Ai, que saudade tão terna vinte vezes cada um
tenho dos bancos da escola! na hora da brincadeira
Da minha rota sacola, com o “prof” ali à beira
das calças sem meia perna, prontinho para o “pum”
das botas quase sem sola…! se acaso saísse asneira.
Da minha lousa partida, Na História eram os reis,
dos lápis esmigalhados, - seus feitos e valentias…
dos cadernos esborratados, papaguear as dinastias,
da algazarra da saída sucessões, actos e leis
aos gritos, berros e brados; - à cabeça as “Sesmarias”.
das idas ao “quadro preto” Linhas férreas e estações
escrever a tabuada marteladas a preceito,
que, de resto, era cantada rios, serras, do mesmo jeito,
por todos, como em coreto, províncias e regiões…
para ser bem decorada; Portugal todo a eito.
das soletradas leituras, Os ossos do esqueleto,
dos desenhos só a metade ai de quem os não soubesse
por falta de habilidade na ponta da língua e esse
p’ra executar as figuras, era o maior aperto
Oh! Minha grande saudade! Quando o inspector viesse.
…Até mesmo a palmatória Coração, estômago e rins,
e a cana do professor, suas funções e locais,
(já as conhecia de cor) veias, artérias e mais
também essas a memória órgãos e outros afins
quase as guarda com amor. das Ciências Naturais…
Da parede pendia fixo Esse era o primário estudo
o grande “Mapa do Império”, no tempo em que eu lá andei.
E com um ar grave e sério E em abono direi
o retrato de um estadista que muito daquilo tudo
ao lado de um crucifixo. ainda hoje eu sei.
Vinha o recreio! …ai o recreio Portanto, afirmo em verdade
c’o a infalível contenda (e como tal dou a face):
em que as cabeças sem fenda Por muito que ela custasse,
não ficavam…! De permeio nutro uma terna saudade
engolia-se a merenda. da minha Quarta Classe!
As contas e os ditados?
--de pôr em pé os cabelos!
Erros? - Nem vê-los!
Eram todos apontados
e obrigados a fazê-los
tenho dos bancos da escola! na hora da brincadeira
Da minha rota sacola, com o “prof” ali à beira
das calças sem meia perna, prontinho para o “pum”
das botas quase sem sola…! se acaso saísse asneira.
Da minha lousa partida, Na História eram os reis,
dos lápis esmigalhados, - seus feitos e valentias…
dos cadernos esborratados, papaguear as dinastias,
da algazarra da saída sucessões, actos e leis
aos gritos, berros e brados; - à cabeça as “Sesmarias”.
das idas ao “quadro preto” Linhas férreas e estações
escrever a tabuada marteladas a preceito,
que, de resto, era cantada rios, serras, do mesmo jeito,
por todos, como em coreto, províncias e regiões…
para ser bem decorada; Portugal todo a eito.
das soletradas leituras, Os ossos do esqueleto,
dos desenhos só a metade ai de quem os não soubesse
por falta de habilidade na ponta da língua e esse
p’ra executar as figuras, era o maior aperto
Oh! Minha grande saudade! Quando o inspector viesse.
…Até mesmo a palmatória Coração, estômago e rins,
e a cana do professor, suas funções e locais,
(já as conhecia de cor) veias, artérias e mais
também essas a memória órgãos e outros afins
quase as guarda com amor. das Ciências Naturais…
Da parede pendia fixo Esse era o primário estudo
o grande “Mapa do Império”, no tempo em que eu lá andei.
E com um ar grave e sério E em abono direi
o retrato de um estadista que muito daquilo tudo
ao lado de um crucifixo. ainda hoje eu sei.
Vinha o recreio! …ai o recreio Portanto, afirmo em verdade
c’o a infalível contenda (e como tal dou a face):
em que as cabeças sem fenda Por muito que ela custasse,
não ficavam…! De permeio nutro uma terna saudade
engolia-se a merenda. da minha Quarta Classe!
As contas e os ditados?
--de pôr em pé os cabelos!
Erros? - Nem vê-los!
Eram todos apontados
e obrigados a fazê-los
António de S.Tiago
Enviado por email pelo Amigo João
3 comentários:
Caro Luís,
Uma bela descrição do que era a escola no interior de Portugal. Hoje, ao vermos nos concursos da TV a ignorância de muitos licenciados, recordamos com prazer o quanto sabíamos ao sair da quarta classe. Talvez alguns não tivessem ido muito além do cantarolar das estações e apeadeiros dos comboios e de outros temas mas muitos acabaram por sedimentar esse saber e nele basear os seus raciocínios pela vida fora, na gestão dos seus problemas, das suas curiosidades para aprender mais.
Um abraço
João
Do Miradouro
Estamos saudosistas, Luis,relembrando tempos bons, inocentes e cheios de estrepolias, que não existem mais!
Meus netos não pularam amarelinhas,nem de bonecas, casinha e comidinhas, nem jogaram queimada,com bolas de meia, nem aprenderam a jogar bolinhas de gude, jogo de botões. Lembro-me dos meus irmãos arrastando pelo chão em campeonatos de futebol onde os jogadores eram os botões das camisas e pijamas de nosso pai!Coitado, atrasado e seus trajes sempre faltavam botões, e por isso aprendí cedo a faze-lo!
Tempos bons aqueles!!!
Celle
Revi-me nesta volta às escolas do passado. Que saudades, apesar das dificuldades, das más condições dos estabelecimentos, do frio, da falta de aquecimento, das reguadas, das varadas. Tudo era exigente e não havia desculpas,cartas aos pais, psicólogos nem estudos acompanhados; o mestre fazia tudo e, com maior ou menor violência, maior ou menor carinho lá ia dando conta do seu trabalho com alunos a quem muitas vezes faltava até um pão para a merenda. Difíceis tempos, mas também saudosos. Obrigada por esta volta à escola que também foi a minha. Um bom fim de semana
Emília
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