23/02/2011
E depois da libertação?
Os movimentos de libertação dos regimes ditatoriais ou próximos disso do Norte de África, iniciados na Tunísia e no Egipto, vão provavelmente estender-se a toda a região e ao Médio Oriente. O que tem sido visto com simpatia pelo mundo ocidental, embora com algumas apreensões.
É simpática a imagem de busca de liberdade de expressão, de procura de um regime político que permita uma maior igualdade na distribuição da riqueza e o acesso a bens e hábitos que os novos meios informáticos e de comunicação mostram às populações outrora mantidas numa castrante ignorância. E não deixa de ser interessante que os movimentos de libertação tenham aparentemente origem na população informada mas não organizada. Resta saber como se vão reorganizar estes países. Quem vai tomar a liderança do processo, como o vai conduzir e quais as evoluções posteriores. Cada país à sua maneira ou seguindo um modelo que se vá impondo às circunstâncias.
Naturalmente que a diplomacia e os serviços secretos norte-americanos e provavelmente a diplomacia e outros serviços dos antigos colonizadores estão já a procurar criar condições à implantação de regimes que lhes sejam tão próximos quanto possível. Mas os movimentos islâmicos, nomeadamente os mais radicais, estão certamente também já no terreno a procurar aproveitar a oportunidade para se instalarem em força.
Nestes países há actualmente um razoável número de pessoas que fizeram formação universitária na Europa e nos EUA, os quais têm, por isso, uma perspectiva mais abrangente e uma capacidade acrescida para tomar o seu futuro nas próprias mãos. Fica então o desejo de que os povos do Norte de África e do Médio Oriente saibam encontrar o seu próprio caminho da liberdade; liberdade física e mental, política e religiosa.
JN, 23/02/2011, Luís Portela
Nota:
Este tem sido o meu receio desde que eclodiram tais movimentos. Pois, como aconteceu em Portugal, e não só, há sempre aproveitamentos de quem está mais organizado e, nem sempre são esses os caminhos que os povos pretendem que se sigam! "Fica então o desejo de que os povos do Norte de África e do Médio Oriente saibam encontrar o seu próprio caminho da liberdade; liberdade física e mental, política e religiosa.", como bem expressa o articulista!
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2 comentários:
Meu amigo:
Também sinto o mesmo receio, há demasiados interesses envolvidos e nem sempre o povo sai beneficiado como tão bem sabemos.
Um assunto a merecer a nossa atenção sem dúvida.
beijinhos
Fê, minha Boa Amiga,
Dizer-se que os Povos sabem o que fazer nestas circunstâncias é puro "Bluff"!Felizmente que esta opinião está a tomar forma!
Desejo do coração que os Povos agora libertos consigam atingir o que almejaram. Não podem deixar cair o poder em mãos erradas...
Um beijinho amigo e solidário.
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