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16/08/2010

SAKINEH, UMA MULHER COMO NÓS

Tinha intenção de trazer este assunto novamente aqui e o mais rapidamente possível.
A urgência na divulgação das últimas notícias vindas a público, associadas  ao facto de estar em jogo não só a vida desta mulher, só mais uma...no meio de mais de uma centena que estão no mesmo corredor da morte por lapidação, torna essencial que todos nos manifestemos contra este crime horrendo que em pleno século XXI  ainda vigora, para vergonha do Mundo!!!

Acontece que hoje visitei a amiga Marli do Blog marliborges e o post exacto, tal como eu teria escrito, se para tanto tivesse a mesma arte e saber, estava lá!!!
Aqui o transcrevo na íntegra.
Atentam nas palavras de Martha Medeiros, sabiamente carregadas de ironia!!!

"Olá!

Juro que eu não queria iniciar a semana falando sobre esse assunto. Aliás não queria ter que falar sobre isso, queria que as pessoas estivessem noutro patamar de evolução e que as atrocidades já estivessem apagadas da memória do mundo, retiradas dos dicionários. Queria, eu queria. Mas com tristeza vejo que não é assim. Então eu preciso falar, não posso evitar, está para além das minhas forças.


Na semana passada estava eu rascunhando um texto sobre Sakineh, quando, quarta-feira, por acaso, pego o Jornal Zero Hora e dou de cara com uma crónica certeira, com a relevância que o assunto requer. Fui lendo e, ... meu Deus, é assim que penso, é isso que eu quero dizer! Exactamente isso, sem tirar nem pôr. E você vai ver, a escritora diz o que tem que ser dito com mestria, pois ela é uma deusa com as palavras. Então é óbvio que desisti de escrever o tal texto. Deixo você em melhor companhia, com a fantástica Martha Medeiros. Gaúcha, tchê, e das buenas. Veja o que ela diz.

SAKINEH, UMA MULHER COMO NÓS

Adoçantes não calóricos. Massagem com compressas de ervas quentes. Máquinas high-tech para eliminar a celulite. Modelador térmico para criar cachos naturais. Esmalte de tratamento para unhas frágeis. Clareador de manchas com ácido bio-hialurônico. Hidratante bloqueador de radicais livres. E sigo folheando uma adorável revista feminina, que nos conduz a um mundo onde tudo é lindo, glamuroso e caro, mas sonhar não custa nada, e viro mais uma página, e outra, enquanto penso: uma moça chamada Sakineh Mohammadiz Ashtiani pode morrer apedrejada a qualquer momento por um suposto adultério cometido anos atrás.

Mulheres se candidatam à presidência, dirigem empresas, pedem o divórcio, viajam sozinhas, investem na sua vaidade, mas nenhuma dessas conquistas pode nos orgulhar enquanto ainda houver o costume de enterrar uma criatura no chão com apenas a cabeça de fora para que leve pedradas de diversos homens - e não podem ser pedras GG, tem que ser as de tamanho M, pois exige-se que o suplício seja longo. Que tom de gloss será conveniente para assistir ao badalado evento?

Sei que há diversas outras modalidades de desrespeito aos direitos humanos, inclusive no Brasil, mas neste momento estou vestindo a camiseta da Sakineh. Quero falar sobre o ato primitivo de se apedrejar uma mulher na cabeça até a morte. Não discuto o motivo torpe da condenação, pois nem que ela tivesse matado alguém, em vez de simplesmente ter feito sexo com alguém, seria justificativa. Não há justificativa para a brutalidade. É a lei do Irão, é a religião do Irão, é a tradição do Irão, e daí? Quando meu estômago embrulha, é sinal de que algo bem perto de mim está acontecendo. Distância só existe quando a gente racionaliza, o sentir unifica. O Irão faz parte do mundo em que eu vivo. O meu tempo e o da Sakineh são o mesmo. Somos contemporâneas. Ela não é um personagem, existe. Tem filhos. E se a mobilização internacional não surtir efeito, em breve será enterrada até a altura do busto, com os braços presos para não poder proteger o rosto.

