29/12/2008

MENINO DA RUA!...





















No olhar tristeza pura,
No rosto infância esquecida
Nas mãos pequeninas e sujas
O vazio da vida.
Ser desprotegido
Sovado pelo destino,
Sem pão, sem ensino,
Sem amor e carinho.
Menino do Sol,
Da chuva, do vento,
Menino do tempo.
Os sonhos que trazes
Na alma ferida
São filmes audazes
Das noites perdidas.

Para ti a esperança
É como uma bola de neve,
Que nos sonhos cresce, dança
E ao acordar derrete.

Menino da rua
Quem sabe um dia
Tenhas uma vida
Plena de ternura,
Amor e alegria.

Ana Martins

3 comentários:

A. João Soares disse...

Querida Ana Martins,
Muito estimulante à meditação sobre o aspecto mais cruel da humanidade. Porque será que se deixa que crianças inocentes e puras, ainda sem culpas sejam assim abandonadas a sofrer as consequências de uma sociedade insensata, imoral, injusta, exploradora que ignora o sofrimento de quem dá os primeiros passos em ambiente de carência. Fala-se em igualdade mas nem se olha para o que devia ser a essência da igualdade, a das crianças nascerem com iguais direito independentemente dos pais e da pobreza da família.
Mas é difícil criar uma solução. Ser o Estado a tomar conta delas, porque elas serão mais úteis para o País do que para os pais poderia aparentemente ser a solução. Mas ao olhar para a Casa Pia e orfanatos do Estado, constatamos que aí as crianças não são melhor tratadas, como seres humanos.
Os governantes deviam pensar nestes problemas da sua população, mas ignoram-nos porque estão obcecados pelo próprio enriquecimento rápido.
«E as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim»?, como já dizia Augusto Gil.
Beijos e votos de Bom Ano Novo
João

Mariazita disse...

Minha querida Ana Martins
O nosso amigo joão já disse tudo sobre as barbaridas infligidas às crianças.
Bom, TUDO mesmo não disse, porque, infelizmente, o assunto nunca se esgota, já que todos os dias tomamos conhecimento de novas atrocidades.
Mas, vou limitar-me ao teu poema, que tão bem descreve a triste vida de tantos meninos que vivem sem amor - e, como consequência, sem NADA.
Até os seus sonhos se derretem ao acordar...

Mas, como sempre acontece com os teus poemas de carácter social (?), deixas uma porta aberta à esperança: quem sabe? um dia???
Eu digo: Deus te ouça!

Parabéns!

FELIZ ANO NOVO!

Beijinhos
Mariazita

Adelaide disse...

Querida Ana Martins,

Mais um belo poema que me deixa extasiada. Uma criança com olhinhos tristes, um corpinho com fome, umas mãosinhhas sujas. Já não bastava ser preto?

Um grande beijo

Milai