26/10/2008

Ambulância parada na estrada

INEM não transporta cadáveres
Notícia do CM, 25 Outubro 2008 - 12h37
Ambulância ficou parada uma hora

O INEM não transporta cadáveres nas suas ambulâncias. Se um doente morrer durante uma viagem, a viatura pára e fica a aguardar que seja transportado para um veículo alternativo.

A norma que impede que o cadáver seja transportado na viatura do INEM pode causar alguns constrangimentos na actuação do INEM, como aconteceu na semana passada no distrito de Bragança.

O caso aconteceu na passada quinta-feira, quando um homem, vítima de um Acidente Vascular Cerebral morreu quando era transportado para um hospital de Bragança. Confirmado o óbito por um médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), o corpo esperou mais de uma hora na estrada nacional 102 até estarem concluídos os procedimentos para ser transportada para a morgue distrital.

De acordo com fonte do INEM, o objectivo é libertar os meios de emergência para a sua missão de socorro, mas, como aconteceu neste caso, a ambulância ficou mais de uma hora parada no mesmo local, até que outra viatura transportasse o corpo do doente.

NOTA: Parece existir uma alienação generalizada das gentes deste país, que desempenham, ou parecem desempenhar funções de responsabilidade. Não conseguem ter uma noção clara da finalidade dos serviços que devem prestar e, por isso, caem em exageros que são autênticos actos de loucura. Compreendo perfeitamente que uma ambulância do INEM não se destina a transportar cadáveres e, por isso, se é chamada a um local para socorrer um acidentado que entretanto faleceu, não o deve transportar, mas sim aconselhar os procedimentos inerentes ao falecimento, inclusive aconselhar o contacto com uma agência funerária. E regressa ao seu local de estacionamento.

Mas se o falecimento ocorre a meio de uma viagem em direcção ao hospital, não tem qualquer utilidade ou benefício para a sua missão, ficar parada na estrada até que chegue uma viatura de transporte de cadáveres e se processem todos os trâmites para que o cadáver possa ser transportado. Durante essa espera podem acabar por falecer doentes noutros locais por a ambulância não estar disponível. Entre ficar ali parada ou levar o cadáver ao hospital ou a casa da família, não vejo o que terá mais inconvenientes, mas parece que teria sido melhor a segunda hipótese.

Ouvi dizer, ainda era jovem, que quando há dúvidas na interpretação da lei, será conveniente pensar qual teria sido o espírito do legislador. Aqui também convinha ver bem qual é a finalidade da ambulância do INEM e, perante as alternativas possíveis, escolher a que menos prejudicar essa finalidade.

Isso seria possível com pessoas medianamente inteligentes e preparadas para pensar e decidir com lógica e pragmatismo, com sentido de responsabilidade e sem se sentirem amarradas por receios doentios do chefe. Sem essa capacidade de tomar boas decisões assiste-se a um desnorte completo.
INEM não transporta cadáveres
Notícia do CM, 25 Outubro 2008 - 12h37
Ambulância ficou parada uma hora

O INEM não transporta cadáveres nas suas ambulâncias. Se um doente morrer durante uma viagem, a viatura pára e fica a aguardar que seja transportado para um veículo alternativo.

A norma que impede que o cadáver seja transportado na viatura do INEM pode causar alguns constrangimentos na actuação do INEM, como aconteceu na semana passada no distrito de Bragança.

O caso aconteceu na passada quinta-feira, quando um homem, vítima de um Acidente Vascular Cerebral morreu quando era transportado para um hospital de Bragança. Confirmado o óbito por um médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), o corpo esperou mais de uma hora na estrada nacional 102 até estarem concluídos os procedimentos para ser transportada para a morgue distrital.

De acordo com fonte do INEM, o objectivo é libertar os meios de emergência para a sua missão de socorro, mas, como aconteceu neste caso, a ambulância ficou mais de uma hora parada no mesmo local, até que outra viatura transportasse o corpo do doente.

NOTA: Parece existir uma alienação generalizada das gentes deste país, que desempenham, ou parecem desempenhar funções de responsabilidade. Não conseguem ter uma noção clara da finalidade dos serviços que devem prestar e, por isso, caem em exageros que são autênticos actos de loucura. Compreendo perfeitamente que uma ambulância do INEM não se destina a transportar cadáveres e, por isso, se é chamada a um local para socorrer um acidentado que entretanto faleceu, não o deve transportar, mas sim aconselhar os procedimentos inerentes ao falecimento, inclusive aconselhar o contacto com uma agência funerária. E regressa ao seu local de estacionamento.

Mas se o falecimento ocorre a meio de uma viagem em direcção ao hospital, não tem qualquer utilidade ou benefício para a sua missão, ficar parada na estrada até que chegue uma viatura de transporte de cadáveres e se processem todos os trâmites para que o cadáver possa ser transportado. Durante essa espera podem acabar por falecer doentes noutros locais por a ambulância não estar disponível. Entre ficar ali parada ou levar o cadáver ao hospital ou a casa da família, não vejo o que terá mais inconvenientes, mas parece que teria sido melhor a segunda hipótese.

