27/10/2010

PERFUME DE MACELA





Era assim. Chegava o carregamento de macela perfumada, em carros de bois adaptados para o delicado transporte. A carga era depositada no quintal de cimento, sim, havia o quintal de cimento, o quintal das galinhas, o outro quintal..., sim, as casas eram grandes naquele tempo. A montanha de flores novas de um lado, as flores velhas, mas ainda cheirosas descartadas em outro lugar, o forro dos colchões expostos ao sol, e vira e revira o pano. Agora encher de macela fresca os colchões esvaziados, costurar e pronto. A cama em que dormiríamos por mais algum tempo seria sempre macia e perfumada. O colchão de macela que se moldava ao corpo, que podia ser afofado com as mãos, agora é só uma gostosa lembrança. Que é feito dos campos de macela que eu nunca vi de perto, mas sabia existir toda vez que o ritual da troca dos colchões se repetia? Quem dentre vós ainda se lembra do que falo, ou, melhor ainda, dorme hoje sob o carinho das folhas secas da benfazeja  Achyrocline satureoides , nome científico da macela?

É bem verdade que o assunto interessa a poucos, ou a ninguém além de mim, mas é que a lembrança veio forte. O carregamento de flores novas de macela, a perspectiva de um menino olhando aquilo, o movimento na casa, a fragrância nova se espalhando...
Sinceramente peço desculpa se lhe incomodo com essas imagens perdidas no tempo, mas é que os que dormiram ou ainda dormem em colchão de macela têm mesmo a mania de acordar e continuar sonhando...
 Adaptação do texto do nosso guru: Fabiano Cotrim para o Sempre Jovem.
Fotos: da net

6 comentários:

Ana Maria disse...

Flores são flores, sempre com seu perfume! Ornamenta muito bem e deixa o ambiente aromoso.
Beijinhos!

A. João Soares disse...

Amiga Celle,
Que belo texto de pormenores interessante da vida de outros tempos.Usos, costumes, tecnologias, tudo mudou. A sociedade é um ser vivo e, como tal não estagna, vai evoluindo. Seria desejável que a evolução melhorasse as condições de vida das pessoas e acabasse com guerras e quezílias, que muitas vezes sã demasiado destruidoras e evitáveis por serem geradas por equívocos insignificantes. Como o mundo seria falis«z se os desentendimentos fossem evitados e, quando surgissem, dessem lugar a diálogo, conversa, negociação!!!

Beijos
João
Só imagens

Luis disse...

Querida Amiga Celle,
Como é bom relembrar velhos tempos, onde os ideais eram outros, bem mais belos!
Por cá os colchões não eram infelizmente cheios de flores de macela e por vezes as maçarocas faziam mazelas não nos deixando dormir bem e quando acordávamos tínhamos dores nas costas... Hoje já é raro isso acontecer!

Celle disse...

João,em outros tempos era uma vidinha mansa e calma, na simplicidade, existia muita beleza...
Os tempos mudaram, os valores mudaram, o mundo mudou, as pessoas mudaram e hoje a corrida a procura de um lugar ao sol, leva as pessoas a correrem desvairadamente a procura de um lugar na frente e empurram e atropelam e não respeitam seus semelhantes.
obrigada!
Celle

Celle disse...

Luis, recordar é viver!
Como é bom lembrar os aqueles tempos!
Nossas brincadeiras, nossas escolas e colegas, nosso modo de vestir, nossas traquinagens, me lembro que ja apanhei de vara de marmelo.Nunca me esquecí e nunca sofri traumas pelas surras que levei. Sempre amei meus pais.
Beijos

A. João Soares disse...

Amiga Celle,

Temos que lutar com todas as forças para convencer as pessoas que a «vida desvairada» de agora não é um bom caminho para a felicidade e há que convencer as pessoas a tornar o relacionamento humano mais social, mais moral. Na simplicidade, somos mais felizes, mais realizados moralmente, para bem de todos nós.
Gosto dos textos seguintes:
- Simplicidade na vida
- A Simplicidade é louvável
- Dinheiro não dá felicidade
- Mark Boyle: Há um ano sem dinheiro

Beijos
João
Só imagens