Transcrição de artigo de igual título, do JN, em homenagem dos elementos do CVS (Clube Virtual de Seniores) Sempre Jovens
Da autoria de Manuel Serrão, Empresário
Passaram ontem 33 anos sobre o 11 de Março de 75, que só os portugueses com idade ligeiramente avançada se lembram o que foi. Curiosamente quase parece que foi ontem, mas há muitos séculos 33 anos eram uma vida.
Nestes tempos de Quaresma, é costume recordar que Jesus Cristo foi crucificado com 33 anos, segundo reza a História. Na época, era um homem feito, não apenas por ter tido uma vida cheia, para quem acredita no que sobre ele se escreveu, mas porque já nessa altura era quase um milagre viver muito para além dos 40-45 anos.
Regressando aos tempos modernos, mas recuando 40-45 anos, nesse tempo já era relativamente comum chegar aos 33 anos, mas dos trintões dessa época já se tinha a ideia de homens de barba rija e era com alguma complacência que se olhavam as pessoas com mais de 60 anos. Não é por acaso que o termo sexagenário era quase sinónimo de velho ou reformado e era seguramente o mesmo que dizer terceira idade.
A idade da reforma, dos descontos nos transportes públicos, das gentilezas dos lugares sentados que se ofereciam e das travessias das passadeiras que se ajudavam era a partir dos 60 que se consolidavam.
Falar de um septuagenário era mais ou menos como falar dos fenómenos do Entroncamento ou dos porcos que alguém tinha visto um dia a andar de bicicleta.
Quarenta anos depois, vivemos uma realidade completamente diferente. Eu diria que a nossa sociedade deu um salto (ou teve um sobressalto...) de 20 anos. O que era verdade há 40 anos para um sexagenário só é hoje verdade para um octogenário. Os 80 anos de hoje são os 60 de há 40.
Aparentemente, estou a dar-vos conta de uma boa notícia. Sobretudo para todos aqueles que hoje têm 80 e podem e devem sentir-se 20 anos mais novos. Pensando bem, até podem sentir (o que eu já não sou capaz de imaginar porque não vivi esse tempo) que os seus 80 anos de hoje valem ainda menos do que os 60 anos de quando tinham 20.
Enfim, sem exagerar, seguem-se alguns exemplos de aplicações práticas do que escrevi acima e os leitores julgarão se esta realidade que parece incontornável será assim tão boa para todos, ou não.
Há 40 anos, nenhuma família responsável autorizava que o seu velhinho de mais de 60 anos usasse o automóvel sem restrições. Hoje, conheço muito boa gente de 80 anos que continua a deslocar-se sozinha no seu automóvel, praticamente sem nenhuma condicionante.
Há 40 anos, os avós perdiam-se cedo ou nem sequer os conhecíamos. Agora, a minha filha tem os quatro avós frescos para assar e ainda tem uma bisavó!
Há 30 anos, toda a gente achava normal um governo que tinha um primeiro-ministro com menos de 50 anos e vários secretários de Estado com menos de 30. Nas últimas presidenciais, tivemos dois candidatos com mais de 70 e um com mais de 80 e praticamente ninguém usou a sua avançada idade como tema de campanha.
Há 30 anos, um jovem licenciado estava disponível para o mercado de trabalho aos 22, 23 anos. Hoje, é fácil encontrar pessoas que vão acumulando formações e só entram no mercado de trabalho muito perto dos 30 e muitos ainda vivem em casa dos papás.
Há três décadas, no jardim da Praça da República, no Porto, podiam ver-se velhinhos de 60 e tal anos a ocupar as tardes na batota. Agora, mostrando que a lógica da batota é uma batata, é raro lá ver alguém com menos de 70 ou 80.
Há 30 anos, os primeiros corpos sociais da Associação Nacional de Jovens Empresários rasavam os 30 anos de idade média e eram considerados sub-21 dos seniores das AIP. No passado fim-de-semana a ANJE e a SEDES reuniram 120 pessoas maioritariamente entre os 35 e os 45 anos e os poderes instituídos olharam para o evento como uma manifestação de juventude irrequieta.
Há 23 anos, Ludgero Marques foi eleito presidente da AIPortuense, com 47 anos. Hoje, um dos argumentos para preferir José António Barros (que terminará o mandato quase septuagenário) a Paulo Nunes de Almeida é que, na actual situação da AEP, é necessária alguma maturidade que só a idade traz. Paulo Nunes de Almeida tem 49 anos...