Ouvi dizer, ainda era jovem, que quando há dúvidas na interpretação da lei, será conveniente pensar qual teria sido o espírito do legislador. Aqui também convinha ver bem qual é a finalidade da ambulância do INEM e, perante as alternativas possíveis, escolher a que menos prejudicar essa finalidade.

Isso seria possível com pessoas medianamente inteligentes e preparadas para pensar e decidir com lógica e pragmatismo, com sentido de responsabilidade e sem se sentirem amarradas por receios doentios do chefe. Sem essa capacidade de tomar boas decisões assiste-se a um desnorte completo.

7 comentários:

Daniel disse...

João Soares

Fique a saber dessa disposição de burrice humana. Julguei que no caso, o INEM ia terminar o serviço. De facto, não faria sentido, tranportar mortos de quarquer local, mas por amor de Deus, a ambulância, começou por socorrer um doente!... E foi pouca sorte, o posterior óbito, na vigência do seu meritório trabalho, que seria lógico concluir. Em circunstâncias previsíveis, na pior das hipoteses, pode haver pouca sorte e pelo que conheço pessoalmente, o pessoal do INEM, é inexedivel e acaba por se ver forçado a prolongar o seu sofrimento.
Um abraço,
Daniel

A. João Soares disse...

Caro Daniel,
Nada tenho contra o pessoal do INEM, antes pelo contrário. São uns anjos, como já tenho verificado pessoalmente. O mal está em regras atrofiantes que lhes dificultam a vida e lhes tiram a liberdade de tomarem pequenas decisões e momento, com mais lógica e humanidade.
Abraço
João

Mariazita disse...

Querido amigo João
Um caso destes quase parece anedota.
Porque as ambulâncias não estão destinadas ao transporte de cadáveres, fica uma retida uma data de horas, esperando que chegue o transporte próprio, porque entretanto o ferido morreu pelo caminho!!!
Apetece dizer: não acredito! Mas aconteceu.
Há pessoas que, na ânsia de cumprirem a lei, cometem aberrações destas.
De facto as leis são para serem cumpridas, mas há casos, como este, em que é necessário usar o bom senso, e contornar o que diz a lei.
Só não sei se isso não será exigir demais..."Estaremos" preparados para isso? Ou apenas para obedecer?
Uma noite boa.
Beijinhos
Mariazita

Mariazita disse...

Querido amigo João
Um caso destes quase parece anedota.
Porque as ambulâncias não estão destinadas ao transporte de cadáveres, fica uma retida uma data de horas, esperando que chegue o transporte próprio, porque entretanto o ferido morreu pelo caminho!!!
Apetece dizer: não acredito! Mas aconteceu.
Há pessoas que, na ânsia de cumprirem a lei, cometem aberrações destas.
De facto as leis são para serem cumpridas, mas há casos, como este, em que é necessário usar o bom senso, e contornar o que diz a lei.
Só não sei se isso não será exigir demais..."Estaremos" preparados para isso? Ou apenas para obedecer?
Uma noite boa.
Beijinhos
Mariazita

A. João Soares disse...

Querida Mariazita,
Somos um País sem senso, mas com excesso de controlos, de regras de restrições. Depois aparecem estes exageros, de loucura.
Nem tenho força para dizer o que penso acerca daquilo que este caso representa.
Beijos
João

Táxi Pluvioso disse...

Sim legisladores com espírito, talvez o tenham quando morrem, em vida são uns tipos alienados pelos estudos superiores, que nada percebem das sociedades onde vivem. Veja-se o tresloucado Marcelo Rebelo de Sousa.

Aplica-se o princípio de cada macaco no seu galho. Cadáver é transportado em carro funerário.

A. João Soares disse...

Caro Taxi Pluvioso,
Foca dois temas muito interessantes:
1. O inconveniente de a política estar cheia de teóricos do Direito que são hábeis em jogar com as palavras sem terem a mínima noção das realidades do País e sem compreenderem a necessidade de preparar o futuro. Só complicam, aumentando o número de leis inúteis e ineficazes. Quanto maior for a percentagem de professores universitários vaidosos e ufanos na sua vacuidade, pior.
2. Claro que os mortos devem ser transportados em carros funerários. Ninguém aceita que uma ambulância do INEM vá pegar num morto e o transporte para qualquer lado, mas no caso aqui relatado, a ambulância esteve com um morto lá dentro durante quatro horas na estrada à espera que viessem buscar o morto. Durante esse tempo, podiam ter morrido pessoas por a ambulância estar ali indisponível para lhes prestar socorro. Seria mais lógica que completasse o percurso e entregasse o morto em local apropriado. Foi um obediência cega e pouco inteligente a regras demasiado rígidas.
Pior a emenda que o soneto. Teriam empestado a ambulância durante menos tempo com os miasmas do morto!
Cumprimentos
João