O que dói, mais do que tudo, é reconhecer que avançamos tanto e ainda não conseguimos atingir um grau de humanidade que seja comum a todos, homens e mulheres de qualquer lugar e de qualquer crença. O que podemos fazer por Sakineh? Rezar para que ela seja enforcada, que é o plano B. Ufa, seria um alívio.

Há uma petição circulando pela Internet. Acredito tanto na eficiência desses abaixo-assinados como acredito em creme anti-rugas, mas volto a dizer: sonhar não custa nada. www.liberdadeparasakineh.com.br

Eu já assinei. Agora vou passar meu incrível tónico de renovação celular “future solution”, pois, como qualquer mulher, adoro cuidar da minha pele.

Martha Medeiros

Fonte: Jornal Zero Hora dia 11 de agosto de 2010.

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U P D A T E :

Gente, reproduzo aqui, parte das palavras de minha amiga Fernanda, do Blog " Na Casa do Rau", em seu comentário aqui no post. Vejam só...

"Eu vi na TV e deixo aqui parte do que poderá ler no link abaixo. "Ela foi agredida violentamente e torturada até aceitar aparecer diante das câmaras", afirmou Hutan Kian, numa entrevista publicada pelo diário The Guardian. Kian assumiu a defesa de Sakineh depois que o primeiro advogado dela fugiu do país. Informado das circunstâncias que cercaram a entrevista ao tentar obter notícias sobre como estava sua cliente, ele disse ainda temer que o governo iraniano execute Sakineh, que já teve a pena transformada em morte por enforcamento no mês passado. Na semana passada, um alto funcionário judicial iraniano, Mossadegh Kahnemui, afirmou que Sakineh "além de duplo adultério, também foi considerada culpada de complot para matar o marido". http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/advogado-afirma-que-sakineh-foi-torturada-antes-de-confessar-crime-na-tv"

18/07/2010

Humanizar a humanidade

Ninguém é perfeito e há um ditado antigo que diz que é mais fácil vermos um cisco no olho do vizinho do que uma trave no nosso. Essa debilidade humana, muito generalizada impede de analisar o bem e o mal dos outros de forma sensata, isenta, sem paixões nem radicalismos. Acho que será virtuoso procurarmos olhar os outros, como diferentes que são, e não estarmos teimosamente a colocarmo-nos como modelos de virtudes e termo de comparação, principalmente quando se trata de pessoas ou sociedades com outra educação, religião tradição, etc.

Cabe aqui citar o preceito cristão «amar os outros como a si próprio, tendo em mente que a palavra «outros» significa os diferentes em todos ou em muitos aspectos. Para julgar e condenar, com crítica ou opinião, será prudente imaginarmos o que faríamos ou pensaríamos se estivéssemos no seu lugar.

As religiões, todas visando a felicidade dos seus crentes, nalguns casos, oprimem de forma bárbara (segundo os conceitos de outras sociedades que seguem outros deuses). O cristianismo teve a inquisição com condenações bárbaras como a de Galileu só porque dizia que a Terra girava em volta do Sol e não o inverso como era crença na época. Houve as repressões dos que seguiram a Reforma luterana. Há, ao contrário da apregoada pobreza, simplicidade e humildade, o fausto das catedrais e do Vaticano, à custa das esmolas dos crentes e da «corrupção» com reis e imperadores. A Europa apesar do poder temporal da Santa Sé, andou quase permanentemente em guerra (dos 100 anos, dos 30 anos, dos 7 anos, primeira e segunda guerras mundiais, etc.).

Os Estados, com o conceito de soberania e não podendo hostilizar directamente as tradições seculares dos respectivos povos, não se subordinam pela força a outros estados que se arrogam possuir valores mais humanos. Haverá que dialogar, usando mais a convicção e o esclarecimento do que as ameaças e as sanções económicas ou outras. Com respeito, compreensão e boa vontade, usando mais o amor do que o medo, poder-se-á progressivamente ir criando novos hábitos mais racionais mais humanos, que favoreçam uma melhor cooperação entre os povos, quer nacionalmente quer internacionalmente, para a paz no mundo.