Da autoria de Manuel Serrão, Empresário
Passaram ontem 33 anos sobre o 11 de Março de 75, que só os portugueses com idade ligeiramente avançada se lembram o que foi. Curiosamente quase parece que foi ontem, mas há muitos séculos 33 anos eram uma vida.
Nestes tempos de Quaresma, é costume recordar que Jesus Cristo foi crucificado com 33 anos, segundo reza a História. Na época, era um homem feito, não apenas por ter tido uma vida cheia, para quem acredita no que sobre ele se escreveu, mas porque já nessa altura era quase um milagre viver muito para além dos 40-45 anos.
Regressando aos tempos modernos, mas recuando 40-45 anos, nesse tempo já era relativamente comum chegar aos 33 anos, mas dos trintões dessa época já se tinha a ideia de homens de barba rija e era com alguma complacência que se olhavam as pessoas com mais de 60 anos. Não é por acaso que o termo sexagenário era quase sinónimo de velho ou reformado e era seguramente o mesmo que dizer terceira idade.
A idade da reforma, dos descontos nos transportes públicos, das gentilezas dos lugares sentados que se ofereciam e das travessias das passadeiras que se ajudavam era a partir dos 60 que se consolidavam.
Falar de um septuagenário era mais ou menos como falar dos fenómenos do Entroncamento ou dos porcos que alguém tinha visto um dia a andar de bicicleta.
Quarenta anos depois, vivemos uma realidade completamente diferente. Eu diria que a nossa sociedade deu um salto (ou teve um sobressalto...) de 20 anos. O que era verdade há 40 anos para um sexagenário só é hoje verdade para um octogenário. Os 80 anos de hoje são os 60 de há 40.
Aparentemente, estou a dar-vos conta de uma boa notícia. Sobretudo para todos aqueles que hoje têm 80 e podem e devem sentir-se 20 anos mais novos. Pensando bem, até podem sentir (o que eu já não sou capaz de imaginar porque não vivi esse tempo) que os seus 80 anos de hoje valem ainda menos do que os 60 anos de quando tinham 20.
Enfim, sem exagerar, seguem-se alguns exemplos de aplicações práticas do que escrevi acima e os leitores julgarão se esta realidade que parece incontornável será assim tão boa para todos, ou não.
Há 40 anos, nenhuma família responsável autorizava que o seu velhinho de mais de 60 anos usasse o automóvel sem restrições. Hoje, conheço muito boa gente de 80 anos que continua a deslocar-se sozinha no seu automóvel, praticamente sem nenhuma condicionante.
Há 40 anos, os avós perdiam-se cedo ou nem sequer os conhecíamos. Agora, a minha filha tem os quatro avós frescos para assar e ainda tem uma bisavó!
Há 30 anos, toda a gente achava normal um governo que tinha um primeiro-ministro com menos de 50 anos e vários secretários de Estado com menos de 30. Nas últimas presidenciais, tivemos dois candidatos com mais de 70 e um com mais de 80 e praticamente ninguém usou a sua avançada idade como tema de campanha.
Há 30 anos, um jovem licenciado estava disponível para o mercado de trabalho aos 22, 23 anos. Hoje, é fácil encontrar pessoas que vão acumulando formações e só entram no mercado de trabalho muito perto dos 30 e muitos ainda vivem em casa dos papás.
Há três décadas, no jardim da Praça da República, no Porto, podiam ver-se velhinhos de 60 e tal anos a ocupar as tardes na batota. Agora, mostrando que a lógica da batota é uma batata, é raro lá ver alguém com menos de 70 ou 80.
Há 30 anos, os primeiros corpos sociais da Associação Nacional de Jovens Empresários rasavam os 30 anos de idade média e eram considerados sub-21 dos seniores das AIP. No passado fim-de-semana a ANJE e a SEDES reuniram 120 pessoas maioritariamente entre os 35 e os 45 anos e os poderes instituídos olharam para o evento como uma manifestação de juventude irrequieta.
Há 23 anos, Ludgero Marques foi eleito presidente da AIPortuense, com 47 anos. Hoje, um dos argumentos para preferir José António Barros (que terminará o mandato quase septuagenário) a Paulo Nunes de Almeida é que, na actual situação da AEP, é necessária alguma maturidade que só a idade traz. Paulo Nunes de Almeida tem 49 anos...
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