27/04/2011

A AGIOTAGEM


A primeira das mentiras sobre a "ajuda externa" que a Europa se prepara para dar a Portugal é o próprio nome. Nenhum país vai ou quer ajudar Portugal, porque todo o dinheiro que cá entrar nesse âmbito é para ser devolvido com juros. É, portanto, um negócio igual ao que os bancos privados fazem e não uma ajuda.

O negócio de emprestar dinheiro é, aliás, o melhor negócio do mundo, porque se vende dinheiro por mais dinheiro ainda. Não há cá espaço para relatividade sobre o valor do que se compra. … Pagar juro é o pior negócio do mundo e é por isso que nos recusamos a dizê-lo. É um tabu.

Chamar "ajuda externa" a este empréstimo é o mesmo que dar um euro a um pobre na rua e avisá-lo que no dia seguinte vamos lá buscar um euro e vinte.

Não o estamos a ajudar, mas dizemos que sim porque ele tem tanta fome que nem se arrisca a discutir isso connosco. Sabe que no dia seguinte está lixado com a nossa ajuda mas, pelo menos, pode comprar uma sande de manteiga e matar a fome que sente no momento. Arrogantemente, quando se lhe empresta esse euro, até há quem lhe diga para não o gastar em vinho, e é mais ou menos isso que o FMI quer fazer connosco. Empresta-nos dinheiro mas não nos deixa gastar em vinho. Já agora nem em salários, nem em pensões, nem em nada que melhore o nível de vida dos cidadãos e consequentemente melhore o estado da Economia. Com os bancos, por exemplo, já deixa. Estranha forma de ajuda, esta.


Ontem os Verdadeiros Finlandeses, leia-se extrema-direita finlandesa, ficaram em terceiro nas eleições legislativas daquele país, e agora querem recusar essa ajuda a Portugal da mesma forma que se contorna um pedinte na Avenida da Liberdade. Habituei-me desde cedo a imaginar um Verdadeiro Finlandês como um gajo branco a roçar a anemia, sempre com os pés frios na cama e uma lâmpada de ultravioletas no quarto para compensar a falta de Sol.

É natural que um Verdadeiro Finlandês desses não queira emprestar dinheiro a quem passa o Verão na praia. A inveja é f….


Eu, daqui da praia da Barra em Aveiro, e num magnífico dia de Sol, peço apenas isso mesmo aos Verdadeiros Finlandeses, Verdadeiros Alemães, Verdadeiros Holandeses e Verdadeiros Filhos da P… que acham que a culpa da Crise é de quem é pobre e não de quem anda a chupar os pobres até aos ossinhos, leia-se bancos, seguradoras, agências de rating e a mercearia da Dona Olinda que ontem aumentou o preço do vinho tinto: Parem de nos Ajudar e vão-se f…!


António d'Almeida

Não resisto em acrescentar, ao abaixo escrito:

“ Amigos, amigos, negócios aparte “ ou se és meu amigo não me peças dinheiro emprestado, são expressões que o tempo consagrou.

Na realidade o negócio tem as suas regras, as quais serão certamente bem diferentes das nossas , mas quando eu não tenho capacidade negocial e estou com a forca na garganta , não tenho alternativa.

Razão tinha o Salazar, o do “ orgulhosamente só “, quando, depois de ter recebido uma Nação na bancarrota, menos de 20 anos volvidos, tinha os cofres a abarrotar, o que lhe permitiu aguentar uma guerra em três frentes, contra tudo e contra todos, tendo tido a coragem de recusar a dádiva do Plano Marshall. Ele lá tinha as suas razões e já previa o que estava para vir: o desmembramento colonial. Este foi verdadeiramente o estadista que alcandorou Portugal a um estádio de independência, nunca antes alcançado. O resto são tretas.


É certo que fomos nós a pagar a factura, mas o nosso sacrifício não foi malbaratado, malbarataram-no os que vieram atrás.


Aqui chegados, estão identificados os culpados da situação a que chegamos: os governantes que se governam e os governados que não se sabem governar.


Em termos genéricos, há sempre excepções, se deres dinheiro a um indivíduo, pobre, remediado ou rico, ele jamais se irá esforçar e se pensarmos que o actor desta tragédia é um cidadão português – Chico-esperto, jogador, calaceiro e mais não digo – estamos conversados. Se lhe associares agora outro actor, ainda mais esperto, ávido em governar-se, esta dupla é fatal para o País.

Como comem os dois ( a ética está arredada deste negócio ), enquanto os dois puderem comer , não haverá grande problema: o problema virá quando apenas uns poucos puderem comer – os tais mais espertos – e então na voragem que se lhe seguirá, perderemos todos, porque nos comeremos uns aos outros.

A cada um, de acordo com o seu trabalho, solidariedade a quem na realidade dela necessita e morte à desonestidade.

Em resumo, temos que reaver, sem complexos, a trilogia – Deus – Pátria e Família e pensarmos que talvez não seja por acaso que nos querem despojar de tudo: de Deus da Pátria e da Família - sem os quais, seremos verdadeiramente impotentes: sem a fé que move montanhas e faz dos fracos, fortes, sem família por quem e com quem lutar e sem Pátria à qual estamos indissolúvel e inconscientemente ligados.

São as três âncoras que podem fazer dum homem um gigante.
É aqui que está a verdadeira crise e parece que ninguém a vê e se é vista não é verdadeiramente valorizada. Já cá não estarei para ver.

fs

2 comentários:

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Cada pessoa tem que saber gerir a sua vida de forma responsável. Da mesma forma, os responsáveis por um Estado devem governar com honestidade, competência e sentido de Estado e de responsabilidade.
A ninguém, a nenhum Estado, pode ser exigido que trabalhe, produza, poupe para alimentar malandros, ociosos, incompetentes, preguiçosos, ignorantes, etc.
O mundo actual, em que o todo poderoso mais adorado é o dinheiro, os Estados eficientes aproveitam as oportunidades de negócio para obterem vantagens.
Não há esmolas totalmente gratuitas. O religioso mais crente dá esmola com a intenção de ganhar direito ao repouso eterno no resplendor da luz perpétua. Os outros dão «ajuda» com esperança no dividendo, no juro.
Os governantes mendigos pedem ajuda para sacar o máximo enquanto isso for possível. Não vês nenhum ex-político morrer em situação precária, todos enriqueceram, de forma mais ou menos disfarçada à custa do sangue dos contribuintes menos abonados.

Abraço
João
Do Miradouro

Luis disse...

Caríssimo Amigo João,
Essa da esmola na esperança de obter créditos em Deus, nunca tinha pensado, acredita! Sempre o fiz para ajudar alguém pura e simplesmente. Mas para quem tem uma mente distorcida poderás ter razão... Tudo neles é possível!
Um abraço amigo e solidário.