Assim diz o jornal.

Foi essa separação que, segundo a racista publicação, ajudou a manter a capacidade de progresso em países como os Estados Unidos da América. E conclui: não existe evidência nenhuma que a integração dos negros e dos judeus tenham trazido alguma vantagem em qualquer parte do mundo.

Embora estas publicações sejam casos isolados e representem uma faixa desprezível da opinião pública, a verdade é que não é por acaso que o jornal escolheu Portugal como um caso paradigmático. Todos nos lembrarmos do que escreveu Kaulza de Arriaga, quando explicava as maiores capacidades dos europeus do Norte em relação aos do Sul. Os trópicos como evidência de degradação e desumanização é um estereótipo antigo. Essa atitude de arrogância não é sequer nova. Uma parte da Europa há muito que lança sobre Portugal um olhar distante e de superioridade racial. Portugal é, afinal, o país de Eusébio, de Ricardo Chibanga, de Sara Tavares.

Um episódio antigo ligado ao explorador britânico Livingstone ilustra bem como essa Europa olhava e olha para Portugal. Livinsgtone vangloriava-se ter sido o primeiro branco a atravessar a África Austral. Um dia alguém lhe chamou publicamente a atenção que isso não era verdade. Antes dele já o português Silva Porto tinha realizado tal travessia. Imperturbável, o inglês ripostou:
- Eu nunca disse que fui o primeiro homem a fazê-lo. Disse apenas que fui o primeiro branco.

SÁBADO, 29 JANEIRO 2011 00:00 MIA COUTO

NOTA:

E o que dirão sobre OBAMA?

7 comentários:

Unknown disse...

E daqui não saímos.
Eles fizeram e expressaram opiniões que nos levaram a permanecer num patamar de inferioridade.

Não recordam as nossas viagens descobrindo novos mundos, apenas vêem a parte negativa.
Nem eu tenho culpa de ser branco nem eles tem culpa de ser pretos.

As cores estão marcadas por dentro de cada um que não respeita nem ajuda o outro.

Hoje existem muitos pretos mais racistas que os brancos.

Luis disse...

Caríssimo Amigo Luís Coelho,
Povos como os britânicos foram os percusores dos racismos! Actualmente e infelizmente existe o racismo negro!
Para mim qualquer tipo de racismo não tem razão de existir pois como é uso dizer-se "todos somos iguais, todos somos diferentes"! A igualdade na diferença acaba com os racismos!
Um forte abraço muito amigo.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Caros Amigos,

Acho que nem deve ser argumentado.
Tais afirmações são desprezíveis, embora continuem a ser comuns entre os nórdicos. Quando estive em Angola deleitava-me a ouvir no rádio os discursos que fazia o Secretário Provincial da Educação (salvo erro Pinheiro da Silva) nas visitas a escolas do interior. De cor negra, era um intelectual superior a muitos britânicos. Mas há muitos outros, como Mandela, como Martin Luther King, como Obama, como Leopold Sedar Senghor, etc. Indianos, Chineses, Japoneses, não são brancos e dão lições ao mundo. Já era tempo de as ideias nazis terem desaparecido.

Abraços
João
Do Miradouro

Brown Eyes disse...

O mundo nunca terá paz enquanto uns se julgarem superiores a outros. Já vivi, melhor nasci, em África e não considero que os europeus sejam um povo mais evoluído, pelo contrário. Os Africanos vivem mais intensamente a vida e não vivem de aparências. Pessoalmente estou mais de acordo com a visão que eles têm da vida e muito pouco com a europeia. Atrás de cada corpo há um ser humano com qualidades e defeitos que nada têm a ver com a raça mas, com o carácter de cada um e o carácter não tem cor.

Luis disse...

Minha Boa Amiga,
É isso mesmo o carácter não tem cor! E a propósito do que referiu sobre a vida em África eu próprio o sinto porque por lá passei! O africano que vive no mato fora da dita "civilização" é mais feliz e humano pois está sempre pronto a ajudar quem precisa. Não tem preconceitos raciais nem tribais!
Saudações amigas e solidárias.

Anónimo disse...

Um chorradilho de mentiras escritas por um ignorante, ignorante da história de Portugal e da genética dos portugueses.
Ele que nos explique então, porque razão não existem marcadores negroides no Y cromossoma dos portugueses nativos, é que de facto não existem

"In a recent study based on Y chromosome biallelic markers(Pereira et al. 2000) we have reported the absence of typical sub-Saharan haplogroups in the Y chromosome Portuguese pool."

Pereira et al. 2000

... afinal onde estão esses escravos? ora pois... Primeiro, os negros em Portugal, nunca foram 10% de coisa nenhuma, isso é a primeira mentira. Existem relatos de escravos em Portugal, como existem no reino Unido ou Holanda, mas lá nos mercados gerais, onde seriam vendidos e encaminhados para as ex-colónias para trabalhar... Acho ridículo e totalmente disparatado se pensar que no Portugal da Inquisição e das limpezas de sangue do século XV e XVI seria possível a um africano se misturar com os nativos, é completamente de loucos e digno de uma comédia.

Já agora Portugal está entre as 30 nações do mundo com melhor nivel de vida e com um milhão de almas conquistou meio mundo isso deve-se ao quê?

Somos portugueses e somos brancos, e temos todo o orgulho em sê-lo

Eduardo disse...

É impressionante que mesmo estando em pleno século 21, ainda haja pessoas que percam tempo com estes racismos disparatados. É evidente que as qualidades de cada um, o carácter, o potencial humano em si, não dependem nem da cor nem do tom da pele de ninguém.

É ridículo presumir que apenas os brancos é que são racistas e sofram de complexos de superioridade. Afinal de contas há pretos que também sofrem de complexos de inferioridade e que preferiam mesmo é ser brancos.

Eu sou Africano e de origem Angolana, educado, imaginativo e com orgulho do património cultural imaterial que fui adequerindo ao longo dos anos. Já conheci até imensos pretos racistas e orgulhosos por serem negros, para minha própria tristeza.

É deplorável ter orgulho por se ser de uma raça, porque não é algo que se escolhe ser, nem é algo que faça diferença alguma na sociedade. Pode-se ter orgulho nas tradições de um povo, na experiência, sabedoria e o desejo de se ser melhor que ontem.

Acredito que o racismo, o preconceito e os estereótipos são marcas do atraso da condição humana. Toda a "vida" é uma dádiva divina, ou será que o ser humano se tornou tão vaidoso ao ponto de se achar superior aos trabalhos do seu próprio Deus?

Angola tal como Portugal é um país com um povo caloroso e acolhedor, que é muito diferente da cultura dos países Nórdicos. Angola esta a desenvolver e será uma grande potência um dia, e em parte graças também ao património Português, que é visível em grande parte do país. Todo o Português é bem vindo aqui, até porque nós precisamos por as nossas diferenças de lado e olhar para o futuro. O futuro dos nossos dois países vão depender deste nosso laço de irmandade.

Cabe aos Portugueses desenvolver novas ideais sem preconceitos. Já lá vão os tempos das sombras do passado dos grandes descobrimentos, agora é hora de abraçar o futuro e provar para o mundo que Portugal não era grande somente no passado. Portugal tem amigos, somos muitos os que falamos português, é importante ajudarmos-nos uns aos outros.