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20/05/2018

VALE MAIS A INTELIGÊNCIA E VONTADE DE TRABALHAR DO QUE ALGUNS DIPLOMAS

História de um homem com poucos estudos, mas inteligente e com vontade e trabalhar que teve uma vida de muita utilidade para si e para os outros.

Em conversa de amigos em que afirmei que tem mais valor um homem inteligente e trabalhador do que um doutor que apenas recita teorias, o meu amigo António Ribeiro referiu a vida de um tio que falecera poucos dias antes. Pedi-lhe para me dar um apontamento de caso com tanto interesse e enviou-me o seguinte a que não resisto a dar divulgação:

Caro amigo

Conforme prometido, passo a resumir alguns dos passos da vida do meu Tio Vasco.

Nasceu em Douro Calvo, Concelho de Sátão, Distrito de Viseu. Filho de agricultores rumou a Angola onde se estabelece no Norte como produtor de café, de que apenas tinha ouvido falar. Amanhou a terra, criou as infra-estruturas de irrigação e criou riqueza.

Em 1961, e com o advento da revolta dos movimentos de libertação, fugiu como pôde para salvar a família e a si próprio! Vai para Luanda apenas com a roupa do corpo e um velho Land Rover que lhe permitiu a fuga! Aqui chegado cria uma empresa de gelados, sendo que todas as arcas frigoríficas e carros frigorificados de venda foram concebidos e fabricados por si próprio! Este homem tinha apenas a 4ª classe e nunca ninguém lhe tinha ensinado o que quer que fosse sobre produção de frio! Nesta qualidade torna-se o fornecedor de gelados mais importante dos bairros da Terra Nova, São Paulo e Rangel, com 27 carros de venda na Rua, todos os dias da semana.

Neste período em que teve a fábrica de gelados, construiu ele próprio, com as suas próprias mãos, um condomínio fechado com várias casas que colocou no mercado de arrendamento.

Dá -se o 25 de Abril e volta a ficar sem nada, regressando a Portugal com meia dúzia de caixotes e 5 contos no bolso. Instala-se na terra da sua esposa em Trás -os-Montes e começa novamente do zero.

Dado que os emigrantes eram a principal fonte de dinheiro da terra, por via da construção das suas casas, decide erguer uma fábrica de blocos, cujas máquinas foram, mais uma vez, fabricadas por si próprio!

Vem a crise da construção e decide voltar a mudar de vida, estabelecendo-se na sua cidade Natal, Viseu, desta feita como serralheiro civil! Aqui foi desenvolvendo a sua actividade até à altura em que a sua idade avançada o foi impedindo de realizar trabalhos mais meticulosos em que a vista, por exemplo, era determinante!

Mas nem assim desistiu! Até aos 95 anos foi arranjando trabalho a cavar vinhas no Douro, ao lado de gente muito mais jovem, mas ao lado da qual nunca se sentiu diminuído! Sempre que estávamos juntos ia-lhe perguntando como é que corria a vida e lá me respondia no tom habitual: “está tudo bem Toninho, só sinto falta do trabalhito, que podia ser mais!”

Morreu com 96 anos sem nunca conhecer o conceito de reforma! Paz à sua alma!

16/04/2015

SALÁRIO, TRABALHO E PRODUTIVIDADE


Nesta empresa ninguém recebe menos de 70 mil dólares por ano. Em nome da felicidade
OBSERVADOR. 15/4/2015

Dan Price está a ser visto como o melhor patrão do mundo. Depois de ler um estudo sobre felicidade, resolveu aumentar os salários na sua empresa para uma meta mínima de 70 mil. Como? Reduzindo o seu.

Funcionários da empresa não podiam ter ficado mais satisfeitos.

Dizem que o dinheiro não traz felicidade, mas a verdade é que a falta dele também não. Foi com base nesta ideia que o jovem norte-americano Dan Price, presidente executivo da empresa Gravity Payments, resolveu revolucionar as práticas salariais da empresa que fundou em Seattle há mais de dez anos. E tomou uma decisão: aumentar nos próximos três anos o salário de todos os seus trabalhadores para 70 mil dólares anuais (cerca de 66 mil euros por ano, mais de 5 mil por mês).

