17/08/2013

Está Portugal a arder!


 

Deitam o  fogo à floresta,
Deitam fogo a Portugal,
Das cinzas nada mais resta
Que destruição total!...
 

Não há ninguém que condene
Quem deite fogo ao País?
Nem um Tribunal que ordene
Cumprir pena, nem há Juiz?!
 

Está Portugal ardendo…
Não se incomoda ninguém…
Já há soldados morrendo,
Gente sofrendo também!…
 

Muda-se a nomenclatura
Das quatro estações do ano.
Esta é, apenas, a postura
Neste País tão insano:
 

O inverno já feneceu,
Primavera é para esquecer,
Verão desapareceu,
Deu lugar ao fogo a arder.
 

Ficou a época dos incêndios.
Vejam bem esta ironia:
Resta alterar os compêndios
P´ra estar a cultura em dia!
 

Está tudo já queimado…
Só quando o outono chegar,
Este País trucidado
Irá, em paz, descansar!...
 

Aquele que tem poder
Não o utiliza para o bem.
Já deitou tudo a perder;
Queimou-nos a nós também!
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                                    Zélia Chamusca
Poema de - Zélia Chamusca
Fonte de imagem - Google
                                          

1 comentário:

A. João Soares disse...

Amiga Zélia,

Como já notou, costumo comentar o tema abordado com mais facilidade do que a beleza da poesia. Este seu poema estimula a pensar em diversas coisas, desde a ausência de limpeza das matas à actuação da Justiça. Os juízes queixam-se da legislação imperfeita que define mal o crime, com demasiados pontos polémicos como foi o caso da lei que «impede» os autarcas de exercerem os cargos por mais do que três mandatos, como o caso do juiz que absolveu o condutor que, em serviço, teve um acidente com um carro de recolha do lixo e que ia demasiado alcoolizado, mas que é capaz de punis um condutor sem acidente que é apanhado numa operação stop, com grau de alcoolemia um pouco acima do permitido.

Não se pune severamente um incendiário sem ter a certeza absoluta de que o fez com intenção de atear o incêndio e com consciência do perigo que o fósforo representava (condições psíquicas), etc...
A limpeza das matas não está eficazmente assegurada. Noutros tempos ela não era obrigatória porque ocorria pela utilidade do aproveitamento do mato para estrume e cama do gado, dos ramos um tanto secos para o forno e a cozinha, e para empar as videiras, a ervilha e o feijão, etc. É preciso reagir eficazmente à evolução da vida real face à tecnologia e aos novos hábitos, etc, etc

Muito mais se pode dizer dos vários toques que a Zélia dá nas variantes do tema.

E não podem sewr ignoradas as tentações de lucrar com os negócios de aluguer de meios aéreos (há poucos anos foi noticiado que por esses meios foram lançadas produtos incendiários de noite), os bombeiros Também já foi detectada entre eles a presença de pirómanos), os pastores que pretendem ter pastos de erva tenra pouco tempo depois, pessoas que gostam de ver as chamas, outras que que gostam de ver helicópteros que só aparecem na região nestas ocasiões, etc., etc.
Para travar esta destruição do meio ambiente, terá que haver uma actuação da justiça mais rápida e rigorosa, tendo talvez que se preocupatr menos com as atenuantes.

Beijo
João