15/09/2008

Computador nas escolas básicas

Quando escrevi o original destas linhas estava privado de computador, dessa máquina que muito tem facilitado a vida moderna, embora, ao contrário do que muitos possam pensar não substitui a nossa capacidade mental. Utilizei papel usado em sintonia com a teoria dos quatro erres dos ecologistas – reduzir, reparar, reutilizar e reciclar – aplicável a lixos e desperdícios. E exercitei a memória recordando alguns dos textos que tenho publicado nos blogues. A nossa memória é mais fácil do que a do PC, não necessitando de formalidades para abrir ficheiros e manusear o rato. Mas nem sempre é rigorosa, fácil e pronta.

Mas nada me leva a discordar da ideia de que o Magalhães não cria génios, mas as crianças geniais serão muito beneficiadas pela sua utilização adequada. Se agora, sem ele, o êxito escolar» estimado através da redução de «retenções» vulgo chumbos, aumentou muito, daqui por um ano, na propaganda governamental, Portugal vai transformar-se num alfobre de génios! As grandes potências mundiais que se cuidem!

Acerca da importância do computador, recordo uma história interessante.

No Silicon Valley, a Microsoft, nas suas vastas instalações, com inúmeras casas de banho, começou a ter problemas com as canalizações e decidiu contratar um funcionário que seria encarregado da manutenção de todas as instalações e do accionamento das necessárias reparações. Como na América é costume não preencher lugares com base em amizades e cunhas, foi aberto concurso. Como o trabalho não era muito aliciante não houve muitos interessados a e a admissão assentou principalmente na entrevista com o gestor de recursos humanos.

John Foster era um dos concorrentes. Tinha trabalhado numa pequena firma que encerrou e estava a passar dias preocupantes para sustentar a mulher e os dois filhos pequenos. Estava muito interessado no emprego e as suas capacidades e vontade de cumprir foram bem notadas pelo entrevistador que, depois de lhe explicar tudo o que se pretendia e ouvir o John, disse-lhe:

Tens condições para ser admitido, em princípio serás nosso colaborador e começarás a trabalhar na próxima segunda-feira, para isso deixa-me o teu endereço de e-mail a fim de te comunicar a decisão do departamento e o início da entrada ao nosso serviço.

O John, com sinceridade e um pouco de timidez, respondeu:
-Mas eu não tenho e-mail.
-Não tens e-mail? Então não pode ser nada, porque os nossos procedimentos regulamentares passam por te enviar uma mensagem por e-mail a confirmar a decisão do departamento. Paciência, iremos escolher outro concorrente.

O John, que já estava a ver a sua vida melhorada com um emprego garantido numa empresa sólida, ficou abatido, saiu cabisbaixo a pensar no que iria fazer para resolver o problema da subsistência da família.

Ia pelo passeio a cismar, quase chocando com os outros transeuntes, quando passou em frente de uma frutaria. O estômago, a dar horas, fê-lo olhar para a fruta exposta. Uma caixa de bananas custava 10 dólares. Mexeu nos bolsos è procura de moedas e encontrou essa importância que era quase tudo o que levava. Decidiu comprar a caixa, que enganaria a fome da família durante um ou dois dias.

Mas, mais à frente, para descansar os braços, parou e pousou a caixa na beira do passeio. Casualmente, uma velhinha que passava perguntou a quanto estava a vender as bananas. Embora não tivesse pensado em tal negócio disse um pequeno valor em cêntimos e a velhinha comprou-lhe duas bananas. Depois apareceram mais compradores. No fim tinha no bolso 20 dólares. Voltou a trás e comprou outra caixa.

Teve a noção de que algo estava a iniciar-se. Passados poucos meses, tinha uma frutaria, depois, mais outra, criando uma rede de lojas e adquirindo uma camioneta para ir buscar abastecimento e distribui-lo pelas lojas. E a conta que entretanto abriu no banco ia crescendo sem ele ter bem a noção de quanto isso representava.

Um dia, o gerente do banco telefonou-lhe a pedir para aparecer por lá na agência porque precisava de lhe falar. O John não fazia a mínima ideia do motivo de tal pedido e aproveitou um intervalo nos seus movimentos para comparecer. Foi muito bem recebido pelo gerente que lhe disse ter pedido este encontro porque ele tinha um saldo exageradamente elevado na conta à ordem e era conveniente aplicar esse dinheiro de forma mais rentável. Apercebeu-se das fracas habilitações literárias do John e propôs-se ajudá-lo, ia estudar com mais pormenor a situação e procurar uma boa solução e depois comunicar-lhe-ia por e-mail.

- Qual é o seu endereço de e-mail?
- Não tenho e-mail.
- Oh John, se o Sr. sem ter e-mail consegue possuir uma cadeia de lojas com muito êxito e amontoou uma fortuna muito considerável, o que você seria se tivesse e-mail!
- Se tivesse e-mail seria apenas desentupidor de retretes da Microsoft.

EM CONCLUSÃO: Não será o Magalhães que criará génios que criem um futuro brilhante para Portugal. As crianças que o utilizarem poderão não passar de desentupidores de retretes. A não ser que, comprem e vendam uma caixa fruta!

4 comentários:

O Profeta disse...

Escreves humanidades de forma brilhante...

A. João Soares disse...

Ó Profeta,
Se as palavras são ditas com sinceridade sinto-me muito elogiado. Mas sei que apenas escrevo o que sinto, e da forma mais simples que consigo.
Um abraço
A. João Soares

Táxi Pluvioso disse...

O Chávez atirou um Magalhães ao chão e sisse que aquilo aguenta bombardeamentos. Hurra pela iniciativa nacional!

A. João Soares disse...

Taxi Pluvioso,
Com tal iniciativa e a propaganda feita pelo Chávez, o Pentágono e a Microsoft que se cuidem. Para eles, o melhor que têm a fazer é fazerem já grandes encomendas volumosas desta arma de arremesso que, além dessa qualidade, tem a de transformar Portugal num País de jovens génios e de bater todos os recordes de exportações.
Como os descobrimentos que tornaram os portugueses conhecidos em todo o Mundo já aconteceram há cinco séculos, chegou agora um novo feito único e imbatível!!!
Nós somos os maiores, graça ao genial Governo que temos.
Abraço
João