15/11/2007

EUTANÁSIA INFANTIL




Gosto de coleccionar coisas – bonecas, mochos, miniaturas de perfumes e bebidas, postais ilustrados (tenho uns milhares) – e mais não digo para não me chamarem louca !
E gosto de coleccionar artigos, crónicas, entrevistas, que de um modo ou outro, chamaram especialmente a minha atenção.
Numa revisão a estes escritos deparei-me com uma entrevista que me tocou particularmente. Foi feita há 2 anos por uma conceituada revista, a um médico italiano a quem apelidaram de Dr. Morte.
Transcrevo aqui uns pequenos excertos.

(…) o Vaticano acusa-o de ser como os nazis. É o médico mais controverso do momento. Nos últimos três anos ajudou quatro bebés a morrer. Para ele, a eutanásia infantil não é um pecado, é um acto de misericórdia

- Seria capaz de terminar com a vida de um dos seus filhos?
- Nunca o faria pela minha própria mão. Nesse momento seria um pai e não um médico. Acho que no caso de estar perante essa situação tão difícil – quando não há cura possível, nenhuma esperança – iria querer que o meu filho sofresse o menos possível.
- Qual foi a experiência de eutanásia mais forte que teve?
Houve um caso que mudou a minha visão pessoal. Era um recém-nascido com uma doença de pele muito rara. Bastava tocar-lhe para a pele sair. Quando tivemos a certeza absoluta do prognóstico, falamos com os pais. Passado um tempo os pais vieram pedir-nos para acabarmos com a vida do filho.
- O que sentiu nessa altura?
- Foi chocante. Quem quer acabar com a vida de uma criança? Por outro lado, conhecendo tão bem aquele recém-nascido e sabendo como não conseguiríamos reduzir-lhe o sofrimento, entendemos o problema dos pais. (…)

É um tema assustador. Adoro crianças. Por bebés tenho verdadeira paixão. Não consigo imaginar-me a ter que tomar uma tal decisão. Já me vi na situação de pedir a Deus que terminasse com o sofrimento de um ente muito querido – o meu Pai. Em fase terminal de um cancro, mantive-o em minha casa até ao final. Acompanhei-o dia e noite. O sofrimento era, por vezes, insuportável. Como não desejar que tal martírio terminasse ?

Senti, na carne, o que é pensar – antes a morte! Mas…eutanásia infantil…é um problema muito sério.

Como encarar um médico que tem a coragem de a praticar?

Vamos todos pensar nisso ?

Mariazita, Outubro 2007
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Nota: Por dificuldades de acesso ao Mail do SAPO só hoje consegui abrir a mensagem da autora. De qualquer forma, quero apresentar-lhe o meu pedido de desculpa pelo atraso.
Fernando Vouga

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