com o título “DOMINGO DE CHUVA”, publiquei uma crónica, com muito interesse, escrita por Mário Prata.
Decidi hoje trazer aqui um texto do mesmo autor, que acho igualmente interessante.
Aprecie:
Aprecie:
Homem gosta é de homem!!!
Mário Prata
Mário Prata
Homem gosta de homem! - disse, corajosamente, o cartunista Miguel Paiva (Radical Chic) na semana passada, no gostoso (e gostosa) Marília Gabi Gabriela.
É preciso ter peito para fazer-se uma declaração dessas em público. E, quem tem peito, geralmente, são as mulheres.
E a Marília retrucou:
- Mulher também.
Escrevi e montei uma peça há uns anos atrás, chamada Bésame Mucho (que epois virou filme do Ramalho).
Esta peça tratava justamente deste assunto. A relação de ternura entre dois homens. Da infância até à maturidade.
Antes que alguém viesse dizer que era coisa de viado, tive que inventar uma palavra para explicar a relação entre os dois personagens masculinos.
A palavra era "homoternurismo" e, para minha infelicidade, até hoje não se incorporou ao Aurélio.
Mulher é bom, é ótimo, nem se discute. Mas que os homens preferem os homens, também não se discute.
Desde a infância, menino gosta de brincar com menino. Clube do Bolinha, menina não entra!
Na adolescência, é a mesma coisa. Temos olhos para os seios e os bumbuns das meninas, mas no meu time de futebol elas não entravam. Era rapaz de um lado e as meninas do outro.
A gente casa, ama a esposa da gente, tem filhos, mas não vê a hora de ir para o botequim tomar umas e outras com os amigos. Os amigos do peito.
Já notaram que os homens não têm amigas do peito? Têm amigas com peito. Na hora da confidência mais confidencial, na hora do aperto, do ombro amigo, é o amigo do peito (para se chorar) que está ali.
Favor não confundirem jamais, homoternurismo com homossexualismo.
E a gente vai crescendo e vai formando o nosso time de amigos eternos, confiáveis, pau (ops!) p’ra toda a obra.
O domingo, por exemplo, foi feito para se passar com os amigos. O jogo de futebol, os gols na televisão, a cervejinha gelada.
Mas qual é a mulher que não quer ir a "um cineminha" no domingo? Devia ser proibido mulheres aos domingos, dizia um meu amigo do peito, casado.
Tudo isso que eu escrevi aí em cima, se for mesmo válido, só é válido até uma certa idade. A idade que eu estou agora. Quase cinquenta anos, cheio de amigos e sem nenhuma mulher. Talvez por pensar assim.
"Um misógino!", diriam elas.
Mas o mesmo Aurélio, que não consolidou o homoternurismo, diz que misoginia é uma "repulsa mórbida do homem ao contato sexual com as mulheres". Não é o caso.
E, outro dia, discutia isso com um velho amigo, velho de 84 anos.
Ele concordou, em termos, do alto de sua sabedoria de ancião. Mas fez uma ressalva. Jogou na minha cara:
- Daqui para a frente, é melhor começar a convidar mulheres para ir ao jogo de futebol. É melhor ir aprendendo a tomar caipirinha com ulheres, no sábado, antes da feijoada.
Já está na hora de parar de reparar apenas nos seios e nas bundinhas das mulheres. As mulheres têm mais alma que os homens!
- E daí? – respondeu o machão aqui.
- E dai, meu filho, que você na velhice vai ficar chato, intransigente, metódico, sistemático. Aliás, já está ficando. E não tem nenhum amigo do peito nessa hora para te socorrer.
Se você chegar sozinho na velhice, não conte comigo, que eu já fui embora. Quem sempre cuidou de você foram as mulheres. A começar pela sua mãe.
- Você está querendo que eu arrume uma outra mãe?
- Não, meu filho. Uma mulher. Vai por mim, mulher é muito melhor que homem.
E quanto mais velhas ficam, melhor nos entendem. Ao contrário dos homens.
E pediu mais uma caipirinha, enquanto olhava o traseiro da jovem, muito jovem, garçonete.
Encerrou, com o olhar distante: - Mulher é o que há, menino! Trate logo de arrumar uma, enquanto você está vivo...
