13/04/2013

Uma espécie de diabo





UMA ESPÉCIE DE DIABO

Zélia Chamusca
 

Estamos todos a ver
A coisa que eu nunca vi
Uma espécie de diabo
Que anda à solta por aqui!
 
É uma espécie refinada
De requinte e malvadez,
Inovação criadora,
Olha a obra que ele já fez!

Tira ao pobre e dá ao rico,
Uma obra tão original,
Tira ao velho reformado,
Nunca, assim, vi tanto mal!

Rouba àquele que trabalha
Para encher bem o patrão
E rouba aos que trabalharam
P’ra mais tarde terem pão!

Puseram suas reformas
Nas mãos do Estado ladrão
Que se fartou de gozá-las
E, agora, deixa-os sem pão!


Besta assim não é diabo,

É uma espécie muito nova,
Terrível e perigosa,
De que já nos deu a prova!


E dizem os cientistas
Que é espécie já a abater
Porque é tão perigosa
Que nos faz demais sofrer!
                 «»

Da obra - A MENSAGEM - Podemos mudar o mundo
Chiado Editora

3 comentários:

A. João Soares disse...

Amiga Zélia,

Como já aqui me confessei várias vezes, peco por condescendência e tolerância mais do que devia. Aceito que «errar é humano». Mas custa-me ver a contumácia no erro, principalmente quando dele resulta mal e dor para muita gente. E pior é que, ao constatar o erro, em vez de ir ver quais foram as causas e corrigi-las, o autor persiste no mesmo erro e agrava-o arrastando as vítimas para um poço sem fundo de onde será difícil, senão impossível, sair. Para onde estão a arrastar-nos?

Há quem diga que está a fazer falta um homem igual ao de Santa Comba. Mas os tempos são outros e entretanto criaram-as maus hábitos, deposita-se demasiada esperança em imberbes sem saber teórico nem prático, com ZERO em experiência e cria-se neles o vício do alto vencimento, à volta dos 10 salários mínimos nacionais. Crime terrível.

Deviam aprender com o Papa Francisco que, ao pretender fazer a REFORMA ESTRUTURAL da Cúria Romana, não deu a tarefa a «jotinhas» acabados de sair dos seminários, mas sim a OITO cardeais «grisalhos» com muita experiência e muitos anos de estudos e de reflexão. Ele quer mesmo fazer uma reestruturação perfeita. Isto é o saber da mais antiga instituição do mundo que sempre burilou os seus actos , polindo as arestas e corrigindo os erros eventualmente ocorridos.

E se fosse possível entre nós,haver diálogo com os governantes e se fizéssemos algumas perguntas sobre os critérios seguidos em muitas das decisões tomadas ouviríamos palavras raras sem sentido nem significado adequado ditas com arrogância de «posso quero e mando» «custe a quem custar», garanto que..., asseguro que... e depois os resultados são o mais díspares possível. Não há humildade de dizer: errei, isto não pode ser assim, vamos adoptar outra solução.

E se mudarmos de governantes, vêm outros ainda piores como aconteceu há dois anos!!! De então para cá a fome, o desemprego, as empresas falidas, foram o sinal de derrota para quem tantas maravilhas nos prometeu.

Beijos
João

Zélia Chamusca disse...

Olá, Caro Amigo, João Soares,

Há trinta e nove anos que estão os mesmos no Poder.
Os eleitores nunca quiseram mudar e continuam a não querer o que será comprovado nas próximas eleições.

Eu fico sufocada, sem palavras, por ver tanta insensibilidade e cobardia da parte de quem nos governa.

Veja que o Governo só corta nos pobres e indefesos. Há tanto exagero, por exemplo as reformas douradas que também estão a ser penalizadas mas de que ninguém fala...

Os organismos fantasmas que nos levam milhões e não fazem nada...

Se não houver alguém que pare com isto nós já não nos recomporemos porque não renasceremos das cinzas como diz Ferreira Leite.

Ainda há algumas pessoas honestas, sensatas e humanas, só que está a faltar a coragem a alguém que rompa com tudo...

Isto é impossível suportar...
Penalizem quem levou o país a este estado. Não a nós. Eles estão ricos e não lhes confiscam os bens. Não, confiscam o que é dos pobres... É uma vergonha...

É a classe média e os mais fracos que sofrem.

E isto é cobardia!

Beijinho,

ZCH

A. João Soares disse...

Cara Amiga Zélia Chamusca,

O seu comentário toca nos principais factores do problema:
1.Eles estão no Poder porque o povo os elege, mas o eleitor é, na generalidade ignorante. Vota por afecto ou vício fanático no seu «clube». Qualquer balela que vem dos seus «amigos» é tida como verdade, qualquer promessa é tida como realidade; vota numa lista de que não conhece ninguém a não ser o aspecto físico do líder. O ensino está organizado para manter tal estado de letargia. Como pode ver nos concursos da TV, hoje um licenciado conhece menos as realidades do país, geografia, história, administração, etc. do que um aluno da 4ª classe de há 80 anos. Veja que os próprios governantes nem sequer conhecem e nem cumprem a Constituição e depois insultam uma Instituição do Estado que deve ser respeitada como as outras. Como podemos ter respeito pelos mais altos eleitos?

2.Os políticos alimentam o
objectivo pessoal de enriquecimento rápido e sem limites e, para isso, legislam para complicar as burocracias a fim de ter oportunidade de corrupção e de tráfico de influências, de onde resulta o chamado enriquecimento ilícito.

3. Tudo isso vive à sombra de uma Justiça peada pela legislação e por juízes que como portugueses sofrem dos defeitos tradicionais, dos nossos brandos costumes, com tolerância ou fechar de olhos para políticos criminosos.

4. E, com este panorama, não podemos esperar por uma verdadeira REFORMA ESTRUTURAL DO ESTADO, pois eles, com a sua venalidade, não têm honra e moral para matar a sua galinha dos ovos de ouro. Foi essa a ética que aprenderam com anos de estágio nas JOTAS. Por isso, a solução não virá pacificamente, mas apenas por um sacrifício resultante de acto corajoso e patriótico de um pequeno grupo de amantes de Portugal. Oxalá não seja demasiado doloroso.

Beijos
João