Como? Cortando o seu próprio salário, que passa assim de um milhão de dólares igualmente para o patamar dos 70 mil.

Tudo começou quando leu um artigo sobre felicidade, que dizia basicamente que para as pessoas que ganhavam menos de 70 mil dólares anuais, um dinheiro extra fazia uma grande diferença nas suas vidas.

E tomou a decisão. A notícia foi recebida pelos seus 120 colaboradores primeiro com um pesado silêncio de incredulidade, depois com uma onda de euforia por parte da maioria. É que, segundo o porta-voz Ryan Pirkle, o salário vai duplicar para 30 pessoas e aumentar para cerca de 70. A média dos salários era, até aqui, de 48 mil dólares por ano.

A ideia, diz, é fazer com que os seus colaboradores tenham a possibilidade de viver o velho ‘sonho americano’, comprar casa, constituir famílias, e poder providenciar uma boa vida e educação para os filhos.

Mas a forma de concretizar a ideia simples é que foi mais complicada. “Deixou-me realmente nervoso”, admitiu, porque tinha de encontrar uma solução que não passasse por aumentar os preços dos serviços aos clientes nem diminuir a oferta. Por isso a solução de cortar o seu próprio salário durante os próximos anos foi a que lhe “pareceu mais justa”.

Se tudo correr como previsto, só terá de manter o seu salário em baixo até a empresa voltar aos lucros que tinha antes do aumento salarial, que espera que leve apenas três anos.

Se foi um golpe de publicidade, está a dar certo, já que a notícia do anúncio depressa correu mundo, mas também lhe vai custar caro. Dan Price, que fundou aquela empresa de processamento de pagamentos com cartão de crédito há mais de dez anos, quando tinha apenas 19, além de se preparar para cortar o seu próprio salário milionário vai ainda ter de usar cerca de 75 a 80% do valor que foi antecipando como sendo o provável lucro da empresa este ano (2.2 milhões de dólares).

“Os salários estabelecidos no mercado para mim enquanto CEO [diretor executivo] em comparação com os estabelecidos para um funcionário são ridículos, são absurdos”, terá dito, citado pelo New York Times, o jovem de 30 anos que conduz um Audi com 12 anos e que diz que as suas principais extravagâncias são fazer snowboard e pagar a conta da mesa toda no bar ou no restaurante.

Certo é que os Estados Unidos têm uma das maiores diferenças salariais entre chefias e funcionários, com os gerentes de topo a ganharem cerca de 300 vezes mais do que os trabalhadores regulares.

27/08/2012

GERAÇÃO À RASCA - OU POUCO DESENRASCADA?




"Desenrascar-se é lutar contra as dificuldades para as vencer, reduzindo-as a pó ou contornando-as, como faz a água do ribeiro desde a nascente até à foz.
Diz o pensador:
Se não mudas nada em ti mesmo não esperes que o mundo mude.
Se lutares, podes perder; se não lutares, estás perdido!"
 (A. J. Soares)