E quer saber de mais uma coisa? Esse papo de homoternurismo, p’ra mim, é coisa de viado! Autor: Mário Prata
É preciso ter peito para fazer-se uma declaração dessas em público. E, quem tem peito, geralmente, são as mulheres.
E a Marília retrucou:
- Mulher também.
Escrevi e montei uma peça há uns anos atrás, chamada Bésame Mucho (que epois virou filme do Ramalho).
Esta peça tratava justamente deste assunto. A relação de ternura entre dois homens. Da infância até à maturidade.
Antes que alguém viesse dizer que era coisa de viado, tive que inventar uma palavra para explicar a relação entre os dois personagens masculinos.
A palavra era "homoternurismo" e, para minha infelicidade, até hoje não se incorporou ao Aurélio.
Mulher é bom, é ótimo, nem se discute. Mas que os homens preferem os homens, também não se discute.
Desde a infância, menino gosta de brincar com menino. Clube do Bolinha, menina não entra!
Na adolescência, é a mesma coisa. Temos olhos para os seios e os bumbuns das meninas, mas no meu time de futebol elas não entravam. Era rapaz de um lado e as meninas do outro.
A gente casa, ama a esposa da gente, tem filhos, mas não vê a hora de ir para o botequim tomar umas e outras com os amigos. Os amigos do peito.
Já notaram que os homens não têm amigas do peito? Têm amigas com peito. Na hora da confidência mais confidencial, na hora do aperto, do ombro amigo, é o amigo do peito (para se chorar) que está ali.
Favor não confundirem jamais, homoternurismo com homossexualismo.
E a gente vai crescendo e vai formando o nosso time de amigos eternos, confiáveis, pau (ops!) p’ra toda a obra.
O domingo, por exemplo, foi feito para se passar com os amigos. O jogo de futebol, os gols na televisão, a cervejinha gelada.
Mas qual é a mulher que não quer ir a "um cineminha" no domingo? Devia ser proibido mulheres aos domingos, dizia um meu amigo do peito, casado.
Tudo isso que eu escrevi aí em cima, se for mesmo válido, só é válido até uma certa idade. A idade que eu estou agora. Quase cinquenta anos, cheio de amigos e sem nenhuma mulher. Talvez por pensar assim.
"Um misógino!", diriam elas.
Mas o mesmo Aurélio, que não consolidou o homoternurismo, diz que misoginia é uma "repulsa mórbida do homem ao contato sexual com as mulheres". Não é o caso.
E, outro dia, discutia isso com um velho amigo, velho de 84 anos.
Ele concordou, em termos, do alto de sua sabedoria de ancião. Mas fez uma ressalva. Jogou na minha cara:
- Daqui para a frente, é melhor começar a convidar mulheres para ir ao jogo de futebol. É melhor ir aprendendo a tomar caipirinha com ulheres, no sábado, antes da feijoada.
Já está na hora de parar de reparar apenas nos seios e nas bundinhas das mulheres. As mulheres têm mais alma que os homens!
- E daí? – respondeu o machão aqui.
- E dai, meu filho, que você na velhice vai ficar chato, intransigente, metódico, sistemático. Aliás, já está ficando. E não tem nenhum amigo do peito nessa hora para te socorrer.
Se você chegar sozinho na velhice, não conte comigo, que eu já fui embora. Quem sempre cuidou de você foram as mulheres. A começar pela sua mãe.
- Você está querendo que eu arrume uma outra mãe?
- Não, meu filho. Uma mulher. Vai por mim, mulher é muito melhor que homem.
E quanto mais velhas ficam, melhor nos entendem. Ao contrário dos homens.
E pediu mais uma caipirinha, enquanto olhava o traseiro da jovem, muito jovem, garçonete.
Encerrou, com o olhar distante: - Mulher é o que há, menino! Trate logo de arrumar uma, enquanto você está vivo...
E quer saber de mais uma coisa? Esse papo de homoternurismo, p’ra mim, é coisa de viado! Autor: Mário Prata
10 comentários:
Pura e simplesmente DELICIOSO!!!
Gostei mesmo!
Ahh, e eu tenho alguns amigos homens, que são casados, mas também gostam de almoçar, jantar, conviver, com amigas!
