10/09/2010

O HOMEM EM PERIGO


Aconselhada a publicar sobre o assunto procurei sintetizar e postar no Sempre Jovem, assunto atual, complexo, abordado pelo escritor Michel Quoist, em seu livro, Construir o Homem e o Mundo, em 1971

O HOMEM EM PERIGO

Em face da consciência da humanidade, os chamados grandes problemas - a injusta condição do mundo operário e o proletariado nos povos subdesenvolvidos - permanecem ainda sem solução.
Seus amargos frutos e inúmeras variedades de sofrimento que acarretam, atingem o homem em sua carne e sua alma.

No entretanto, um outro mal, talvez mais grave ainda, vai invadindo a humanidade, a – terrível reviravolta das coisas- pelos povos mais evoluídos, e pelos homens mais civilizados. É uma espécie de desintegração, e decomposição, de apodrecimento do próprio homem. Os maiores sábios e os mais eminentes pensadores que crêem na primazia do espírito sobre a matéria acham-se inquietos, e a própria humanidade já começa a compreender a importância desse perigo.

O homem moderno, orgulhoso de seu poder sobre a matéria e sobre a vida, parece dominá-las cada dia melhor. A medida em que pela ciência e pela técnica o homem vai se apoderando do universo, vai também perdendo o domínio do seu universo interior.

Pretende dirigir o universo e não sabe dirigir nem a si mesmo.O verme que o corroi está em seu interior, e se fortifica, alimentado pelas facilidades do mundo moderno que oferecem ao corpo as delicias e ao espírito o orgulho do poder.

É preciso refazer o homem, para que o universo seja por ele refeito, na ordem e no amor. Quanto mais facilidade de viver e de gozar, mais necessidade de luz terá o homem para compreender que não são senão os meios para atingir um fim mais alto; precisará também de força interior para não se apegar a elas; e mais necessidade de amor terá a fim de captá-las em seu benefício.

O Homem produz cada vez mais e, perpétuo esfomeado, lança-se sobre esses bens sem nunca se sentir saciado. Infernal círculo vicioso, onde as necessidades crescem mais depressa do que nascem as coisas, e o homem escravo debruça-se para colher os frutos da matéria e acaba por cair de joelhos diante desse ídolo.

Apesar da sua decadência, o homem admira-se a si mesmo. E admirando-se esquece da onipotência de Deus e faz das coisas seu Deus.

Para construir o homem e o mundo moderno, não é preciso apenas restituir ao homem sua alma, mas também faze-lo redescobrir quem o criou, com perfeição. Se não amanhã não haverá mais homem.

O homem bem construido o é em três planos: o físico, o sensível e o espiritual.

Os planos reagem uns sôbre os outros, mas sua hierarquia deve ser respeitada, sendo o físico o ultimo, o menos nobre, e o espiritual está acima de todos. Se a ordem dos valores não for conservada o homem se desagrega.

Alguns homens andam de cabeça para baixo, e isto não é normal.
O físico tomou o comando...
Outros caminham de rastros é a sensibilidade dominando...
A afeição se torna paixão...
A sensibilidade domina e paralisa o espirito...

"O homem precisa estar de pé", com seu espirito inteiramente livre, comandando a sua sensibilidade e o seu corpo. Se o corpo precisa de alimento também é preciso fortalecer o espírito e os sentidos com conhecimentos e estudos.

O homem não pode manter-se de pé; seu corpo muito pesado, sua sensibilidade, muito sedutora, ele precisa de força espiritual que o atraia para cima, para o alto e o sustente e o tranforme interiormente.

Quando o homem se mantiver de pé, altruista, olhará ao seu redor e verá a realidade que o cerca, o perigo que o rodeia, será bom que reflita voltando à plena posse de si mesmos para, em seguida, se fortificar espiritualmente.

Assim não estará mais preocupados só em “ter”, mas primeiramente, em “ser”.

O homem em perigo, falta Deus na sua vida!

Sem comentários: