02/06/2011

Insucesso escolar: dados pouco divulgados por cá !


Resumindo:

No Luxemburgo, Canadá, Reino Unido, Suíça e França os estudantes portugueses são os que têm maiores taxas de abandono escolar e insucesso.
Logo, o problema não está nos nossos professores, mas sim nos pais das criancinhas e na forma como encaram a (des)necessidade da escola.

Insucesso escolar: dados a ter em conta!

Um estudo vem agora revelar que os Portugueses não gostam do estudo. Mas, claro, a divulgação que é dada a estes contributos para a explicação do insucesso escolar em Portugal é escassa, porque não convêm...

"São marcas que continuam a acompanhar os portugueses. Cá dentro, Portugal tem a segunda taxa mais elevada de abandono escolar precoce da União Europeia. Lá fora, os filhos dos emigrantes portugueses continuam a desistir. No Luxemburgo, um em cada quatro alunos que abandona a escola secundária é português ", dá conta um estudo do Ministério da Educação luxemburguês, ontem divulgado pela agência Lusa.

"Entre os estudantes estrangeiros que frequentam o ensino secundário naquele país, os portugueses são os que apresentam a maior taxa de abandono escolar."
No último ano lectivo, estavam inscritos nas escolas públicas 7046 portugueses. Desistiram 454, o que representou um aumento de cinco por cento em relação ao ano anterior. Os alunos portugueses representam 19,1 por cento da população estudantil do Luxemburgo. São o maior grupo entre os estrangeiros que estudam naquele país.

"A outra face da mesma moeda: dados recentes mostram que, nos EUA, Canadá, Grã-Bretanha e Suíça, os filhos dos emigrantes portugueses estão também entre os que obtêm resultados escolares mais baixos entre as comunidades estrangeiras."

Para Hermano Sanches Ruivo, responsável pela primeira associação de luso-descendentes criada na Europa, a Cap Magellan, a reprodução desta situação deve-se em grande parte ao facto de muitas famílias continuarem a não valorizar o papel da educação.

"Para muitos, educação é os filhos fazerem o que eles fizeram", comenta ao PÚBLICO.
"Não têm tempo para acompanhar os filhos, não gastam dinheiros em aulas suplementares para compensar atrasos. Os jovens, por seu lado, têm como preocupação começar a trabalhar o mais rapidamente possível."

Também o organismo que coordena os serviços escolares na Suíça (CDIP) apontou, em 2007, o dedo às famílias. Os fracos resultados escolares das crianças portuguesas devem-se "ao desinteresse total dos pais em acompanhar" a educação dos filhos e à "origem sociocultural modesta" destes, afirmava-se num documento que suscitou a indignação dos representantes portugueses naquele país.

Sanches Ruivo, que foi o primeiro luso-descendente a ser eleito para a Câmara de Paris, considera que a responsabilidade desta performance negativa recai também sobre os sucessivos governos portugueses. "Tem sido feito muito pouco para promover a língua portuguesa", constata. Um resultado: em França, apenas 30 mil pessoas estão a aprender português, os estudantes de italiano são quase 300 mil, os de espanhol três milhões.

SÃO COINCIDÊNCIAS A MAIS.

Os sistemas educativos do Luxemburgo, Canadá, Reino Unido, Suíça, França e Portugal, sendo muito diferentes - e alguns deles muito prestigiados internacionalmente - apresentam os mesmos dois problemas com os alunos portugueses: Abandono escolar e insucesso...
Não seria de explorar a possibilidade de estarmos perante um problema cultural de fundo, dos portugueses em relação à escola e à necessidade do estudo?

Andou o Ministério da Educação, nos últimos anos, sob a liderança de Maria de Lurdes Rodrigues, com o beneplácito de um agradecido José Sócrates, com o apoio propagandístico de alguns "opinadores", como Emídio Rangel ou Miguel Sousa Tavares, a despejar sobre a opinião pública a ideia de que os professores portugueses eram uma espécie de crápulas, responsáveis pelo abandono escolar e pelos maus resultados dos alunos, para vir agora um estudo do Ministério da Educação do Luxemburgo revelar que são os estudantes portugueses naquele país os que registam mais abandono escolar e piores resultados.