Andam à rasca...
... já experimentaram contrariar?
A geração dos meus pais não foi uma geração à rasca.
Foi uma geração com capacidade para se desenrascar.
Numa terriola do Minho as condições de vida não eram as melhores.
Mas o meu pai António não ficou de braços cruzados à espera do Estado ou de quem quer que fosse para se desenrascar.
Veio para Lisboa, aos 14 anos, onde um seu irmão, um pouco mais velho, o Artur, já se encontrava.
Mais tarde veio o Joaquim, o irmão mais novo.
Apenas sabendo tratar da terra e do pastoreio, perdidos na grande e desconhecida Lisboa, lançaram-se à vida.
Porque recusaram ser uma geração à rasca fizeram uma coisa muito simples.
Foram trabalhar.
Não havia condições para fazerem o que sabiam e gostavam.
Não ficaram à espera.
Foram taberneiros.
Foram carvoeiros.
Fizeram milhares de bolas de carvão e serviram milhares de copos de vinho ao balcão.
Foram simples empregados de tasca.
Mas pouparam.
E quando surgiu a oportunidade estabeleceram-se como comerciantes no ramo.
Cada um à sua maneira foram-se desenrascando.
Porque sempre assumiram as suas vidas pelas suas próprias mãos.
Porque sempre acreditaram neles próprios.
E nós, eu e os meus primos, nunca passámos por necessidades básicas.
Nós, eu e os meus primos, sempre tivemos a possibilidade de acesso ao ensino e à formação como ferramentas para o futuro.
Uns aproveitaram melhor, outros nem tanto, mas todos tiveram as condições que necessitaram.
E é este o exemplo de vida que, ainda hoje, com 60 anos, me norteia e me conduz.
Salvaguardadas as diferenças dos tempos mantenho este espírito.
Não preciso das ajudas do Estado.
Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.
Não preciso das ajudas da família que também têm as suas próprias vidas.
Não preciso das ajudas dos vizinhos e amigos.
Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.
Preciso de mim.
Só de mim.
E, por isso, não sou, nunca fui, de qualquer geração à rasca.
Porque me desenrasco.
Porque sempre me desenrasquei.
O mal desta auto-intitulada geração à rasca é a incapacidade que revelam.
Habituados, mal habituados, a terem tudo de mão beijada.
Habituados, mal habituados, a não precisarem de lutar por nada porque tudo lhes foi sendo oferecido.
Habituados, mal habituados, a pensarem que lhes bastaria um canudo de um qualquer curso dito superior para terem garantida a eterna e fácil prosperidade.
Sentem-se desiludidos.
E a culpa desta desilusão é dos "papás" que os convenceram que a vida é um mar de rosas.
Mas não é...
É altura de aprenderem a ser humildes.
É altura de fazerem opções.
Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não encontram emprego "digno".
Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não conseguem ganhar o dinheiro que possa sustentar, de imediato, a vida que os acostumaram a pensar ser facilmente conseguida.
Experimentem dar tempo ao tempo, e entretanto, deitem a mão a qualquer coisa.
Mexam-se.
Trabalhem.
Ganhem dinheiro.·
Na loja do Shopping.
Porque não ?
Ah, porque é Doutor...
Doutor em loja de Shopping não dá status social.
Pois não.
Mas dá algum dinheiro.
E logo chegará o tempo em que irão encontrar o tal e ambicionado emprego "digno".
O tal que dá status.
O meu pai e tios fizeram bolas de carvão e venderam copos de vinho.
Eu, que sou Informático, System Engineer, em alturas de aperto, vendi bolos, calças de ganga, trabalhei em cafés, etc.
E garanto-vos que sou hoje muito melhor e mais reconhecido socialmente do que se sempre tivesse tido a papinha toda feita. 
Geração à rasca ?
Vão trabalhar que isso passa... 
À rasca, mesmo à rasca, também já tenho estado.
Mas vou à casa de banho e passa-me.
                                            (Autor Desconhecido)

14/09/2010

Jovem flautista com futuro prometedor

É com muito prazer que aqui se realça o êxito de mais uma jovem que se evidenciou no estrangeiro.

Adriana Ferreira, jovem de 19 anos, natural de Cabeceiras de Basto, venceu concurso para executantes de flauta, o Carl Nielsen Flute Competition, um conceituado concurso organizado na Dinamarca de quatro em quatro anos, mostrando que tem fôlego para sonhar.

"Aos seis pedi aos meus pais que me encontrassem professores de música porque queria mesmo aprender", recorda.

Começou pelo órgão e, aos 12 anos, com o sonho da música a fervilhar nos pensamentos, decidiu sair de Cabeceiras de Basto, e rumar a Santo Tirso, onde se inscreveu na Escola Profissional de Música e lá esteve até acabar o 12.º ano.

"Fui atrás do sonho. Já não sou de nenhuma terra, sou do Mundo, mas venho a Cabeceiras pelo menos uma vez por mês", afirma. O facto de ter nascido numa pequena terra obrigou-a a um esforço maior para atingir o patamar em que já está. "Sendo de uma terra pequena obriga a outros sacrifícios".

