O Instituto de Odivelas, Infante D. Afonso
Caro Professor José Pacheco Pereira,
Um Despacho do Ministério da Defesa Nacional extingue o Instituto de Odivelas Infante D. Afonso, fundado a 14 de janeiro de 1900 pelo Infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos.
O Instituto de Odivelas (IO), de acordo com este Despacho, ³funde-se² no Colégio Militar.
http://dre.pt/pdf2sdip/2013/04/068000000/1145211453
Sei que há grandes dramas sociais e enormes injustiças em Portugal para lá dos media e do frenesim do momento imediato e mediático e que não é politicamente correto defender escolas que, à partida, muitos acham de ³elite², ou nas palavras do Sr. Ministro Aguiar-Branco, de casta.
O Instituto de Odivelas funciona nas instalações que incluem, em parte, o monumento nacional que é, desde 1910, o Mosteiro de S. Dinis e S. Bernardo de Odivelas, fundado em 1295 pelo rei D. Dinis e doado às freiras bernardas da Ordem de Cister.
O Instituto de Odivelas - Infante D. Afonso há mais de 100 anos que cuida e conserva primorosamente tal monumento com mais de 700 anos de história e morada eterna do rei D. Dinis. As alunas estudam nele, brincam nele e respeitam-no. Sem graffitis ou intervenções da Parque Escolar. É uma escola pública onde se pagam mensalidades calculadas em função do IRS, mas não é uma PPP!
Os monumentos nacionais e outros, como saberá muito bem, implicam despesas e mais despesas em prol da identidade histórica nacional. E são tantos aqueles a necessitar de intervenção urgente!
Visitei na Páscoa o Convento de Santa-Clara-a-Nova, em Coimbra, morada eterna da Rainha Santa Isabel. Que trabalhos e dificuldades enfrenta a Confraria da Rainha Santa Isabel! Que diferença entre, por exemplo, o claustro daquele convento e o claustro Principal ou o claustro da Moura do Mosteiro de Odivelas.
É que proteger o IO é uma espécie de ³2 em 1²: o Mosteiro de Odivelas e o Instituto de Odivelas - Infante D. Afonso, muito mais "rentável" do que o ³2 em 1² que levará inexoravelmente à extinção do IO e do Colégio Militar. Este último tem 210 anos e é a segunda instituição de ensino existente há mais tempo em Portugal, (a primeira é a Universidade de Coimbra).
Figuras públicas e políticas, da nossa vida nacional têm defendido o IO: João Soares, Morais Sarmento, Medina Carreira, Fernando Seara... Apelo a que que conheça as questões pertinentes que o PCP coloca ao Sr. Ministro da Defesa Nacional:
http://www.pcp.pt/reforma-do-ensino-militar.pdf
Como se compreende que no século XXI se pretenda fechar uma instituição centenária que tanto deu a Portugal? Na monárquica Inglaterra tal seria impensável! Na França republicana não se questiona a existência da Maison d¹ Éducation de La Légion d¹Honneur!
Um Despacho do Ministério da Defesa Nacional extingue o Instituto de Odivelas Infante D. Afonso, fundado a 14 de janeiro de 1900 pelo Infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos.
O Instituto de Odivelas (IO), de acordo com este Despacho, ³funde-se² no Colégio Militar.
http://dre.pt/pdf2sdip/2013/04/068000000/1145211453
Sei que há grandes dramas sociais e enormes injustiças em Portugal para lá dos media e do frenesim do momento imediato e mediático e que não é politicamente correto defender escolas que, à partida, muitos acham de ³elite², ou nas palavras do Sr. Ministro Aguiar-Branco, de casta.
O Instituto de Odivelas funciona nas instalações que incluem, em parte, o monumento nacional que é, desde 1910, o Mosteiro de S. Dinis e S. Bernardo de Odivelas, fundado em 1295 pelo rei D. Dinis e doado às freiras bernardas da Ordem de Cister.
O Instituto de Odivelas - Infante D. Afonso há mais de 100 anos que cuida e conserva primorosamente tal monumento com mais de 700 anos de história e morada eterna do rei D. Dinis. As alunas estudam nele, brincam nele e respeitam-no. Sem graffitis ou intervenções da Parque Escolar. É uma escola pública onde se pagam mensalidades calculadas em função do IRS, mas não é uma PPP!