E também tenho marido!
Suponho que seja uma mulher de sorte, eu!!!
:-)
Gostei muito!
Beijo
Fenix
O grande problema do ser humano é não ser auto-sustentável, não poder sentir-se bem só, sem precisar do amparo de um ou uma. Nada é perfeito e cega a um momento em que queremos ter uns minutos sós, para ler, pensar, escrever. E ela, quando se aproxima, exige que se pare o pensamento, a leitura, a escrita. Depois não mais descola e, quando o faz, ficamos sem saber continuar o que estávamos a fazer... Onde estava eu? O que queria dizer com esta frase que ficou a meio?
O ternurismo é uma droga demasiado tóxica para nos poder satisfazer!!!
Minhas amigas e meus amigos, não liguem, Não estava a falar a sério!!!
Cumprimentos
A. João Soares
Gostei muito Mariazita.
Homem e Mulher se completam, se entendem se amam e se ajudam. E tudo é tão bonito quando assim é.
Amigo do peito, seja Homem ou Mulher tanto faz, é magnifico, uma boa e pura amizade é algo que sempre devemos preservar.
Uns momentos a sós, às vezes também fazem falta, mas a solidão, essa é devastadora e muito triste.
Beijinhos
Olá, Fénix
Que bom que gostou!
Confesso que gosto muito dos textos (crónicas e não só) de Mário Prata.
Há mulheres com muita sorte mesmo :)))
Eu também não tenha razão de queixa, antes pelo contrário...
Beijinhos
Mariazita
Querido amigo João
Pois é, deixa o coração falar, e depois, com medo das represálias femininas, diz que estava a brincar! Já conheço esse truque...
Mas tudo bem, por esta vez tá perdoado!
Beijinhos
Mariazita
Querida amiga Ana Martins
Concordo que é muito bom ter amigos/amigas em quem se pode confiar totalmente.
E o entendimento entre o casal que se ama é indispensável para um bom relacionamento e felicidade.
Beijinhos
Mariazita
Mariazita
Estou de acordo com a sabedoria madura do “velhinho de 84 anos”.
Todos os homens, quando crianças (porque todos já foram, bebés, por mais “complicado” que seja imaginá-los assim) quando se sentiam inseguros e com medo, só o colo duma mulher era capaz de lhe dar confiança e segurança. Os homens até podem ter amigos do peito no “botequim”, chorar no peito deles, quando o que partilhou com eles lhe pôs os sentimentos em confusão. Mas quando pensa que a sua vida está em risco é em casa que procura o copo do chá que servido acompanhado pelos mimos da sua enfermeira e médica de confiança, tantas vezes mal tratada pelas exigências que é incapaz de fazer aos “amigos do peito”…
Diz o povo que “brincadeiras de homem são coices de burro” provavelmente porque sabe que brincadeiras de mulher são carinhos. Penso que, mesmo um homossexual, para poder ser seduzido por outro homem, tem que imitar de algum modo ou com algum trejeito a mulher. Nunca como um amigo do peito do botequim do jogo ou do futebol…
Gostei da ironia de Mário Prata, acho que é um contributo para a campanha “Eu não sou cúmplice”.
Beijos
Carlos Rebola
Caro Carlos Rebola
Gostei imenso do teu comentário.
Essas verdades (que são do senso comum...) ditas por um homem são música para os ouvidos duma mulher.
Mas não é como mulher, e sim como pessoa, que eu as aprecio verdadeiramente.
Engraçado que eu costumava ouvir (há muitos anos) esse "ditado" comparando brincadeiras de homem a coices de burro, mas nunca percebi o sentido de tal frase.
Aprecio bastante Mário Prata, e tenho alguns textos dele guardados.
Qualquer dia avança outro...
Beijinhos
Mariazita
Tudo normal. Em Portugal, homem casa por conveniência social, mas gosta de homem. Por isso é que as reacções de espanto quando estalou a Casa Pia deram vontade de rir aos mais atentos da normal forma de ser lusa.
Olá, Táxi
Não sei se o espanto foi gerado pelo acontecimento em si se pelos intervenientes.
A verdade é que há muitos anos se mrmurava e havia desconfianças sobre o que lá se passava.
Um abraço
Mariazita
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