Decidi trazer a este espaço uma publicação de uma grande amiga nossa, a São - Fenix -.
Há algum tempo atrás, não é relevante precisar, estive num dos seus blogues. Na altura, ao ler este texto, que deve ser do conhecimento de muitos, uma vez que ele circulou pela Net, comentei o seguinte:
Este texto que publicou levou-me às lágrimas. Também não era difícil!!!
Minha boa amiga, vivemos no mundo do faz de conta, num mundo cada vez mais virtual e desvirtuado.
Não se olha mais para o lado, para quem nos implora, muitas vezes só com um olhar, algo ínfimo, mas que alteraria a sua vida...
Se tomássemos consciência do facto, se nos dignássemos não só olhar para o nosso umbigo.
Como diz, e muito bem, o pior é quando ficamos cegos e deixamos de ver quem nos rodeia.
Basta tão pouco para fazer alguém feliz...
Tão pouco!!!
Como é exactamente assim que penso e porque nunca é demais lembrar, aqui fica o texto.
Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?
Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas.
Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer.
Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.
Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet
(sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses):
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
- Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual.
A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia.
Isto é virtual não é senhor???
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado.
Esperei que o menino acabasse de literalmente 'devorar' o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um 'Brigado senhor, você é muito simpático!'.
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!
(Recebido por e-mail)
Todos vivemos em mundos virtuais.
Cada um cria para si mesmo, a imagem do mundo que mais lhe agrada.
Alguns têm a habilidade e a sorte de concretizar, na realidade, algo semelhante ao que sonharam, no seu mundo virtual.
Outros..., não têm sorte nem alguém que os veja e proteja...
O mais grave é quando ficamos cegos nos nossos mundos e deixamos de ver quem nos rodeia.
Às vezes bastam umas palavras ou um sorriso para melhorar significativamente a vida de alguém.
Texto gentilmente cedido pela amiga São do Blog O Renascer da Fenix
Que consigamos todos ver para além dos nossos mundos e que consigamos todos oferecer, pelo menos, um sorriso sincero.
Imagem da Net
15 comentários:
Bom dia querida amiga,
este texto é mesmo de levar ás lágrimas, aquela criança entendeu a explicação, porque a vida dela era feita de sonhos, fome, lágrimas e muito sofrimento.
Deixo um beijinho amigo,
Ana Martins
Querida Ná, nem sei o que dizer, apenas que concordo inteiramente com você.
Beijos na alma!
Nossa que texto hein... me emocionei
Será que sua amiga deixaria eu postar esse texto no meu blog com os devidos créditos?
Bom dia.
beijooo.
Já conhecia a história, mas a mesma continua a repetir-se nos nossos dias É preciso tão pouco para fazer alguém feliz. Basta abrir os olhos e o coração. Ver o sofrimento de que nada tem e sentir a emoção de receber um olhar que nos prende. Um agradecimento que se desfaz na distância do sonho.
Fernanda,
Numa corrente mais neo-realista, tenho uma versão alternativa.
A primeira parte é, toda ela igual a este texto,até chegar à pergunta do miúdo: "Isto é virtual não é senhor???
Fechei o portátil..."
O desfecho é diferente. É assim:
"Fechado o portátil e ainda mal refeito da emoção. O puto saca-me a tecnologia, com um bom safanão. Correu que nem um desalmado, refeitas as forças, pois que foi bem alimentado. Com os meus 64 anos nem pensei na perseguição. Desabituado de correr só sou lesto a discorrer, o que fiz sorrindo: "Sacana do puto lá arranjou mais uma maneira de dar bifes à família..."
(não levarão a mal, mas a estória assim contada ainda é menos virtual. Falei de crianças de bairros sociais, educadas em guetos e onde "vergonha é roubar e não levar"...)
"Beijos neo-realistas"
Minha querida Ná
Realmente Um texto chocante e para mais infelizmente, com realidade.
Beijinhos
Sonhadora
Obrigada Ná,
Já conhecia o texto mas este é daqueles textos que deveríamos ler amiudadas vezes para refrescarmos as... ideias e o coração.
Beijosssssss "calorosos"
Cara Ná,
Não é chocante nem virtual. É o mundo real. É uma fotografia daquilo que se passa ao nosso lado, em cada instante.
Cada um deve agir para eliminar tal injustiça social, a (DES)IGUALDADE a que se refere a Nossa colega Ana Martins em http://cvssemprejovens.blogspot.com/2010/08/desigualdade.html. O mundo so pode melhorar com os esforço de cada um, um esforço positivo construtivo, dar a cana e ensinar a pescar. Não podemos esperar que os políticos ou outros resolvam o problema.
Somos nós que temos de o resolver. Apontem aqui soluções em vez de lágrimas e de lamentos.
Encontrarão motivos para reflexão no blog Do Miradouro
Cumprimentos a todos os comentadores e beijos à amiga Ná
João
Olá minha querida amiga Ná ,é realmente muito triste como o nosso amigo João Soares diz ,cada um deve agir para eliminar tal injustiça e desigualdade. Por vezes basta uma palavra amiga,um jesto, para fazer a diferença na vida de alguém
Beijinhos com muita amizade.
Olá Ná!
Muito triste esse texto, mas realmente, mostra a realidade em que vivemos.
Abraços,
Michelle
Como já foi dito anteriormente em comentário, esta situação não é tão estranha assim! Pelo contrário,
infelizmente é o pão nosso de cada dia.
As soluções passam por todos nós;
POVO, GOVERNO e as suas Instituições.
Solidariedade só não chega. Ajuda sim, mas não resolve o problema de fundo.
Este é um tema para amplo debate!
Beijo
J.Ferreira
Queridos amigos/as e José!
Do que aqui foi dito, sublinho, que apesar da constatação desta triste realidade, bem como da sua constância, urge dar a mão a quem precisa, a quem está mesmo ao nosso lado...
Um gesto simples de carinho, de atenção, faz toda a diferença.
Sejamos menos egocêntricos. O mundo seria um lugar bem melhor se assim fosse.
Beijinhos
Ná
A T E N Ç Ã O
O REPETIDO DESAPARECIMENTO DE IMAGENS NOS POSTS DESTA COLABORADORA DEVE-SE, PROVAVELMENTE, A UM «LAPSO» DELA.
Pedimos paciência aos amigos visitantes.
Cumprimentos
João
Há tempo tentei ajudar alguém que nem conheço e obtive más respostas.
A pessoa foi desagradável ao limite da insolência.
Fiquei triste pois a minha intenção era simplesmente fazer o bem!...
Agora fiz a opção de ajudar quem conheço e não me preocupar com o mundo virtual.
A sua atitude em ajudar quem conhece está correcta e vai ao encontro do princípio de que a melhoria do mundo começa connosco e com a limpeza da testada da nossa casa. Se cada um procurar melhorar o espaço à volta da casa, as ruas do seu bairro, as pessoas com quem contacta, o mundo em breve ficará muito melhor, mais limpo, mais cortês, mais pacífico.
Cumprimentos
João
Do Miradouro
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