23/08/2007

Idosos esquecidos pelo Poder

Milhares de idosos e famílias deparam com falta de resposta para necessidades, por vezes urgentes, devido ao envelhecimento da população e ao insuficiente investimento em lares, estando 18 mil pessoas em lista de espera para conseguir lugar num lar, segundo disse o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNI), o padre Lino Maia. Estes números, de finais de 2006, dizem apenas respeito ao universo dos estabelecimentos geridos pelas instituições particulares de solidariedade social (IPSS), que representam a fatia de leão da rede de serviços a idosos. Em conformidade com dados do Instituto Nacional de Estatística, a população com mais de 65 anos já representava 17,1% da população em 2005, prevendo-se que em 2025, este grupo possa corresponder a mais de 20% da população, mas o investimento em novos equipamentos para atender às necessidades deste segmento da população está longe de acompanhar a sua progressão. As estatísticas da Segurança Social identificavam 949 lares, em 1998, com protocolos com o Estado. Ao longo da última década só abriram mais 251 estabelecimentos, o que perfaz um total de 1200 lares actualmente, que servem apenas 43 mil utentes. As ofertas oriundas do sector privado servem actualmente um universo de apenas oito mil utentes segundo informações fornecidas pela CNI, e a preços fora de alcance para a larga maioria dos idosos portugueses, que auferem pensões médias da ordem dos 300 euros.Por outro lado, a carência de serviços de apoio à terceira idade é ainda mais preocupante, se atendermos à tendência para o adiamento da idade de reforma de que resulta ser o cuidar dos pais uma tarefa cada vez mais dificultada.A complexidade do problema reside também na consequência da redução do número de filhos por família, ou mesmo na ausência de descendência o que, a prazo, significa que haverá menos filhos para cuidar dos pais ou não existirão sequer, e os idosos ficarão completamente desamparados.Mas os abutres estão á espreita. Fazendo as contas ao envelhecimento que se espera da população portuguesa, os capitalistas perceberam que este é um negócio com grande futuro, a justificar investimentos, assim como todos os que se relacionarem com as consequências do envelhecimento da geração baby boom que atinge nos próximos anos a idade da reforma. Os grandes bancos e seguradoras já entraram na corrida. Eles não costumam perder boas oportunidades de negócio. E que outro mercado oferece taxas de crescimento tão seguras como o da terceira idade? O segmento alvo destes grupos económicos não são os idosos com pensões de apenas 300 euros, mas a classe média-alta, seja ela portuguesa ou oriunda dos países do Norte da Europa.Esta é uma daquelas áreas em que a intervenção do Estado é essencial. Se na questão da natalidade, essencial para o equilíbrio da economia nacional, cabe ao Estado promover o nascimento de mais crianças, também na questão do envelhecimento da população, deve o Estado intervir directamente e encontrar soluções.
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Publicado no blogue "Do Mirante"
Autor: João Soares

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Soares, este texto, penso já o ter comentado no seu blogue pessoal, mas a verdade é o que sinto:

Os idosos, os doentes e os deficientes, incomodam uma sociedade doente de valores!

Um abraço e FORÇA

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga, O CVS, pela sua mão, deu um salto em frente, muito significativo. O clube poderá tonar-se um órgão com voz bem audível em defesa dos SEMPRE JOVENS. Temos que demonstrar aos políticos uma coisa que, apesar de óbvia para os cidadãos normais, não lhes entra na cabeça: Se eles tiverem sorte de não morrer antes, chegarão a idosos e depois amargarão aquilo que agora não fazem ou fazem mal em relação aos seus ascendentes.
Um abraço
A. João Soares
Do Miradouro

Mentiroso disse...

Caro A. João Soares,

È um ilusão pensar que os políticos, comidos por maldade e perversidade, possam pagar os seus actos dessa maneira. É esquecer que não vivemos numa democracia. Será algum caso raríssimo que possam pagar desse modo aquilo que agora não fazem ou fazem mal em relação aos seus ascendentes. Afinal, não estão esses parasitas a amassar o produto dos seus autênticos roubos das mais variadas maneiras, começando pela mais simples que é ganharem ordenados que não merecem por não os justificarem, até aos crimes de desfalques poíticos, compras de exageros e recebimento de coisas a que não têm direito em qualquer estado de direito democrático, passando pelos roubos ao tesouro nacional (o nosso dinheiro), para pagarem apoios eleitorais, tal como o caso que agora vem à luz sobre o PSD do vigarista Ladrão Barroso? Não se estão a prevenir assim contra esse desejo-ilusão?

Não será mesmo ser extremamente inocente crer que eles paguem as suas irresponsabilidades num sistema declaradamente mafioso que admite toda a corrupção, até na justiça, que pare leis que protegem os corruptos e promovem a corrupção?

Resta-nos esperar que morram consumidos das piores doenças lentas e incuráveis e no meio dos maiores e mais inimagináveis horrores. Eles e todos aqueles que tiraram proveito dos seus roubos e malvadez e que os aprovaram. O que inclui os suas famílias e os protegidos. Porque não? Não é o que eles a fazer aos outros? Até é desejar pouco, são uns malditos.

Esperemos que este seja mais um blog de luta contra tudo o que está mal, não esquecendo, todavia um princípio básico: de nada serve lamentar casos pontuais e ainda menos tentar corrigir as consequências; o que interessa é corrigir a fonte do mal, cortá-la pela raiz. Não sabemos também já como funcionam as mezinhas?

A. João Soares disse...

Os políticos só decidem sob pressão. Um sinal de que assim é está nos recuos que o ministro da saúde já fez onde houve manifestações da população e dos autarcas, contra o fecho de maternidades e de centros de saúde, urgências e SAPs. O mal é que o povo anda adormecido, demasiado confiado em políticos que não merecem confiança. É preciso estar atento e manifestar a indignação, não se resignando.
Abraço
Mentira