Vive em França desde 2008, onde frequenta o Conservatório Nacional de Música e o curso superior de Musicologia na Universidade de Sorbonne, Paris. "Tem sido excelente. O nível dos alunos e dos professores é muito bom e estou sempre a crescer com essa exigência".

A notoriedade de ter ganho todos os prémios a concurso não ofuscou Adriana, que dá um excelente exemplo de humildade, reconhecendo o caminho que ainda há que trilhar e o trabalho a desenvolver para sustentar uma carreira. "Tenho de continuar a trabalhar, estudar e aproveitar todos os concertos e contactos para desenvolver as minhas capacidades".

Parabéns Adriana. Desejamos-te um sucesso total, em cada momento, como agora ocorreu na Dinamarca .

Imagem da Net

25/10/2009

A vida exige equilíbrio

Quando em 1965-66 fui aluno do professor de economia Manuel Jacinto Nunes, ouvi-o dizer que «Trabalho é o esforço penoso para produzir bens». Durante as mais de quatro décadas desde então decorridas, muitos pretextos ocorreram para reflectir sobre a importância do trabalho e sobre o necessário equilíbrio entre a actividade laboral e a vida real, emotiva, familiar e de lazer.

Hoje, com a ganância do enriquecimento rápido, os empresários sentem apetência para obter mais trabalho produzido com menores custos e, por seu lado, os trabalhadores procuram obter melhores remunerações com menor produção ou com menor esforço. Muitas vezes esta luta é levada a extremos um tanto desumanos, em que a felicidade, a cultura, o ócio e a vida de relação com a família e os amigos, ficam num plano altamente lesivo da qualidade de vida de cada um.

Fui arrastado para estas reflexões pelos seguintes três títulos do Jornal de Notícias de hoje «Quando o trabalho mata», «Todos os dias há uma morte por stresse laboral» e "Somos vítimas de um assédio permanente", e deixo aqui os links para quem desejar inteirar-se de situações que chegam a ser dramáticas. A vida, neste mundo actual exageradamente materialista e desumano apresenta momentos muito preocupantes que merecem ser seriamente meditados.

Não devem também ser deixadas passar sem reflexão as notícias sobre o desemprego provocado pela crise, os suicídios causados pelo desespero de vidas insuportáveis, etc.

08/05/2009

O TRABALHO DIGNIFICA O HOMEM

FELIZ DIA DO TRABALHO A TODOS!

No Ramayana, uma das grandes epopéias indianas, conta-se a história do príncipe Rama, um jovem cheio de virtudes. A esposa de Rama, Sita, fora sequestrada pelo perverso Ravana.

Ajudado por ursos e macacos, o valente Rama tentava construir uma ponte até à ilha de Lanka, onde viviam Ravana e a prisioneira Sita. Os ursos carregavam pesadas árvores e os macacos traziam pedras.

Mas, não havia trabalho para um grupo de esquilos. Pequeninos, sem muita habilidade, eles apenas conseguiam pôr alguns grãos de areia na ponte que se formava. Os esquilos faziam assim: molhavam-se na água e depois rolavam na areia. Os grãos de areia grudavam no pêlo e eles corriam até à ponte. Ali, sacudiam a areia sobre a construção.

Narra a história que os outros bichos riam dos esquilos e desprezavam suas tentativas de colaborar. E os esquilos se sentiam humilhados porque seus esforços não eram valorizados. Alguém resolveu contar a Rama o gesto dos esquilos. Esperava que Rama também risse dos bichinhos ingênuos.

Venha vê-los,Rama, venha se divertir também com esses esquilos tolos! Mas Rama observou os animaizinhos, que rolavam na areia, enquanto todos à sua volta haviam parado o trabalho para rir. Gentilmente, ergueu um deles do solo. Acariciou-lhe a pelagem e disse,com amor: Um dia, todos ouvirão falar sobre a ponte para Lanka. Louvarão o esforço dos ursos e dos macacos, mas eu sou grato a todos os que trabalham. E você, pequenino, tem minha eterna gratidão.

E, diante de todos que olhavam a cena, o príncipe Rama deu um presente ao esquilo. Acariciou-lhe as costas e seus dedos ali deixaram três listras brancas. Esta, pequenino, é a marca de minha gratidão, disse Rama.