Os monumentos nacionais e outros, como saberá muito bem, implicam despesas e mais despesas em prol da identidade histórica nacional. E são tantos aqueles a necessitar de intervenção urgente!
Visitei na Páscoa o Convento de Santa-Clara-a-Nova, em Coimbra, morada eterna da Rainha Santa Isabel. Que trabalhos e dificuldades enfrenta a Confraria da Rainha Santa Isabel! Que diferença entre, por exemplo, o claustro daquele convento e o claustro Principal ou o claustro da Moura do Mosteiro de Odivelas.
É que proteger o IO é uma espécie de ³2 em 1²: o Mosteiro de Odivelas e o Instituto de Odivelas - Infante D. Afonso, muito mais "rentável" do que o ³2 em 1² que levará inexoravelmente à extinção do IO e do Colégio Militar. Este último tem 210 anos e é a segunda instituição de ensino existente há mais tempo em Portugal, (a primeira é a Universidade de Coimbra).
Figuras públicas e políticas, da nossa vida nacional têm defendido o IO: João Soares, Morais Sarmento, Medina Carreira, Fernando Seara... Apelo a que que conheça as questões pertinentes que o PCP coloca ao Sr. Ministro da Defesa Nacional:
http://www.pcp.pt/reforma-do-ensino-militar.pdf
Como se compreende que no século XXI se pretenda fechar uma instituição centenária que tanto deu a Portugal? Na monárquica Inglaterra tal seria impensável! Na França republicana não se questiona a existência da Maison d¹ Éducation de La Légion d¹Honneur!
Agora tenho de fazer uma declaração de interesses: sou
professora de História no IO há 22 anos. Tenho uma filha no IO e outra
candidata ao 5.º ano que o Despacho impede de ser admitida. Evidentemente,
estou em casa e em causa própria! Mas eu e as minhas filhas não somos
"brâmanes". A minha filha convive com colegas de muitas proveniências
e situações sociofamiliares. Não vive num ghetto privilegiado. Nunca assim foi
no IO, desde 1900. A título de curiosidade veja-se a diversidade, desde filhas de
militares órfãs e não órfãs, filhas de civis, internas e externas, brancas e
pretas, cristãs e muçulmanas, filhas de oficiais, de polícias e de sargentos,
filhas de licenciados e filhas de cozinheiras. E ainda, a filha de Otelo
Saraiva de Carvalho ou a mãe de Marcelo Rebelo de Sousa. A minha professora
primária, antiga aluna do IO, era filha de um ferreiro republicano de Odivelas.
Mas mesmo que não tivesse nada a ver com o IO, não poderia ignorar o contributo desta escola para o Portugal positivo e permanente que sobreviveu, enquanto instituição sólida e válida, à I República, ao Estado Novo e ao PREC.
Eu não sou do mundo do jogo político ou de táticas e estratégias, ao sabor de sondagens, do calendário eleitoral, de interesses pouco públicos mais velados ou mais descarados, se a expressão me é permitida. Eu sou do mundo do país real. Conheço bem o meu país e dou-o a conhecer às minhas filhas e às minhas alunas. As meninas de Odivelas são um valor nacional.
Quanto à reforma do IO/CM/IPE, há propostas das associações de antigos alunos e de antigas alunas e das associações de pais e encarregados de educação. O trabalho que o Coronel José Serra, actual Director, tem feito no IO tem sido excecional: a Comissão da Defesa Nacional da Assembleia da República constatou-o e bateu-lhe palmas!
Apelo a que conheça o trabalho hercúleo que associações de antigas alunas e de antigos alunos, de pais e de encarregados de educação vêm desenvolvendo, concluindo que facilmente e a curto prazo se atingirá a sustentabilidade económica das escolas em separado.
Apelo a que conheça a opinião, agora cautelosa, de Marçal Grilo que presidiu a uma comissão de trabalho para a reforma do CM/IO/IPE.
Há anos que as alunas do IO são medalhadas e premiadas pelo seu mérito, trabalho e esforço. Entram nas universidades e na vida ativa e tornam-se cidadãs reconhecidas pelo seu método, organização, espírito de equipa, pelas suas qualidades científicas, técnicas e humanas.
