12/10/2010
IMAGINEM...
Imaginem que todos os gestores públicos das 77 empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas.
Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público.
Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.
Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha.
Imaginem que o faziam por consciência.
Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.
Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam.
Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares.
Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos.
Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde.
Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros.
Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada.
Imaginem as pensões que se podiam actualizar.
Imaginem todo esse dinheiro bem gerido.
Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.
Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país seremos se não o fizermos.
Mário Crespo
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7 comentários:
Pensamentos destes são dignos de meditação profunda por quem imagina uma REGENERAÇÃO como deve ser...
Assim, com tantas mordomias por aí, não vamos lá!!!
Há que fazer a campanha: UM DÍZIIMO POR PORTUGAL!!!
Não, não sou do Reino de Deus, sou do Reino da Lucidez!
O Mário Crespo, por quem tenho muito respeito, também não se poderá queixar muito...
Boa noite João,
um raciocínio digno de reflexão. Já conhecia, mas voltei a ler com o mesmo interesse que da primeira vez.
Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas
Amiga Ana Martins,
O post é do nosso companheiro Luís. Está muito oportuno e é pena que seja apenas imaginação, difícil de ser concretizada devido à incompetência, falta de sentido de Estado e excesso de interesses espúrios que infectam as mentes dos governantes.
Teremos de suportar isto até que o povo, todo ou uma boa quantidade, acorde e faça aquilo que obrigue à purificação dos procedimentos governativos, extirpando os tumores malignos que tiram a saúde à sociedade.
Beijos
João
Do Miradouro
Peço desculpa ao nosso colega Luís, foi distracção minha.
Beijinhos,
Ana Martins
Oi Luis!
Boas reflexões para o candidato Serra e a Dilma que disputam nosso governo, abrindo mão de mordomias.
Gostei da sugestão do rouxinol de Bernardim...
Beijos
Celle
Meus Bons Amigos,
É sempre agradável estar convosco neste convivio saudável em que trocamos ideias em benefício do bem comum, numa epoca de grande egoísmo em que os valores estão muito esquecidos.
Bem haja portanto pelos vossos simpáticos comentários.
Um grande e amigo abraço a todos Vós.
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