Afinal, como prova esse estudo, reforçado por situação idêntica noutros países, como os Estados Unidos, o Canadá, a Grã-Bretanha e a Suíça, o facto de as famílias portuguesas emigrantes não valorizarem o estudo e o ensino está na origem do abandono escolar e dos maus resultados. Ou seja, em sistemas de ensino diferentes, com condições de trabalho e formação dos professores diversos, o resultado é sempre o mesmo em relação aos estudantes portugueses: alto índice de abandono e fracos resultados escolares.

Apontam ainda aqueles estudos como principais responsáveis pela situação as famílias que não valorizam os estudos. Obviamente que em Portugal a razão é a mesma. De facto, existe na sociedade portuguesa uma tendência generalizada para desvalorizar o estudo, o esforço intelectual e a responsabilidade das famílias na educação dos filhos.

O ataque desferido nos últimos anos à classe docente tem contribuído fortemente para agravar essa situação.

Basta olhar para os escaparates dos quiosques para percebermos que existe uma imensidão de publicações dedicadas ao futebol, à vida cor-de-rosa de famosos por serem famosos, ou à divulgação de truques financeiros para enriquecer rapidamente. Se alguém quiser encontrar uma revista de Cultura, de Arte ou de História, de edição regular, só recorrendo à imensidão de publicações espanholas ou francesas de boa qualidade.

Perante esta realidade, até poderíamos ter o melhor sistema de ensino do mundo, que os resultados pouco mudariam!

4 comentários:

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Meditar neste texto e nas frases que acompanham as imagens do post anterior, constitui uma boa participação para o esforço de melhorar a educação e a responsabilidade dos futuros cidadãos.
As crianças e os jovens de hoje são os responsáveis pelo Portugal do futuro.

Um abraço
João

Celle disse...

Caro Luis!
Por aqui está ocorrendo o mesmo problema. É sério isto!
Como ex-professora, entendo que não havendo interesse e motivação não haverá aprendizado e, o aluno então desiste. Ele precisa estar motivado!
Quem provoca este interesse, nas crianças são os pais, a família, e por fim os professores.
Sabemos bem da crise que a família vem atravessando, vejo nela a principal causa do desinteresse e abandono escolar, tanto aqui como aí. A ausência física e psicológica dos pais por vários motivos: abandono de lar, separação, trabalho,viagem lazer e outras ausências, provocam estresse nestes pais que cansados, atrasados, irritados, não possuem "aquele" tempo especial para os filhos, que se sentem abandonados. Entregues aos cuidados de parentes, avós, empregados, babás, eles não conseguem impedir a falta que sentem dos pais. Mesmo que a criança não reclame ela deseja mostrar seus feitos e progressos aos pais. Ela se sente amparada e importante perante eles. Os pais que necessitam trabalhar, quase sempe chegam cansados, nervosos e os filhos gostariam que não tivessem, que lhes dessem a atenção devida, carinho e afeto.Ela não está errada. Acredito ser por aí a mudança deste quadro.
A criança não é obrigada a entender o adulto, ela só quer ser amada e educada, corrigida pelos pais. Se sente segura e confiante quando percebe que: tem sido observada, elogiada, punida, corrigida se necessário e orientada no caminho a seguir, confia que os pais lhe darão proteção. Este é um dos deveres, incontestáveis, dos pais,alem da educação e outros. E deveriam constituír um prazer e não um problema,devido a culpa que carregam sem se darem conta,e a maioria das vezes é por necessidade...
Torçamos por melhorias!
Bjs
Celle

Celle disse...

Luis, visite meu blog: ornamental, www.ccelle.blogspot.com e leia o post de hoje. Veja nossa situação!
É o fim do mundo!
Não se entristeça, tudo igual!!!
Beijos
Celle

Luis disse...

Meus Bons Amigos,
Com os vossos criteriosos comentários completaram o artigo que lhes deu origem. Na verdade a sociedade actual não facilita a vida familiar e a ideia de só haver direitos sem deveres a eles associados reduz a uma forma "menor" de Vivência das pessoas e em particular das crianças que sem bons exemplos quando forem adultos irão dar continuidade a estas aberrações!
E cada vez será pior! Há que pôr termo a este esquema de Vida, pois estamos a ser escravos de nós mesmos...
Um abraço amigo e solidário.