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05/12/2010

"VAMOS FAZER O QUE AINDA NÃO FOI FEITO"

MONOLOGO DO ZÉ POVINHO COM SÓCRATES - música de Pedro Abrunhosa

Sei que me vês
Sou um dos muitos que tu ignoras
Mais um que tu sabes que exploras
Pobre de mim…
A minha revolta não se esconde
Vou procurar-te ainda não sei onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Trago-te em mim
Inverno, Primavera, Outono, Verão
Quero livrar-me de ti
E com razão
Vamos fazer o que ainda não foi feito.

E eu
Sou mais um dos que com raiva rebento
Estragas meu mundo e só provocas lamento
Pois temos tanto a reclamar
Sai do Governo
Já foste longe a vida toda
És um estorvo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais

Eu sei que dói
Sei como foi, aguentares tão só por esta rua
Os nomes que te chamam
E tu na tua
Esse teu rosto insolente é o teu jeito
Nunca fizeste o que ainda não foi feito
Sabes quem sou
Aqui estou
Zé Povinho que não alinha
As portas vão fechar-se
E eu na minha
A tua imagem é já uma mancha sem jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
REFRÃO

Faz-te à estrada
Deixaste-me uma mão cheia de nada
Somos um todo muito mais que imperfeito
Eu estou inteiro e tu desfeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito

REFRÃO 26/Nov/2010

Publicada por Brizissima no blog Pedaços

16/10/2007

AS PALAVRAS - Soneto

Soltam-se as palavras e, como asas,
sobem ao alto, descem-me aos infernos
tantas vezes queimando como brasas
quantas moldando desvarios eternos

Obrigam-me a dizer o que não queria
sugerem-me a mentir o que não sinto
arrancam solidão que me agonia
desnudam lucidez a que me afinco

Ah, se eu pudesse decifrar a sós
o inquietante tom da minha voz;
tanta coisa em mim se esquiva e esfuma...

Como se o grito afugentasse os medos
ancorasse feroz os meus segredos
no seio do meu búzio azul e espuma.

21/09/2007

POEMA DE OUTONO

O OUTONO chegou

que lindo dia!

Vem, amor,

vem passear comigo pela rua,

que bom vai ser

sentir a minha mão na tua.

Olharemos o céu

com o mesmo olhar extasiado,

que bom vai ser

pisar as folhas a teu lado.

Ouvir o pássaro cantar

por sobre o ramo despido

e o sussurrar do teu amor

no meu ouvido.

Gente irá passando

alheada junto a nós,

que bom vai ser

sentir o mundo

e estarmos sós.

Num banco de jardim

soprado por fresca brisa

falar-te-ei de mim

serei poetisa.

Mas, se a brisa soprar

mais fresca e mais agreste,

irei buscar

o xaile que me deste.

E o brilho do nosso olhar

que em ternura se reflecte

será poesia, canção,

magia que se repete.

Poema oferecido por Brizíssima http://brizissima.blogs.sapo.pt/

20/09/2007

OUTONO

Chegas amanhã, Outono, e como eu te esperei...

Setembro vai caminhando já com sinais de cansaço, desmaiando aqui e ali em cores que o sol não domina nem protege.

A brisa vai soprando já com prenúncios de mudança. Sopra mais ligeira, mais atrevida. Sem o peso de canículas e chuvas de Verão. Agita uma folhagem perdida no alvoroço do seu destino, sem tréguas e sem esperança, caindo em solo alheado.

Sinfonia triste de uma balada todos os anos repetida.

Doce aquietar de sonhos vividos em partilha aceite e consumada.

Tempo de vindimas. Os bagos inchados de seiva de ternura e temperados de alegria apetecida. Uma apoteose de néctares e cantigas, risos e danças.

Outono...

O recomeço das aulas.

Batas vestindo risos, moldando emoções. Bandos de criançadas. Pássaros chilreando em algazarra colorida. Alguns saídos de ninhos acolchoados de amor para um primeiro voo, numa aventura que ainda amedronta mas excita.

Reencontro de amigos. Mistura ruidosa de jeans e abraços. Um reviver de momentos passados na partilha de gargalhadas e soluços. O relato de férias férteis em sol e lazer.

Outono...

O cheiro das castanhas assadas. Quentura estaladiça entre mãos que se tisnam de cinza escaldante.

E a brisa fresca empurrando fumos de assadura, perdidos depois em ruído e poeira.

Choram já as folhas pisadas em gemidos, sem eco na indiferença da multidão em faina apressada.

O sol com um brilhar mais cálido e suave, perdendo-se em acenos rubros e silenciosos lá bem nos confins do horizonte...

Como te esperei, Outono, para uma vez mais te celebrar em veleidades de poeta.

E amanhã, só amanhã poderás ler o meu poema.

Extraído do blog Brizíssima http://brizissima.blogs.sapo.pt/, de uma amiga nossa futura companheira do CVS