E nunca devemos esquecer que para melhorarmos o Mundo, devemos começar pela nossa rua, o nosso bairro, a nossa terra. Em 20 de Março houve um notável entusiasmo para LIMPAR PORTUGAL, mas o efeito foi pouco duradouro e há muita gente a queixar-se que se voltou ao mesmo desleixo de anteriormente. E não se vê uma actividade consistente e persistente para pressionar publicamente as autoridades a assumirem as suas responsabilidades sobre a defesa do ambiente, quer urbano quer rural.

Qualquer actividade manifestada para corrigir situações escandalosas em países diferentes é louvável e, por vezes é eficaz, mas não esqueçamos de mudar para melhor os nossos hábitos e dos nossos vizinhos. Limpar a nossa área de influência. É que só sendo eficientes aqui, poderemos ter credibilidade lá fora. Só dessa forma mostraremos que somos uma sociedade mais evoluída humana, cívica, ecologicamente.

16/05/2009

A crise tem potencialidades positivas


“Queremos resolver a ‘crise’ ou queremos também ‘escutar’ a crise? É que do fundo do seu drama pode estar a surgir a voz que desafia todos, pessoas e estruturas, a porem-se a caminho, mudando em favor do homem, renovando-se em nome da família humana.” Isto foi dito por D. José Policarpo, no final do simpósio “reinventar a solidariedade em tempo de crise”, organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa, conforme noticia o Público em Cardeal-patriarca de Lisboa diz que a chamada “crise” pode estar “a gerar uma nova consciência colectiva”.

Referiu o primado dos valores humanos sobre interesses materiais dizendo que “Foi assim com a consciência da dignidade dos trabalhadores na primeira revolução industrial” e “com o movimento de autonomia e independência dos países colonizados pela Europa, a partir da Conferência de Bandung; com o movimento de defesa dos direitos humanos...”

Sublinhou que estas “tomadas de consciência colectiva” são “dinâmicas, progressivas, atingem massas humanas cada vez mais numerosas e são irreversíveis nos seus efeitos de mudança da história”.

Alertou que, “a partir de certo momento, as ‘ideologias’, os mecanismos políticos e os sistemas económicos implantados tentam dominá-los, chegando mesmo a neutralizar-lhes a sua força inovadora e transformadora”. Mas é preciso manter “a chama renovadora no contexto de uma nova busca da harmonia da sociedade é desafio apresentado a todas as estruturas, religiosas, políticas, sociais”.

Admite que “a situação a que toda a gente chama a ‘crise’” pode estar “a gerar uma nova consciência colectiva”.

Disse «que ninguém queira aprisionar a história, em nome de ideologias, de interesses vários, de sistemas implantados. A humanidade grita por novas harmonias, que exigirão caminhos novos de governo da humanidade, caminhos de autêntico progresso humano». É preciso “pôr a pessoa humana, na sua dignidade, como prioridade absoluta da organização da sociedade.”

03/07/2008

Prosperidade factor de felicidade

Segundo artigo do Jornal de Notícias, a Dinamarca volta a encimar a lista de países com os povos mais felizes, o Zimbabwe situa-se no extremo oposto e Portugal, de entre muitos parceiros europeus, tem vindo a descer muito gradualmente desde meados da década de 80, ficando ainda no pelotão dos trigésimos lugares e um pouco acima dos cinco pontos.

Como a felicidade é uma sensação muito subjectiva, esta abordagem enferma desse mal. Trata-se de um inquérito coordenado pela Universidade de Michigan e que se repete desde 1981 baseado nas respostas, numa escala de um a dez, à pergunta se cada respondente é muitíssimo, muito, pouco ou nada feliz. A seguir à Dinamarca, surgem Islândia, Suíça, Holanda e Canadá. Segundo os responsáveis pelo estudo (World Values Survey) os resultados indicam que os cidadãos cada vez mais valorizam a liberdade de escolherem a sua própria vida, e também que a prosperidade económica, a democratização e a tolerância social aumentam os índices.