Todo o Ramayana é composto de histórias como esta, que trazem um profundo ensino moral. Esta nos faz refletir sobre gratidão, generosidade e, principalmente, a importância do trabalho. Por mais humilde e obscuro que seja, cada um de nós tem um papel muito importante no Mundo. Aparentemente, outros são mais importantes, contribuem mais, têm tarefas maiores. Aparentemente.

Mas lembremos, por um momento, a falta que fazem porteiros, vigias, garis, faxineiras, empregados domésticos. Todos são muito importantes. São homens e mulheres que se esforçam para ganhar o pão de cada dia, tantas vezes regado com lágrimas que ninguém vê. Para Deus, todo esforço é válido, todo trabalho é digno, todo trabalhador merece recompensa. A medida do Mundo não é a medida Divina.

É que Deus, que conhece a nossa alma, sabe avaliar com exatidão o nosso esforço, capacidade e talentos. Ele sabe que o que é simples e fácil para um, pode exigir muito de outro. E Deus, que também vê no silêncio e na solidão, acolhe e ama cada trabalhador pequenino neste Mundo tão vasto.

Que cada um de nós possa ver os trabalhadores do Mundo sob a lente do imenso amor Divino.

13/04/2009

Crise exige medidas realistas

Foi há dias aqui publicado um post - A crise e a gestão familiar – que referia a existência de dívidas familiares de 120% dos salários em média, o que significa que, em média, são precisos 36 dias de trabalho para pagar a dívida, sem contar com as despesas desses dias. Como se fala em valores médios, é certo que deve haver casos de insolvência absoluta, isto é, situações demasiado graves.

Como a crise exige medidas realistas, as grandes empresas, principalmente as de serviços, estão a encarar com eficiência, do seu ponto de vista, a sua saída da crise e não param de intensificar a apetência para o consumo. É raro o dia em que o telefone não toca com alguém a querer impingir uma «boa oportunidade» de uma promoção vantajosa, etc. Perante isso, cada cidadão não pode deixar de pensar na sensata gestão dos seus reais interesses, governando a sua vida da forma mais adequada, resistindo às múltiplas tentações que lhe são atiradas aos olhos. A crise deve ser aproveitada para acertar agulhas e passar a conduzir a economia doméstica pela melhor rota.

Mas continuam os sinais negativos com prevalência de manter as aparências, o faz-de-conta da ostentação, desviando recursos daquilo que é essencial e encaminhando-os para o secundário e supérfluo. O artigo Crianças mal alimentadas mas com ténis de marca conta-nos que o hospital Amadora-Sintra começou a identificar há ano e meio as condições em que aparecem muitas crianças com fome, graves carências alimentares e falta de higiene originadas pela crise, mas que não deixam de usar vestuário e calçado de marca.

Entretanto o Bispo do Porto diz que o trabalho é condição indispensável para a realização pessoal. Segundo ele, "aceder ao trabalho, além de necessário para ganhar o sustento, é condição indispensável para a realização de cada ser humano".

É certo que a oferta de emprego é escassa, o desemprego é uma das piores ameaças da crise, mas existem alguns pedidos de trabalhadores e não surgem interessados em aceitar, por preferirem viver do subsídio de desemprego. Conforme diz o Bispo, o trabalho tem o efeito material mas também o benefício psíquico de a pessoa se considerar útil e com importância na sociedade. E o trabalho pode, em muitos casos, ser feito por contra própria, procurando um nicho do mercado, uma necessidade de um serviço que trará compensação. «Trabalhar para aquecer» não é trabalho, é desporto. Trabalho é «um esforço penoso para produzir bens» e que, por isso, é recompensado. Há muitas pequenas coisas que necessitam quem as faça e dão remuneração. Para lá chegar, basta muitas vezes estar atento, olhar á volta, ter vontade de trabalhar e dedicação pela execução da tarefa. Essas qualidades e a criatividade são as ferramentas que levam os imigrantes a encontrar meios de subsistência, muitas vezes de forma folgada. Estão ao alcance de qualquer um.