06/05/2013

"Há gente pobre... que só tem é dinheiro"





E a ser verdade, que melhor maneira de começar o dia!
Chama-se Armando Fuentes Aguirre e usa o pseudónimo "Catán".
É um jornalista mexicano brilhante e por isso, vale a pena ler a sua nota que livremente traduzi:


“Proponho-me demandar a revista "Fortune", pois fez-me vítima de uma omissão inexplicável. Acontece que publicou a lista dos homens mais ricos do planeta, e nessa lista não me mencionou. Menciona o sultão do Brunei e também os herdeiros de Sam Walton e Takichiro Mori. Também figuram na listagem personalidades como a Rainha Isabel de Inglaterra, Stavros Niarkos, e os mexicanos Carlos Slim e Emilio Azcárraga.
No entanto, a revista não me menciona a mim. E eu sou um homem rico, imensamente rico. Se não vejam: tenho vida que recebi não sei porquê e saúde que conservo não sei como. Tenho uma família, uma mulher adorável que ao entregar-me a sua vida deu-me o melhor da minha;
filhos maravilhosos de quem não recebi mais do que felicidade; netos com os quais exerço uma nova e gozosa paternidade.

Tenho irmãos que são como amigos, e amigos que são como irmãos. Tenho gente que me ama com sinceridade apesar dos meus defeitos. Tenho quatro leitores a quem agradeço em cada dia porque interpretam bem aquilo que eu escrevo mal.
Tenho uma casa, e nela muitos livros (a minha mulher diria que tenho muitos livros e entre eles uma casa). Tenho um bocadinho do mundo na forma de um pomar que em cada ano me dá
maças que terão feito mais presente a ideia de Adão e Eva no Paraíso. Tenho um cão que não se vai deitar antes de eu chegar, e que me recebe como se eu fosse o dono do mundo.

Tenho olhos que vêem e ouvidos que ouvem, pés que caminham e mãos que acarinham; cérebro que pensa em coisas que os outros já pensaram mas que não se me tinham ocorrido antes. Sou dono da comum herança dos homens: alegrias para disfrutá-las e penas para irmanar-me com os que sofrem. E tenho Fé em Deus que tem por mim infinito amor. Poderá haver maiores riquezas que as minhas?
Então, porque é a que revista “Fortune” não me pôs na lista dos homens mais ricos do planeta? E tu, como te consideras? Rico ou pobre?”
HÁ GENTE POBRE, MAS TÃO POBRE, QUE O ÚNICO QUE TEM É… dinheiro.
Armando Fuentes Aguirre (Catán)

3 comentários:

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Este é um óptimo texto. Tenho outros referentes a esta riqueza de que indico os links

Dinheiro não dá felicidade

Mark Boyle: Há um ano sem dinheiro

Lição de vida dada por um Tuareg

É bom desmistificarmos o fanatismo pelo dinheiro, a pior droga da humanidade. Foi criado para facilitar o comércio que antes era por troca de bens, mas cedo se tornou numa religião doentia, num produto altamente tóxico que hoje já nem é representativo mas totalmente virtual. É fonte de guerras de crimes de corrupção das piores trafulhices.

Obrigado, Luís, por transcreveres este belo texto.

Abraço
João

Luis disse...

Caríssimo João,
Em Angola já se sofre deste "mal" pois os ricos acabam por gastar fortunas para poderem "andar seguros"... E se divertirem! Os pobres por vezes são mais felizes apesar dos seus problemas!
Um abraço amigo e solidário.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

O problema é geral. Não é só em Angola. Por cá podes encontrar muitos exemplos, quer na política quer na vida privada. Há pessoas que vivem obcecados pelo dinheiro, pelo TER, pela ostentação. Na política das últimas quatro décadas encontras inúmeros políticos que vieram de famílias relativamente pobres e que vieram a enriquecer, através da criação de bancos fraudulentos, de tachos em instituições públicas ou do tráfico de influências e da corrupção.
E perante as fraudes e irregularidades, a nossa Justiça não actua eficazmente, porque a legislação não lhe dá apoio, como é o caso do ÓNUS DA PROVA, em que os políticos não mexem para poderem continuar no saque.

Abraço
João