O Carnaval constitui uma data do calendário religioso, por marcar o início da Quaresma, período de 40 dias de penitência e jejum, em memória dos 40 dias de jejum que Jesus passou no deserto. As grandes festas religiosas correspondem a festividades do paganismo, ligadas ao sol e ao calendário lunar. Esta correspondência faz-nos admirar o sentido prático dos filósofos fundadores do cristianismo, que adoptaram todas as festividades do paganismo a fim de as populações da época não serem forçadas a mudanças de costumes. Foi esse sentido prático que faltou ao ministro da Saúde para levar as pessoas a aceitarem as suas reformas, sendo algumas delas necessárias e adequadas às realidades, mas que não foram bem explicadas aos utentes.
Para uso dos leitores deste blogue, deixo aqui um apontamento explicativo da data do Carnaval, uma festa móvel, variável de ano para ano: Depois do equinócio da Primavera a 21 de Março, o primeiro domingo após a primeira lua-cheia (21 de Março, este ano) é a PÁSCOA (eram as festas da Primavera, anteriores ao cristianismo). Neste ano é em 23 de Março. Contando sete semanas para trás, período da quaresma, chega-se ao Domingo Gordo (3 de Fevereiro) e o CARNAVAL é na terça-feira seguinte (5 de Fevereiro).
Parece ser fácil descortinar a mobilidade destas festas! Este ano a data é quase a mais temporã possível. Para a Páscoa ser a 21 seria necessário que esse dia fosse domingo e fosse Lua-cheia, grandes coincidências, muito raras!
2 comentários:
O caso do ministro da Saúde serviu para ilustrar que o saber aliado à competência técnica não é bastante (se é que a criatura tinha tais qualidades). Para lá desses requisitos é necesária sensibilidade e bom senso.
Quanto à Igreja Católica, a escolha das datas do passado pagão foi mero oportunismo. Uma religião que se quer afirmar pela moral e rectidão não pode enveredar por esses caminhos tortuosos.
Deprofundis,
Foi um oportunismo inteligente, na medida em que contribuiu para o aliciamento das massas, coisa fundamental em qualquer religião, pois a multidão é mais facilmente convencida e atraída para o misticismo.
O ministro da Saúde, tal como todos os reformadores, também devem atrair as pessoas para as novas soluções, pois estas, por melhores que sejam, não se impõem por si, por as pessoas serem rotineiras, tradicionalistas, conservadoras e preguiçosas para a mudança.
Um abraço
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