Do post «Fosso entre ricos e pobres aumenta»
http://domirante.blogspot.com/2008/06/fosso-entre-ricos-e-pobres-aumenta.html inferia-se que não temos muitas razões para a maior parte da população se sentir feliz, segundo o critério apontado neste estudo!

Entretanto, segundo o «Público» (artigos «Pobreza é uma ‘violação dos direitos humanos’" e «É pobre quem vive com menos de 366 euros por mês»), a pobreza vai ser declarada na AR como uma violação dos direitos humanos e quem propicie e permita a sua existência deverá, no futuro, ficar sujeito a sanções legais. (Como, com que provas, com que sanções? Isso não e dito no jornal). Como será conseguido que esta decisão do parlamento venha a "ter consequências práticas»?

Aponta-se como desejável o princípio "tendo capacidade e não fazendo, é-se sancionado", mas como se passará da teoria à prática? Como será materializada tão pia intenção?

Segundo o INE, em 2006, 18 por cento dos residentes em Portugal estavam em risco de pobreza. Actualmente, o limiar nacional de pobreza é estabelecido, segundo as normas fixadas pela Comissão Europeia, e corresponde a 60 por cento da média nacional do rendimento por adulto, o que em Portugal dará cerca de 366 euros por mês.

Fica-se assim esclarecido de que os deputados estão sensibilizados para o problema da pobreza, mas resta saber se conseguirão resultados práticos, melhores do que com as intenções de reduzir as mortes na estrada, a existência de armas de fogo em profusão e em más mãos, a diminuição dos fogos florestais, a insegurança, a corrupção, a toxicodependência, etc.

23/09/2007

Um caso de amor contrariado

No DIA DA MULHER, mais uma história de amor.

Heloisa e A
belardo

Mais uma daquelas histórias que despedaçam corações.
Teremos de calcorrear muitos anos para trás no tempo para chegarmos ao local, na antiguidade, onde tal amor aconteceu.
- Era o jovem Abelardo conhecido, nesses tempos, como príncipe dos filósofos. O adro da Catedral de Notre Dame, na França romântica, era o local por ele escolhido para se dirigir aos que o escutavam e que eram muitos mais do que simples dezenas. Em breve começou a ter fama de sábio. Adorava a sua filosofia. Era no tempo em que os nobres contratavam preceptores para ensinarem os filhos, e a fama de Abelardo chegou aos ouvidos do tio de Heloisa. Má hora, triste sina, pois que este seria o ponto de partida para mais uma história de amor fadada para terminar tragicamente. Era Heloisa ainda uma criança, linda como as crianças! Quando Abelardo nela pousou seu olhar, ficou atónito pela sua juventude e beleza. Um jovem e sábio professor e uma jovem e bela aluna. Antes que corresse o boato do encantamento entre os dois, já Heloisa tinha aprendido as línguas que nesse tempo, por costume,se ensinavam. A par das línguas aprendera Heloisa também o amor.
Casaram em segredo, para desespero do tio ao tomar conhecimento do sucedido. Heloisa, porque amava muito Abelardo, procurou refúgio num convento para que seu amado pudesse continuar seus estudos. A sua relação com o tio tinha sido severamente afectada. A apreensão de Abelardo não esmoreceu mesmo assim e, na verdade, o que aconteceu a seguir provou que a sua apreensão se justificava. O tio de Heloisa manda que dois marginais se introduzam no quarto de Abelardo, pela calada da noite, para lhe infligirem uma terrível e cruel mutilação. Isto leva-o a entrar para o convento onde, mesmo com tão pesado desgosto em seu coração e em sua alma, continuou a estudar. Por seu lado, também Heloisa, ficou para sempre no convento, onde murchou como murcham as flores, e aí morreu. Separados na vida, acabam, porém, juntos na morte. Numa mesma sepultura onde finalmente puderam amar-se no segredo escuro da última morada.