O Projeto Educativo do IO é válido. Convido-o a visitar o site do IO.
http://www.institutodivelas.com/
Um simples capitão afirmou em 1903: ³O Instituto é um estabelecimento de largo futuro e bem merece a proteção de todos os militares e poderes públicos".
Cavaco Silva afirmou; ³O (...) Instituto de Odivelas é uma instituição de elevada credibilidade, que interessa a Portugal acarinhar e incentivar, e da qual têm saído mulheres que têm prestado relevantes serviços ao País nas diversas áreas da cultura, das artes e das ciências, fazendo votos
para que continue a preservar e honrar a sua história, as suas tradições e os seus princípios.² (Discurso do Presidente da República Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva, aquando do 110.º Aniversário do Instituto de Odivelas, a 14 de janeiro de 2010. Página Oficial da Presidência da
República Portuguesa).
O preconceito e a ignorância que norteiam alguns políticos levam-nos a tomar medidas para ³inglês ver², julgando que se vive no IO ²à grande é à francesa², ignorando o passado, apenas dele se servindo para a eterna ³lição² dos discursos de ocasião, de pompa e de circunstância, ou para expressões históricas das quais pouco ou nada conhecem. Não sabem, também, que existe
Mas mesmo que não tivesse nada a ver com o IO, não poderia ignorar o contributo desta escola para o Portugal positivo e permanente que sobreviveu, enquanto instituição sólida e válida, à I República, ao Estado Novo e ao PREC.
Eu não sou do mundo do jogo político ou de táticas e estratégias, ao sabor de sondagens, do calendário eleitoral, de interesses pouco públicos mais velados ou mais descarados, se a expressão me é permitida. Eu sou do mundo do país real. Conheço bem o meu país e dou-o a conhecer às minhas filhas e às minhas alunas. As meninas de Odivelas são um valor nacional.
Quanto à reforma do IO/CM/IPE, há propostas das associações de antigos alunos e de antigas alunas e das associações de pais e encarregados de educação. O trabalho que o Coronel José Serra, actual Director, tem feito no IO tem sido excecional: a Comissão da Defesa Nacional da Assembleia da República constatou-o e bateu-lhe palmas!
Apelo a que conheça o trabalho hercúleo que associações de antigas alunas e de antigos alunos, de pais e de encarregados de educação vêm desenvolvendo, concluindo que facilmente e a curto prazo se atingirá a sustentabilidade económica das escolas em separado.
Apelo a que conheça a opinião, agora cautelosa, de Marçal Grilo que presidiu a uma comissão de trabalho para a reforma do CM/IO/IPE.
Há anos que as alunas do IO são medalhadas e premiadas pelo seu mérito, trabalho e esforço. Entram nas universidades e na vida ativa e tornam-se cidadãs reconhecidas pelo seu método, organização, espírito de equipa, pelas suas qualidades científicas, técnicas e humanas.
O Projeto Educativo do IO é válido. Convido-o a visitar o site do IO.
http://www.institutodivelas.com/
Um simples capitão afirmou em 1903: ³O Instituto é um estabelecimento de largo futuro e bem merece a proteção de todos os militares e poderes públicos".
Cavaco Silva afirmou; ³O (...) Instituto de Odivelas é uma instituição de elevada credibilidade, que interessa a Portugal acarinhar e incentivar, e da qual têm saído mulheres que têm prestado relevantes serviços ao País nas diversas áreas da cultura, das artes e das ciências, fazendo votos
para que continue a preservar e honrar a sua história, as suas tradições e os seus princípios.² (Discurso do Presidente da República Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva, aquando do 110.º Aniversário do Instituto de Odivelas, a 14 de janeiro de 2010. Página Oficial da Presidência da
República Portuguesa).
O preconceito e a ignorância que norteiam alguns políticos levam-nos a tomar medidas para ³inglês ver², julgando que se vive no IO ²à grande é à francesa², ignorando o passado, apenas dele se servindo para a eterna ³lição² dos discursos de ocasião, de pompa e de circunstância, ou para expressões históricas das quais pouco ou nada conhecem. Não sabem, também, que existe
numa cabeceira gótica que sobreviveu ao terramoto de 1755,
a escultura de alabastro de Nossa Senhora da Conceição oferecida, em 1900, pela
rainha D. Maria Pia às alunas; não sabem da riqueza que é o património
histórico, artístico e educativo Mosteiro de Odivelas/Instituto de Odivelas.
Por formação pessoal e profissional, seguirei os meus dias com o lema que adotei e no qual acredito: "A memória cativa as coisas num lugar fabuloso que é onde mora a esperança." (Agustina Bessa-Luís). E não pode ser de outra forma!
Por formação pessoal e profissional, seguirei os meus dias com o lema que adotei e no qual acredito: "A memória cativa as coisas num lugar fabuloso que é onde mora a esperança." (Agustina Bessa-Luís). E não pode ser de outra forma!
DUC IN ALTUM!
Grata pela atenção dispensada,
Cumprimentos,
Margarida Cunha
Cumprimentos,
Margarida Cunha
(Recebido de antiga aluna do Instituto
de Odivelas)
"Água mole em pedra dura..."
NOTA:
Minha Mãe e
minha Tia, ex-alunas do IO, só puderam ter os seus cursos por serem órfãs de
militar falecido em combate, se este Instituto não existisse não lhes teria
sido possível concluir os seus estudos. Como elas há muitos exemplos desta
natureza. O meu Curso de Infantaria (cujo patrono é D.DINIS) fez a sua reunião
há poucos dias no IO e tivemos oportunidade de ver quão verdadeiras são as
palavras desta professora. A minha família por parte de meu Pai foram ex-alunos
do CM e neste momento tenho lá um sobrinho. Tal como se diz do IO o CM é um bom
exemplo do que de melhor se faz no ensino em Portugal. O IPE é outro bom
exemplo! Enquanto noutros Países se defendem estas Escolas nós, por cá,
pretendemos acabá-las. Ou pensam que se amalgamarem as três Instituições não
vão dar cabo delas? O espírito economicista que está a presidir a esta decisão
não passa de um autêntico desastre que será irreparável! Haja Deus! E dê bom
senso a quem tem a responsabilidade de a tomar! Não façam nada de animo leve…
1 comentário:
Caro Luís,
Apesar de todas as promessas ouvidas e lidas, desde há dois anos, sobre a necessidade de «Reforma Estrutural do Estado», não houve nem parece vir a haver coragem nem capacidade para a realizar uma forma coerente, racional e com projecção no futuro.
E como existe uma doentia obsessão de mudar coisas ao caso, olhando apenas aos problemas actuais de dinheiro, sem pensar na Reforma estratégica da máquina do Estado consumidora de dinheiro público mas que deve ser criadora de benefícios colectivos e de crescimento sob vários pontos de vista, o resultado será a destruição de Portugal, amputando-o de valores que mais tarde farão incomensurável falta e impedirão uma verdadeira recuperação e relançamento da vida nacional, para bem de todos os portugueses.
Infelizmente a realidade de um país que tem vindo a ser mal governado e com desorganização que se mantém resistente a todas as promessas de Reformas estratégicas, as reformas não podem ser eficazes e isentas dos piores erros. Onde está a inteligência que seria desejável nos governantes?
E por falar em Reforma Estrutural do Estado e tornar mais judiciosa a utilização do dinheiro público, o combate à crise devia olhar de forma sistemática e rigorosa, por exemplo, com uma legislação eficaz contra o enriquecimento ilícito e contra a corrupção. Onde está a legislação ou o seu esboço inicial para tal combate?
Onde estão os sinais do necessário esforço de reduzir a «burocracia» ao indispensável, ela que é um manancial de corrupção? E ela existe em tudo o que é serviço público.
Toda a gente sabe estas coisas mas elas mantêm-se, porque os legisladores não querem matar a galinha dos ovos de ouro deles e dos seus cúmplices e coniventes, os tais tentáculos do polvo do poder.
Tendo em atenção estas sintéticas referências a que se podem juntar muitas outras, verificamos que a salvação de Portugal só pode assentar num milagre da Nossa Senhora de Fátima ou de S. Jorge, o que é menos provável do que o jackpot do euromilhões. E, sem competência para fazer a Reforma, os erros são inevitáveis e iremos escorregando para o fundo do precipício.
Abraço
João
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